domingo, 30 de junho de 2013

A beleza da chuva no Verão

"O chapéu de chuva azul" é um pequeno vídeo da Pixar que antecede o filme infantil "Os monstros na universidade".

Vale a pena ouvir o autor do argumento explicar porque motivo este pequeno filme de animação (maravilhoso!) é uma espécie de ode à beleza da chuva, das cidades e do amor. É uma experiência estética que vale mesmo a pena.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O que refutar não é

"Os adversários acreditam que nos refutam quando repetem a própria opinião e não consideram a nossa."

Johann Wolfgang von Goethe

Citação encontrada algures na internet, pelo que não garanto a sua exatidão nem autoria. Seja como for, é uma ideia correta, exceto na omissão da palavra “alguns”: trata-se de alguns adversários e não de todos.

JW Goethe by Kraus 1775

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Conhecer outros mundos possíveis talvez não fosse bom

W. H. Auden

 

Esperas, sim,
que os teus livros te desculpem,
te salvem do inferno:
porém,
sem sombra de tristeza,
sem de modo algum
parecer recriminar-te
(escusa de o fazer,
sabendo bem o que importa
a um amante da arte como tu),
Deus poderá condenar-te
no Dia do Juízo
a chorar de vergonha,
recitando de cor
os poemas que terias escrito, tivesse
sido boa a tua vida.

W.H. Auden

 

(Tradução de Ana Luísa Faria, in Hannah Arendt, Homens em Tempos Sombrios, Relógio d’Água, Lisboa, 1991, pág. 239.)

 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Greve de professores: não, não fomos manipulados

Baby and shoes

Agora que a greve às avaliações terminou é uma boa altura para repetir que eu e muitos outros professores fizemos greve por decisão individual e não porque os sindicatos nos tivessem manipulado. Não sei bem como é que as pessoas que descreveram publicamente os professores como uns paus mandados sem autonomia tomam as suas decisões, mas eu tomo-as pensando com a minha própria cabeça.

Os professores fizeram greve para tentar alterar condições de trabalho muito más e não para reivindicar privilégios. Importa também dizer que as más condições de trabalho dos professores são mais prejudiciais para os alunos que qualquer greve de professores.

Ainda não estou completamente informado do que resultou das negociações entre o governo e os sindicatos, mas ainda bem que acabou. É bom voltar ao trabalho. Até porque fazer esta greve (com reuniões sempre a serem canceladas e novamente marcadas) deu muito trabalho…

De resto, durante o período da greve os professores continuaram a fazer outros trabalhos (aulas de apoio, vigilâncias, correção de exames, etc.) e comportaram-se com a responsabilidade e o empenho que alguns comentadores e políticos lhes negam.

Se quiser ler mais sobre os motivos da greve espreite aqui:

Para que serve a greve dos professores?
A greve e as condições de trabalho dos professores

Reportagem: dois dias no Parlamento dos jovens

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A aluna Ana Sofia Cadete (do 12º E) - que foi a repórter de serviço, na sessão nacional do "Parlamento dos jovens" 2013 - conta-nos como foi a sua experiência, o que viu e aprendeu. Vale a pena ler!

Reportagem Sobre o Parlamento, Da Autoria Da Aluna Ana Sofia Cadete by dmetódica

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um bom dia para a Filosofia

A filosofia, afresco de Raffaello Sanzio

A filosofia, afresco de Raffaello Sanzio.

Quando esta manhã li o exame de Filosofia que os meus alunos estavam a fazer suspirei de alívio. É um bom exame e os alunos que se prepararam conseguirão certamente obter bons resultados.

Não tem erros nem ambiguidades, a linguagem é clara, as questões – com uma possível exceção - incidem em tópicos filosóficos relevante e testam competências diversificadas, sem esquecer – como já tem sucedido – a capacidade crítica e argumentativa. A extensão é adequada e o grau de dificuldade é equilibrado, havendo perguntas fáceis e outras mais difíceis (as questões de lógica talvez pudessem ser mais difíceis).

Ainda assim, vale a pena apontar dois aspetos menos conseguidos.

A questão 1 do grupo II, sobre a crítica de Platão aos sofistas, era dispensável pelo mesmo motivo que era dispensável lecionar esse tema (imposto pelas Orientações e não propriamente pelo Programa): a sua relevância filosófica é duvidosa, tal como a sua articulação com os outros tópicos do capítulo da argumentação.

Num exame de Filosofia é acertadíssimo pedir aos alunos – como é feito na questão 2 do grupo IV – para redigir um texto argumentativo. Contudo, a escolha do problema a discutir não foi feliz. A maior parte dos alunos não costuma gostar muito de Filosofia da Ciência e quase todos teriam mais a dizer e a discutir se, em vez do “papel da experiência científica na validação das hipóteses”, tivessem perguntado a sua opinião acerca do livre-arbítrio ou da existência de Deus.

Contudo, esses senãos não comprometem a qualidade do exame. Li os critérios de correção um pouco à pressa mas julgo poder dizer que são também adequados e claros.

Hoje foi, portanto, um bom dia para o ensino da Filosofia em Portugal. Oxalá os resultados sejam também bons.

Exame de Filosofia 2013 (1ª Fase): enunciado e critérios de correcção

Fonte: GAVE.

