Dou as boas-vindas a todos os alunos, em particular aos das turmas C, D e F do 10º ano que frequentam esta disciplina pela primeira vez. E também aos alunos do 11º A e C.
Bom trabalho para todos!
Este blogue irá ser utilizado, como um complemento do manual adoptado, nas aulas e em casa pelos alunos – espero eu – na realização de trabalhos de casa e de pesquisa.
Para os mais curiosos em saber algo sobre esta nova disciplina do currículo, deixo, neste primeiro dia de aulas, duas sugestões: aqui e aqui.
Nesses textos poderão encontrar, numa linguagem simples e clara, respostas a algumas questões com que, provavelmente, já se deparam e que irão ser explicitadas e aprofundadas nas próximas aulas.
Deixo, aos alunos do 10º ano e 11º ano, um desafio:
«O anarquista e romancista inglês William Godwin (1756–1836) usou o Arcebispo de Fénelon [considerado como um grande benfeitor da humanidade] na seguinte experiência mental:
O leitor pode salvar apenas uma pessoa de um edifício em chamas. Das duas que estão no interior, um é um criado, um bêbado preguiçoso e grosseiro, dado a brigas e desonesto, a outra é o Arcebispo Fénelon. Quem deve salvar?
A resposta é óbvia: deve salvar o grande benfeitor da humanidade, porque, ponderando todos os factores, é isto o que terá provavelmente as melhores consequências.
Mas há um senão nesta história.
E se o bêbado grosseiro, etc., for o seu pai?»
Desidério Murcho, no Crítica: blog de filosofia
Pensem na resposta que dariam e apresentem razões para justificar a vossa opinião.
9 comentários:
Na minha opinião, eu salvava o Bêbado grosseiro, não só por poder ser meu pai, e por lhe ter um amor incondicional, dependendo de ter uma má vida, mas também por se o Arcebispo de Fénelon é considerado um grande feitor da humanidade, não se "deveria importar", de dar a sua vida, por outra pessoa, mesmo, sendo esta uma pessoa, grosseira.
Eu obviamente salvava o meu pai, independentemente de ele ser bebado ou nao. compreendo que o Arcebispo ao ser salvo ajudaria muitas pessoas mas o amor que tenho pelo meu pai é demasiado grande para simplesmente o abandonar ali pois foi ele que me criou e me deu vida.
Tudo isto se explica pelo egoismo que as pessoas têm... mesmo sabendo que a melhor escolha é o arcebispo eu so pensaria em mim e o que seria melhor para mim que neste caso seria ter o meu pai vivo. Todos nos temos "egoismo"uns mais que outros mas sem perfeitamente que a maioria das pessoas que gostam minimamente (ao ponto de nao os quererem matar pelo menos) dos seus pais faria a mesma escolha que eu.
Eu como qualquer outra pessoa neste mundo que goste do seu pai (mesmo nao sabendo disso nos gostamos dele pois foi ele que nos deu vida e nos criou) escolhiam salva-lo... mesmo sabendo que o arcebispo seria a melhor opeção como todos os seres vivos eu sou egoista (claro alguns sao mais que outros) portanto so pensaria em mim e no que seria melhor para mim que neste caso seria salvar o meu pai que mesmo sendo bebado e grosseiro é me muito importante.
Se fosse eu, salvaria obviamente o meu pai, independentemente deste ser considerado inferior ao bispo na perspectiva utilitarista.
Segundo a teoria do utilitarismo deveríamos salvar Fénelon, pois dessa acção resultaria maior felicidade para o maior número de pessoas, mas então, onde ficaria a minha felicidade? Querer a felicidade geral parece de facto mais justo e altruísta, no entanto, existem situações onde é impossível não se ser egoísta.
O meu pai é importante para mim e do ponto de vista emocional tanto eu como qualquer outra pessoa teria o instinto primário de salvar o nosso ente querido em vez de um estranho com quem nunca tivemos contacto. A imparcialidade em relação aos sentimentos parece-me impossível nesta situação.
Eu por outro lado seguiria, a ética de Stuart Mill, porque fui educado com base na Educação Cristã, onde nos instruem que a melhor prova de amor possível é dar a vida por outros, ou seja fazer os outros felizes (seguindo assim a ética de Stuart Mill), mesmo que tenhamos de abdicar de algo único a vida, e concluindo assim mesmo que fosse o meu pai ele acharia o mesmo, não sendo egoísta, mas sendo um ser humano de enorme amor pelos outros.
Se esse "bêbado grosseiro" fosse meu pai, sem dúvida que o salvaria.
Não concordo com a prespectiva utilitarista, pois é quase impossível renunciar a sentimentos em nome da felicidade geral. A imparcialidade não pode, nem consegue, sobrepôr-se ao amor de um filho pelo pai, e vice-versa. O utilitarismo parece exigir demasiado de uma pessoa e minimizar a importância do "amor". Para além do mais, numa situação extrema, não só o próprio instinto da pessoa a incentiva a salvar o pai como é totalmente descabido que esta reflicta acerca do acto que trará melhores consequências e felicidade.
Numa situação em que se deve agir de imediato, quem no seu perfeito juízo se meteria a questionar e a reflectir acerca de um dilema moral?! Aliás, nem seria um dilema! Salvar o pai não era algo que fosse justificável pôr em causa. Ser imparcial num momento desses e agir de acordo a que seja proporcionada felicidade a um maior número de pessoas é algo que na prática se revela um tanto ao quanto impossível.
Já para não falar que se uma pessoa se põe com dilemas morais dentro de um edifício em chamas acaba por morrer ela, o pai e o Arcebispo!
Professora, eu enviei dois comentários porque o que publicou no blog tem alguns erros. Escrevi "amior" em vez de "maior" e esqueci-me de algumas palavras. Voltei a enviar o comentário, agora, sem erros, espero.
Olá Catarina:
Apaguei o seu comentário anterior e publiquei o último que me enviou com os erros corrigidos. Agradeço a sua preocupação e o seu empenho.
Quanta à discussão filosófica das ideias, combinei que deixaria o meu comentário aos comentários dos alunos para o início da próxima semana. De qualquer modo, pode sempre discordar, se for caso disso, das opiniões já expressas pelos outros alunos.
Até amanhã.
Salvava o Arcebispo para o bem da humanidade e para o meu próprio bem também. Um arcebispo poderia fazer mais por mim que um pai bêbedo e grosseiro, que claramente não possui condições para se afirmar como figura paterna.
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