EX_Fil714_F1_2013_V1 by Dúvida Metódica

EX_Fil714_F1_2013_CC by Dúvida Metódica

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Estudar para o exame nacional de Filosofia

Uma vez que a aprendizagem não funciona por osmose, aqui ficam algumas ligações  para uma seleção de textos e outros materiais de estudo existentes no Dúvida Metódica.

Já agora: boa sorte para todos os todos alunos que vão fazer o exame nacional de Filosofia, sejam ou não alunos da ESPR! E bom trabalho, para ajudar a “sorte” a acontecer. :)

Informações sobre o exame nacional de Filosofia de 2013.

Links para a matéria do 10º ano.

Links para a matéria do 11º ano.

Exames de Filosofia de 2012.

osmose

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Para que serve a greve dos professores?

Para que servem os professores

A afirmação feita no cartaz - “Os professores servem para ensinar os alunos que não querem aprender” - não deve ser entendida literalmente, pois, como é óbvio, os professores devem ensinar tanto os alunos que querem aprender como os que não querem. Na verdade, a afirmação sugere que ensinar estes é ainda mais difícil que ensinar os outros e que do trabalho dos professores fazem parte tarefas muito difíceis.

Os professores têm de saber muito bem aquilo que ensinam, mas têm também de saber comunicar o que sabem. E precisam de saber motivar os alunos, nomeadamente aqueles para quem o próprio conhecimento não é motivação suficiente. Contudo, isso não basta. Os professores têm ainda de saber manter a disciplina de modo a que nas aulas exista um ambiente favorável à aprendizagem. Atualmente espera-se também que os professores saibam detetar os problemas pessoais e familiares dos alunos e sejam uma espécie de psicólogos e assistentes sociais. Assim, a um professor é exigido: conhecimento, clareza e rigor,  autoridade, calma e ponderação, capacidade de reação, criatividade, iniciativa e dinamismo, imparcialidade, etc.

Mesmo que retirássemos da lista algumas expectativas exageradas e inadequadas, continuaria a ser muita coisa. Por isso, mas não só, os professores precisam de tempo para preparar as aulas, elaborar e corrigir testes e as muitas outras tarefas que têm a seu cargo. Precisam de tempo para ler e pensar. Precisam de tempo para aprender. E precisam de tempo para a vida pessoal e familiar: sim, para serem bons professores precisam de dedicar tempo à vida pessoal e familiar.

Contudo, o que se tem passado nos últimos anos vai no sentido contrário: mais horas de aulas, mais disciplinas ou níveis, mais turmas e mais alunos, mais horas de atividades não letivas, mais relatórios e outras burocracias que consomem cada vez mais tempo. Atualmente, a maior parte dos professores trabalha muito mais do que as 35 horas semanais que têm no horário e mais até que as 40 horas que o governo quer implementar. Enquanto muitos professores estão no desemprego, os outros trabalham demais e com cada vez menos condições para fazer um trabalho de qualidade.

Os professores trabalham mais mas recebem menos dinheiro, devido aos cortes salariais e de subsídios e ao facto de as progressões na carreira estarem congeladas há anos. Este último aspeto é particularmente absurdo, pois os professores continuam a fazer as ações de formação exigidas pela lei e a cumprir os trabalhosos e burocráticos procedimentos da avaliação do desempenho docente, mas depois isso não tem qualquer consequência nem no salário nem na progressão na carreira.

Não admira por isso que nas escolas cresça o desalento. Os professores, senão todos pelo menos a grande maioria, sentem-se pressionados, perseguidos e desrespeitados. Tentam não se sentir encurralados e não baixar os braços, mas isso é cada vez mais difícil.

Ora, as medidas que este governo pretende adotar vão piorar ainda mais essa situação. No próximo ano as direções de turma deixarão de fazer parte da componente letiva e por isso muitos professores darão mais uma hora de aulas do que davam. O ministro da Educação prometeu que o aumento da carga horária para 40 horas semanais não implicaria um aumento das horas letivas, mas existe o receio – infelizmente plausível, dados os antecedentes - de que a promessa não seja cumprida ou seja apenas cumprida formalmente e não na prática (por exemplo através da transferência dos 100 minutos de apoio para as horas não letivas, à semelhança do que vai acontecer com a direção de turma). Se a isso acrescentarmos a mobilidade especial e a possibilidade de ser obrigado a trabalhar muito longe de casa ou ir para o desemprego, ao desalento provocado pela falta de condições de trabalho juntam-se a insegurança e o medo.

Mas como é que professores que se sentem desalentados e com medo podem ser rigorosos e criativos nas aulas? Como é que conseguem ter autoridade diante dos alunos se são publicamente desrespeitados pelo governo? Um escravo pode ser obrigado a trabalhar se o trabalho implicar apenas força física, mas não se implicar inteligência e criatividade. Por isso, mesmo que, por hipótese, o governo tenha razão quanto à necessidade de austeridade, não tem razão relativamente ao modo como está a tratar os professores.

O dinheiro que o governo poupará com as medidas que quer adotar não compensará a despesa implicada pela diminuição da qualidade do ensino e com o insucesso escolar dela decorrente.

É por isso, e não por estarem a ser manipulados pelos sindicatos, que tantos professores fizeram greve às reuniões de avaliação e hoje não foram vigiar o exame de Português. E é também por isso que a greve não é contra mas sim a favor dos alunos.

A greve e as condições de trabalho dos professores

Fiz e greve às avaliações e amanhã farei greve ao exame. Convictamente, por razões que passarei a explicar.

Há mais de vinte anos que sou professora. Faço greve a pensar nas condições de trabalho que tive este ano (mais de cem alunos, cinco turmas, três níveis e uma direção de turma) e que irão ser ainda piores no próximo ano, caso as medidas propostas pelo ministro Nuno Crato se venham a concretizar.

O principal motivo que me leva a fazer greve amanhã não é o congelamento da carreira (que dura há muitos anos), nem a burocracia asfixiante, nem o sistema de avaliação de desempenho injusto, nem a diminuição arbitrária da carga horária de várias disciplinas (decidida sem que tenham sido explicados os critérios que fizeram algumas delas perder horas, mesmo sem os programas terem mudado - como a Filosofia e todas as disciplinas de opção do 12º ano dos cursos científico humanísticos).

O principal motivo que me leva a fazer greve é porque quero ter tempo para preparar aulas, estudar as matérias que leciono, elaborar e corrigir testes. Quero poder fazer aquilo que é essencial no ensino, sem sacrificar permanentemente a minha vida pessoal, sem passar os fins de semanas e feriados a trabalhar horas sem fim (muito mais do que as 40 semanais). Quero ter condições para responder às solicitações dos meus alunos, da escola e dos meus filhos. Quero não me sentir exausta e desalentada, pois por muitas horas que trabalhe, ainda assim não cumpri tudo aquilo que esperavam que eu fizesse. Quero que respeitem a minha profissão e ter condições decentes para a exercer.

Sei que há professores com piores condições que as minhas e outros com melhores. Ao contrário do que se diz e escreve - e o ministério também não esclarece junto da opinião pública - os professores têm condições de trabalho muito diferentes. Mesmo entre os professores do ensino secundário (falo do que conheço diretamente), há situações muitos dispares devido às diferentes cargas horárias das disciplinas e aos cargos exercidos. Por exemplo, há os que com apenas duas turmas têm o horário completo e os que precisam de cinco, seis, sete ou mais turmas para que isso aconteça. Há até professores que para completar o seu horário se deslocam entre diferentes escolas.

Apesar de pertencermos a uma mesma classe profissional nem todos estamos no mesmo barco, os interesses imediatos divergem muito e, portanto, não é fácil que todos se unam em torno de objetivos comuns. É por isso que não tem sido difícil atacar e dividir a “classe” dos professores.

Com o poder centralizado no diretor, um sistema de avaliação dependente de uma estrutura hierárquica, muitas contratações de professores decididas ao nível de escola e um elevado número de candidatos desempregados para os poucos lugares vagos… tudo isso contribui para que muitas escolas se tenham tornado lugares de subserviência e submissão. Esta passou a ser a melhor estratégia para garantir o emprego ou a melhor classificação na avaliação de desempenho.

Esta é verdadeira pressão que existe nas escolas: o medo. O ministério da educação sabe isso e explora a frágil situação laboral de muitos docentes, sem parecer preocupar-se com a qualidade do ensino ministrado aos alunos.

Professores obedientes, acéfalos e assustados. Foi com isso que o ministro Nuno Crato contou ao pensar que resolveria o problema da greve convocando todos os professores para vigiar o exame de Português. E se calhar até conseguirá fazê-lo. O que não faz é alterar as condições de trabalho degradantes e humilhantes de muitos professores.

Reconheço que na minha profissão, como aliás em qualquer outra, há os que fazem o que devem e são competentes e os que são incompetentes (e que o sistema atual de avaliação não permite distinguir), os que têm condições de trabalho muito boas e os que não as têm. Mas, na prática, algumas direções das escolas, alguns professores, alguns avaliadores, alguns pais, alguns alunos, o ministério, ignoram este facto, fazem de conta que não existe. Cada um que se arranje, que não se queixe, que não falhe, pois se o fizer têm muita gente a exigir-lhe explicações e a atribuir-lhe responsabilidades.

É por isso que os mais prejudicados pelas medidas propostas por este governo são aqueles que procuram ensinar bem os seus alunos. A mobilidade, o aumento da carga horária para 40 horas – como se ser professor fosse um trabalho análogo aos dos outros funcionários públicos – e a passagem das direções de turma para a componente não letiva constituem uma degradação ainda maior das atuais condições de trabalho dos professores. Não se entende como é que o exercício de um cargo exigente em termos de perfil e fulcral para o sucesso do ensino e da aprendizagem dos alunos, como é o do diretor de turma, seja tirado da componente letiva, obrigando os professores que antes o exerciam a ter mais turmas para completar o seu horário. Parece óbvio que a ideia é poupar mais uns tostões e colocar os professores com reduções da componente letiva a exercê-lo a custo zero.

Eu não sou sindicalizada e discordo muitas vezes dos sindicatos. A ideia de que estou a ser manipulada pelos sindicatos é ofensiva. Quero também referir que fiquei contente com a nomeação do ministro Nuno Crato por admirar a qualidade do seu trabalho. Mas há limites para a humilhação.

Faço greve porque respeito os meus alunos e preciso de ter condições para ensiná-los condignamente.

domingo, 16 de junho de 2013

Exame nacional de Filosofia 2013: encontra respostas

 questões mal compreendidas

Data de realização: o exame de Filosofia (714) da 1ª Fase é dia 20 de Junho (quinta-feira), às 9.30. 

É já a próxima quinta-feira!

A 2ª Fase realizar-se-à dia 16 de Julho (terça-feira), às 17.00.

Seguem-se alguns links, com textos de apoio, fichas de trabalhos e vídeos, que vos poderão ser úteis ao estudo. Encontram-se organizados por temas, de acordo com as orientações do Gave para o exame.

Os materiais de apoio ao estudo dos conteúdos do 10º ano encontram-se no post anterior: AQUI.  Os temas deste post dizem respeito ao 11º ano.

Bom trabalho a todos!

1. Argumentação e lógica formal. Lógica proposicional – percurso B.

Qual é a utilidade do estudo da Lógica?

A relação entre verdade e validade

Validade dedutiva

Construção de argumentos

Condições necessárias e suficientes: análise de um exemplo

A negação de proposições condicionais

Proposições contraditórias: análise de exemplos

Afirmação da antecedente e negação da consequente

Exemplos de falácias formais

Estudar Filosofia: evita choques elétricos e malentendidos no namoro

2. Argumentação, retórica, filosofia e democracia.

Generalizações e previsões

Contra-exemplo: o que é e para que serve

Argumento por analogia

Dois exemplos de argumentos falaciosos a não seguir

Falácias informais do apelo à ignorância, da derrapagem e do boneco de palha

Exemplos das falácias do espantalho e da derrapagem

Petição de princípio

Exemplos da falácia do apelo à ignorância

O que é um argumento bom (ou cogente)?

Sobre o poder da retórica

O papel da retórica, segundo os sofistas e Platão

É tudo relativo…não é?

Defender a objetividade não significa que se seja dogmático

O que é a democracia?

Filosofia, retórica e democracia: síntese das aulas do 11º ano

Meios de persuasão

Ethos, logos, pathos

Ethos, Logos, Pathos & pizza

3. Exercícios para resolver sobre lógica formal, argumentação, retórica e filosofia.

Proposições: formalização e tradução para a linguagem simbólica

Operadores proposicionais

Formalização e identificação de argumentos (11º ano)

Ficha de Revisão: falácias informais

Ficha de Trabalho (sobre os diferentes tipos de argumentos)

Ficha de revisão: identificação de argumentos não dedutivos

Qual é a falácia?

Teste de avaliação: noções de lógica e lógica proposicional 

Teste de avaliação: lógica formal e informal

Retórica e democracia: Ficha de trabalho

A retórica, os sofistas e Platão: Ficha de trabalho

Filosofia, retórica e democracia: síntese das aulas do 11º ano

4. O problema do conhecimento e análise do ato de conhecer.

O que é o conhecimento?

Aparência e realidade: um vídeo de Nigel Warburton

Três significados de "conhecer”

Ficha de trabalho: identificação dos diferentes tipos de conhecimento

O carácter factivo do conhecimento

Previsão certeira de sismo em Itália: crença verdadeira, mas não justificada

Dois contra-exemplos à chamada definição tradicional de conhecimento

Um “sinal de Deus” será uma boa justificação?

Algumas imagens que nos levam a duvidar dos nossos olhos e o cepticismo radical.

O argumento céptico da regressão infinita da justificação: um exemplo.

O argumento céptico da divergência de opiniões.

Uma objecção ao argumento céptico dos erros e ilusões perceptivas.

5. Exercícios sobre o problema do conhecimento e análise do ato de conhecer.

Teste de avaliação: o problema do conhecimento e o ponto de vista céptico

A vida será um sonho?

6. Teorias explicativas do conhecimento: Descartes e Hume.

A dúvida metódica (este deveria ter sido o primeiro post deste blogue)

Um mar de dúvidas

Razões para duvidar, segundo Descartes

Como é que Descartes pretendeu ultrapassar o ponto de vista dos cépticos

O solipsismo e a necessidade de Deus no sistema cartesiano

Aparência e realidade: um vídeo de Nigel Warburton

Penso, logo existo - uma ideia que toda a gente conhece?

Descartes: argumentos para provar a existência de Deus

A objeção de Kant ao argumento ontológico: a existência não é um predicado

O argumento ontológico: diálogo entre um crente e um ateu

Objeção ao argumento da marca: criar a ideia de perfeição é diferente de criar a própria perfeição

Objeção a Descartes: o cogito é um entimema e não é uma crença básica

Os conceitos cartesianos de intuição e dedução

A matemática é a priori mas não é inata

Uma folha de papel em branco

Impressões e ideias

Cegos que começam a ver: impressões e ideias

O problema da causalidade

A causalidade segundo Hume

A crença na causalidade é instintiva

As superstições e a crítica de Hume à ideia de causalidade

A minha vida é real: conhecimento ou mera crença?

A abdução ou argumento a favor da melhor explicação

7. Exercícios para resolver e questões para discutir sobre Descartes e Hume:

Preparação para o teste intermédio do 11º ano: questões sobre Descartes e Hume

Críticas a Descartes: Ficha de trabalho 

Como se originou, segundo Hume, a ideia de Deus?

Teste de avaliação: Descartes e Hume

8. Senso comum e conhecimento científico.

O senso comum não basta para compreender o mundo

Exemplos de explicações científicas

Algumas diferenças entre o senso comum e a ciência

Há boas razões para acreditar na ciência e não nos milagres

2 Fichas de trabalho: o método e a objectividade na ciência

6. Kuhn e Popper.

As teorias científicas são falsificáveis

O falsificacionismo de Karl Popper

Verificabilidade e falsificabilidade – alguns exemplos

Ou seja, uma investigação não começa com a observação

O refereeing ou arbitragem científica

A palavra ‘provado’ devia ser usada com mais cuidado!

Ascenção e queda das teorias científicas

Razões para considerar a homeopatia uma pseudociência

O que pode a ciência provar?

O que é fazer ciência? - A perspectiva de Einstein

A objetividade e a evolução da ciência, segundo Kuhn

Popper e Kuhn: ideias fundamentais

2 Fichas de trabalho: o método e a objectividade na ciência

Um cientista popperiano

7. Testes intermédios realizados:

Teste intermédio de Filosofia do 11º ano (2012): enunciado e  critérios de correção

Teste intermédio de Filosofia do 11º ano (2013): enunciado e critérios de correção

8. Exames nacionais e critérios de correção.

Enunciado e critérios de correção do exame de Filosofia da 1ª Fase, 2012

Enunciado critérios de correção do exame nacional de Filosofia 2ª Fase, 2012

Exame nacional de Filosofia 2013: algumas ajudas

Data de realização: o exame de Filosofia (714) da 1ª Fase é dia 20 de Junho (quinta-feira), às 9.30. 

É já a próxima quinta-feira!

A 2ª Fase realizar-se-à dia 16 de Julho (terça-feira), às 17.00.

As orientações do GAVE e a indicação dos conteúdos programáticos a avaliar (do 10º e 11º anos) podem ser consultados em  Exame nacional de Filosofia 2013.

Seguem-se alguns links, com textos de apoio, fichas de trabalhos e vídeos, que vos poderão ser úteis ao estudo. Encontram-se organizados por temas, de acordo com as orientações do Gave para o exame.

Bom trabalho a todos!

1. A ação e os valores: discussão acerca da natureza dos valores e dos juízos morais.

Fichas de trabalho sobre a acção e os valores

A cigarra, a formiga e os valores

Subjectivismo moral (1): A verdade dos juízos morais depende da opinião pessoal?

Subjectivismo moral (2): Será a ética subjectiva?

Subjectivismo moral (3): Haverá provas em ética?

A defesa dos direitos humanos e do relativismo cultural serão compatíveis?

Objectivismo Moral

Tem razão quem se apoiar nas melhores razões

Se há valores morais objetivos, pode-se defender os direitos humanos

2. Determinismo e liberdade na ação humana.

Formulação do problema do livre-arbítrio (1)

A resposta do determinismo radical (2)

A resposta do libertismo (3)

O determinismo

Se o determinismo radical for verdadeiro, salvar 155 pessoas não tem qualquer mérito

O livre-arbítrio existe, pois temos consciência dele

Argumentos a favor do libertismo

O livre-arbítrio é uma criação humana e… existe!

Ficha de Trabalho sobre o problema do livre-arbítrio

Terá o determinista radical razão?

Determinismo moderado

Possibilidades Alternativas: uma objecção ao Determinismo Moderado

Baixar a fasquia: uma objecção ao Determinismo Moderado

Numa guerra, pode-se escolher não matar?

2º Teste de Filosofia do 10º ano

3. A dimensão ética da ação humana. Análise comparativa das perspectivas filosóficas - a ética deontológica (Kant) e a ética utilitarista (Stuart Mill).

Cumprir o dever pelo dever: um exemplo

Os imperativos de Kant

Quais são as ações que têm valor moral?

Qual dos personagens, o Calvin ou a Susie, está a agir de acordo com o princípio kantiano da moralidade?

As pessoas não são instrumentos

Devemos mentir para salvar a vida de um amigo? – Não, diz Kant (1)

Devemos mentir para salvar a vida de um amigo? – Não, diz Kant (2)

“Mentiras boas” e outras objeções à ética kantiana

Qual é o critério da moralidade?

O utilitarismo: ideias básicas

Argumentos contra o utilitarismo

As teorias éticas de Kant e Stuart Mill: ideias fundamentais

Rever Kant e Mill através das aulas de Michael Sandel:

- Qual é o mal de mentir?

- Qual é a ação correta?

Exercícios para resolver sobre as teorias éticas:

Um dilema moral da Medicina 

Lincoln: será correto mentir para defender a verdade?

Ética: fichas de trabalho sobre Kant e Stuart Mill

Dilema ético em BD: Fox Trot

Para discutir na primeira aula de Filosofia

Bem-vindos à discussão dos problemas filosóficos :)

Ficha de trabalho: preparação para o teste intermédio de Filosofia do 10º ano

Teste intermédio de Filosofia do 10º ano: enunciado, resolução e critérios de correcção

4. O problema da justiça distributiva: a teoria da justiça de Rawls.

Filosofia política: uma excelente introdução em vídeo

Rawls e o estado social: vídeo de Michael Sandel

É correto tirar aos ricos para dar aos pobres? - vídeo de Michael Sandel

Rawls responde a algumas questões

Cinco ideias centrais sobre Rawls

Rawls: ideias a reter

Ficha de trabalho: turmas C, D e E do 10ºano

Uma sociedade justa, segundo Rawls

Rawls e Nozick: o estado social versus o estado mínimo

A teoria da titularidade de Nozick

Ficha de trabalho sobre Rawls

5. A dimensão religiosa da ação humana.

Se no mundo existissem apenas 100 pessoas…

3 argumentos a favor da existência de Deus

Fé e ciência, segundo Richard Dawkins

Bertrand Russell: Não sou religioso porque…

Conversas sobre o ateísmo (vídeos)

O mal deve-se a Deus ou ao homem?

Se Deus existe porque é que acontecem coisas tão más?

Sem Deus tudo seria permitido?

Onde está Deus?

Qual é, afinal, a palavra de Deus?

O ponto de vista de um agnóstico

Exemplo de uma atitude dogmática: o fundamentalismo religioso

Intolerância religiosa (vídeo)

A religião e os desafios da tolerância: Ficha de trabalho

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um filme e uma banda sonora imperdíveis

O que é o conhecimento?

Entrevista com o filósofo brasileiro Alexandre Meyer Luz, em que este analisa o problema da definição do conhecimento e outros tópicos relacionados.

O discurso de Alexandre Meyer Luz é muito claro e fácil de seguir. É, portanto, uma boa maneira de os alunos que estão a estudar para o exame nacional de Filosofia reverem parte da matéria de Epistemologia, embora – claro - não dispense algumas leituras.

Esta entrevista pode ser encontrada – juntamente com várias outras, igualmente interessantes – No Jardim da Filosofia, um projeto de Aires Almeida

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Um agradecimento aos alunos que colaboraram com o Tintim

Tintim e Milu
Agradecemos a todos os alunos que colaboraram (publicando posts durante este ano letivo) no blogue  Filosofia tintim por tintim.
Um obrigada, pela generosa colaboração e partilha, aos alunos do:
- 10º E: Catarina Sousa, Diana Todica, Mauro Cruz e Rafaela Miranda.
- 10º D: Catalina Borozan.
- 11º B: Alexandre Mendes e Emanuel Noivo.
- 11º D: Fábio Gonçalves, Patrícia Pacheco,  Rafael Fonseca e Teresa Rodrigues.
- 12º D: Elisa Encarnação e Inês Brigas.
- 12º E: Ana Sofia Cadete e Maria Bumbuk.
Boas férias e boas leituras!

terça-feira, 11 de junho de 2013

E, com ele, o mundo tornou-se de facto mais justo

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“Dediquei toda a minha vida à luta do povo africano. Tenho lutado contra o domínio dos brancos, tal como tenho lutado contra o domínio dos negros. Sempre defendi o ideal de uma sociedade democrática e livre, em que todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e dispor das mesmas oportunidades. É por esse ideal que espero viver para um dia o concretizar. Mas se necessário for, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer.”

(Excerto do final do discurso que Nelson Mandela proferiu no banco dos réus no julgamento de Rivonia, a 20 de Abril de 1964)click here

Nelson Mandela: o exemplo vale mais do que mil ...
Arquivo íntimo de Nelson Mandela: uma leitura ...
Invictus: o filme e o poema
Invictus: um filme sobre política e ética

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Portugal: um país envelhecido e pobre tem futuro?

Um país envelhecido e pobre tem futuro? Como?

Este é um retrato estatístico da população portuguesa, elaborado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que as pessoas deveriam conhecer.

É preciso ter em conta estes dados para discutir política, a sério, e pensar como será o futuro das próximas gerações. Será que existem políticos interessados nisso ou no horizonte estão apenas os interesses partidários (e pessoais imediatos)?

O jornal Diário de Notícias publicou alguns artigos sobre este assunto que vale a pena ler. Eis os links:

Por cada jovem a menos há um idoso a mais

Já nem imigrantes atenuam a queda da população
Faltam áreas urbanas médias em Portugal

domingo, 9 de junho de 2013

O que não se deve tolerar

“A tolerância é um crime quando o que se tolera é a maldade.”

Thomas Mann (algures no romance A Montanha Mágica)

Thomas Mann

sexta-feira, 7 de junho de 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Valdés e El Cigala: 20 anos e lágrimas negras

Bebo Valdés é pianista cubano espantoso, como poderão comprovar. E, Diego el Cigala, um cantor de flamenco com alma. Uma experiência "inolvidável".

O que é mais importante: a liberdade ou a igualdade?

liberdade igualdade fraternidade

No DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA perguntámos aos alunos: O que é mais importante: a liberdade ou a igualdade?

Das minhas turmas aceitaram o desafio os seguintes alunos:

Beatriz Cabrita, Carlos Fonseca, Illya Yelistratkin, Lucas Sá e Ricardo Garcia (do 11º A);

Ana Rita, Bruno Cardoso e Cláudia Ferreira (do 11º C);

Cátia Silva, Fábio Gonçalves, Joana Rainha, Mariana Eusébio, Marco Fidalgo, Patrícia Pacheco, Pedro Macide, Rafael Fonseca, Teresa Rodrigues e Wendy Rosa (do 11º D).

Pode ler todas as respostas na caixa de comentários do post Dia Mundial da Filosofia: vem debater ideias online. *

As melhores respostas foram as do Lucas Sá e do Rafael Fonseca. O Lucas considera a igualdade mais importante, enquanto para o Rafael a liberdade é mais importante. Vejamos porque pensam assim.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que não utilizarei a expressão liberdade como sinónimo de livre-arbítrio ou como uma hipotética escolha de quem somos nem utilizarei igualdade no sentido de pessoas iguais física ou psicologicamente; utilizarei pois estes conceitos num sentido mais político.
Posto isto, penso que talvez a igualdade seja mais importante que a liberdade. Na minha opinião, a liberdade total não é viável, pois têm de existir regras de comportamento social, têm de existir leis. Uma sociedade em que cada um faz o que quer e não tem de responder perante ninguém acabaria por se auto-destruir. A nossa liberdade acaba onde começa a do próximo. Esta expressão mostra que a nossa liberdade deve estar limitada, pois para uns serem completamente livres, outros veriam a sua liberdade imensamente reduzida. Não é portanto possível (nem desejável) criar uma sociedade 100% livre, mas tal não significa que a liberdade não deva existir. É necessário arranjar a quantidade suficiente de liberdade, definir os limites justos: não devemos viver numa ditadura, mas leis e os castigos para quem não as cumpre têm de existir. (Que limites são estes, é outra questão.) Além disso, estas leis devem ser escolhidas pela maioria, que tem a liberdade de decidir o seu futuro (dentro dos tais limites). E aqui acabamos por entrar no campo da igualdade, pois em muitas sociedades contemporâneas (para não referir a maioria das passadas) é uma minoria, socialmente e economicamente favorecida, que dita o avançar das nações. Os mais ricos, mais poderosos e mais influentes, fazem as escolhas que mais os favorecem e a maioria, desfavorecida, vê-se obrigada a submeter-se. Ao não existir uma igualdade social entre os cidadãos, reduz-se a sua liberdade: quanto mais desigual for a sociedade, menor é a liberdade dos desfavorecidos, mesmo que à superfície as suas liberdades pareçam intactas. Posto de outra maneira: de que me interessa ser totalmente livre se depois, por ser inferior aos outros, não posso utilizar esta liberdade? Não pretendo com isto dizer que a sociedade deva ser completamente igualitária (uma sociedade sem classes em que todos são completamente iguais socialmente parece-me a melhor, mas também é utópica), mas devemos caminhar nesse sentido, aproximando-nos de uma em que todos tenham igualdade de oportunidades. Os que nasceram física ou socialmente em desvantagem, ou que no decorrer da sua vida sofreram infortúnios, devem ter exatamente as mesmas possibilidades de atingirem o que os mais favorecidos atingiram ou atingem. Numa sociedade menos estratificada que a nossa, as pessoas sentiriam-se iguais e portanto penso que mais cooperativas. E no fundo a cooperação é a base de uma sociedade organizada livre. Ou seja, a igualdade restringe os limites máximos da liberdade, mas também a promove. (Pode parecer paradoxal, mas não penso que seja, pois ainda que se reduzam os limites da liberdade para todos, e assim alguns percam um pouco, a liberdade da maioria acaba por crescer.)
Assim sendo, penso que embora ambos os valores sejam extremamente importantes, a igualdade acaba por ser mais. É melhor viver numa sociedade com um pouco menos liberdade mas em que todos os indivíduos a tenham na mesma quantidade do que numa em que há mais liberdade, mas por não existir igualdade ela se encontre concentrada numa camada social (que será a superior). Se me dessem a escolher se preferia ir para uma sociedade em que podia ter liberdade ilimitada, mas na qual existiria o risco de parar num estrato onde ela fosse muito reduzida, ou para uma sociedade onde teria a minha liberdade limitada, mas exatamente a mesma que todos os outros independentemente de quem fosse, escolheria a segunda. Foi esta a escolha que a pergunta me deu e eu escolho a igualdade.

Lucas Sá, 11ºA

Como vários outros colegas, principiarei por referir que vou tomar os conceitos de liberdade e igualdade, assim como todo este problema, num contexto político, e não assumindo as outras interpretações desses conceitos.
Começo por dizer que nem a liberdade a 100% nem a igualdade a 100% são viáveis. Em relação à primeira, uma completa liberdade implicaria o poder de cometer atos criminosos sem repercussões, o que obviamente iria ter consequências insustentáveis. Em relação à segunda, uma completa igualdade implicaria fortes medidas para fazer cumprir essa mesma igualdade, pois apenas um impedimento muito forte poderia prevenir uma quebra da mesma.
Qualquer pessoa, se não tiver obstáculos, irá sempre desenvolver-se tanto positivamente como negativamente, ou seja, não haverá igualdade social e económica.
Chego, portanto, ao meu ponto principal: não pode existir verdadeira igualdade sem haver fortes obstáculos à liberdade social e económica. Também não poderá existir verdadeira liberdade sem haver grandes discrepâncias entre as camadas sociais, pois haver liberdade num contexto de sociedade implica poder-se desenvolver economicamente, implica poder “crescer” para além dos outros.
Uma grande liberdade social é incompatível com uma grande igualdade social. São conceitos mutualmente exclusivos. Não podem coexistir nas suas formas completas. Logo, se queremos que a liberdade e a igualdade coexistam, teremos que “reduzir” uma delas. Ora, penso que das duas, a igualdade deva ser reduzida, em prol da liberdade.
Igualdade de oportunidades é algo excelente e que deve ser aplicado a qualquer sociedade. Qualquer pessoa, independentemente do seu panorama social, cultural, étnico, religioso, deve ter as mesmas oportunidades, durante a sua infância, durante o seu percurso no emprego. No entanto, obrigar a qualquer igualdade sem ser a de oportunidades iria restringir a liberdade. Todos devem ter igualdade de oportunidades, mas ir para além disso seria impedir o desenvolvimento pessoal em prol do estatuto da maioria. Para além da igualdade de oportunidades, penso que cada um deve ser livre de se desenvolver socialmente e economicamente. Ou seja: durante o percurso inicial da vida de uma pessoa, as oportunidades que lhe são dadas devem ser as mesmas que são dadas a todas as outras. No entanto, para além desta “igualdade de partida”  não deve haver restrições ao desenvolvimento pessoal.
Adaptando a conhecida analogia da corrida de atletas, todos os cidadãos começam no mesmo bloco de partida, mas vai haver quem seja mais rápido que os outros, vai haver quem chegue mais longe que os outros, e isto não deve ser impedido.
Agora, claro está, se cada um for livre de se desenvolver, irá sempre ser criado um fosso social, irá sempre haver uma classe alta, uma classe média, e irá sempre haver o limiar da pobreza.
No entanto, qual é a alternativa? Colocar um limite no desenvolvimento de cada um? Obrigar todos a não passar desse limite, em prol da igualdade de todos? Qualquer medida destas implicaria força, implicaria pesadas restrições. Qualquer sociedade completamente igual seria uma ditadura.
Entre a liberdade e a igualdade, não podendo as duas coexistir na totalidade, a liberdade deve ser o valor a preservar, uma liberdade não completa, claro, em que o crime seja punido, mas onde cada um seja livre de se desenvolver até onde puder, socialmente, economicamente, tomando como partida uma igualdade de oportunidades entre todos.
Sim, haverá sempre uma elite poderosa, haverá sempre uma minúscula percentagem de cidadãos que serão mais ricos do que milhões de outros, haverá sempre uma enorme discrepância entre as camadas sociais, porque mesmo com igualdade de oportunidades, há sempre uns melhores que os outros.
No entanto, quando a alternativa a esta situação é uma ditadura que obriga à igualdade, julgo que a primeira é melhor. Nenhuma delas é óptima, mas a situação onde existe mais liberdade ainda que sacrificando a igualdade é a mais suportável.

Rafael Fonseca, 11ºD

* A Sara publicará um post com as melhores respostas dos alunos das suas turmas.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Música que faz lembrar as férias

… quando ainda há tanto que fazer.

Bruce Springsteen: Dancing In The Dark.

Ensinar Ciência Política na ESPR

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Acaba hoje a minha experiência de ensinar Ciência Política (uma opção do 12º ano dos cursos científico-humanísticos). Disponibilizei quase todos os materiais utilizados nas aulas no blogue Homo Politicus, este acabou por se tornar um manual online para os alunos, já que não existia nenhum para adotar.

Julgo que há boas razões para ensinar e aprender esta disciplina. Eis algumas delas:

  • Os temas são interessantes e abrangentes, relacionam-se com a Filosofia política, a História, o Direito, a Ética, a Sociologia, a Política, entre outras. Pode conhecer o programa AQUI e saber a opinião dos alunos que frequentaram a disciplina, AQUI.
  • Dá-nos a possibilidade de compreender melhor as ideias e as decisões dos políticos,  de nos tornarmos cidadãos mais interventivos e críticos.

    Não basta dizer mal dos políticos ou queixar-nos apenas quando "nos vão ao bolso". A qualidade da democracia portuguesa só pode melhorar se houver mais debate de ideias e mais participação cívica na vida pública. Mas, para que tal aconteça, é preciso saber política e praticar a política, mesmo que não se estude Ciência Política!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Como persuadir as mulheres a não trabalharem

Abdullah Mohammad Al Dawood, um escritor, popular, na Arábia Saudita.

São populares, e politicamente correctas, ideias como o respeito pelas tradições dos diferentes povos. Contudo, não é frequente os defensores do relativismo cultural analisarem e divulgarem, além das práticas inócuas, aquelas que constituem grosseiras violações de direitos humanos fundamentais, neste caso - e para não variar - das mulheres. 

É defensável que uma forma de persuadir uma mulher a não trabalhar, em locais públicos, seja molestá-la sexualmente?

Não. Mas na Arábia Saudita é.

Segundo a revista Visão:

"O escritor do Médio Oriente provocou um intenso debate entre os seus 97 mil seguidores da rede social Twitter ao pedir a todos que molestassem sexualmente as mulheres contratadas para trabalhar como caixas em supermercados.

Abdullah Mohammad al-Dawood criou uma hashtag que incentivava o abuso das funcionárias com o objetivo de pressioná-las a ficar em casa. Esta atitude provocou o descontentamento de vários utilizadores da rede social.

Outras opiniões vieram à tona, considerando Abdullah um defensor dos costumes (...).

O saudita justificou a sua campanha ao dizer que se inspirou na história do guerreiro al-Zubair. Segundo al-Dawood, o guerreiro não queria que a mulher saísse de casa para rezar na mesquita. Numa noite, escondeu-se e atacou a mulher na rua, onde a molestou. Depois disto, a mulher decidiu nunca mais sair de casa.

Abdullah escreve livros de auto-ajuda (...)."

Pode continuar a ler AQUI.

Eutanásia televisiva

eutanasia

Não foi este o problema que analisámos e discutimos nas últimas aulas. Não foi este o problema que na aula de hoje opôs, num "feroz" debate, os defensores e os críticos da eutanásia. Não será este o problema a que tentarão dar resposta num ensaio argumentativo amanhã ou quarta-feira. Contrariamente ao que sucede com a correção ou incorreção moral da eutanásia, nem sequer é um problema filosófico. Mas o cartoon é divertido e mostra que se pode brincar mesmo com os assuntos mais sérios. Oxalá vos inspire para o ensaio!

Dream baby dream

Bruce Springsteen: Dream Baby Dream.