sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O princípio do dano

O princípio do dano de Stuart Mill explicado com muita clareza.

Acerca do mesmo assunto pode ler também:

Polícia apreende livros por considerar a capa pornográfica... Na Coreia do Norte? Não, em Portugal!
Deveria a gordura ser proibida?

Clicar no símbolo parecido a um envelope no canto inferior direito para ativar as legendas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O que está em jogo na ética é a nossa vida

Pablo Picasso, "Mulher ao espelho".

“Liberdade é poder dizer «sim» ou «não»; faço-o ou não faço, digam o que disserem os meus chefes; isto convém-me e eu quero-o, aquilo não me convém e, portanto, não o quero. Liberdade é decidir (…).
E para não te deixares levar não tens outro remédio senão tentar pensar pelo menos duas vezes no que te dispões a fazer… Da primeira vez em que pensas no motivo da tua acção, a resposta à pergunta «porque faço isto?» (…) faço-o porque mo mandam fazer, porque é costume fazê-lo, porque me apetece. Mas se pensares uma segunda vez, a coisa já muda de figura. Faço isto porque mo mandam fazer, mas…porque obedeço eu ao que me mandam? Por medo do castigo? Por esperar uma recompensa?
E se me mandarem fazer coisas que não me parecem convenientes, como quando ordenaram ao comandante nazi que eliminasse os judeus no campo de concentração? Não poderá uma coisa ser «má» - quer dizer não me convir – por muito que me a mandem fazer, ou «boa» e conveniente mesmo que ninguém me mande que a faça?
(…) entre as ordens que nos são dadas, entre os costumes que nos rodeiam ou que nós criamos, entre os caprichos que nos assaltam, teremos aprender a escolher por nós próprios. Não podemos evitar, para sermos homens e não carneiros (peço desculpa aos carneiros), pensar duas vezes no que fazemos.”

Fernando Savater, Ética para um jovem, Ed. Presença, pág. 40-41.

O que é a ética?

Elementos de Filosofia Moral

A reflexão acerca dos problemas abordados na ética ou filosofia moral, além de ter um enorme interesse teórico, tem a vantagem de nos fazer repensar as nossas ações e as dos que nos rodeiam.

Que critério podemos utilizar para distinguir uma ação moralmente certa de uma errada?

O que significa uma pessoa ter ética ou não ter ética (uma expressão vulgarmente utilizada no dia a dia)?

O livro "Elementos de Filosofia moral", do filósofo James Rachels, é uma excelente introdução acerca de alguns dos problemas e teorias  mais relevantes desta área de estudo da Filosofia.

Para quem quer saber do que trata a ética, eis uma resposta  possível (que não é uma citação do livro referido, mas se encontra na revista de Filosofia online, Crítica):

«A ética (também chamada filosofia moral) é uma disciplina central da filosofia. Na sua acepção mais abrangente, é o estudo dos princípios que permitem a vida boa. Era esta a acepção de ética dos filósofos da antiguidade grega, como Epicuro ou Aristóteles. Mais tarde, tornou-se comum uma perspectiva mais restritiva da ética, segundo a qual esta estuda a questão de saber como temos o dever de agir. Era neste sentido que, tal como muitos filósofos contemporâneos, Kant e Mill entendiam a ética.

A ética divide-se em três grandes áreas: a metaética, a ética normativa e a ética aplicada.

Em metaética estuda-se a natureza da própria ética. Trata-se de saber qual é a natureza dos juízos éticos; por exemplo, serão os juízos éticos relativos à cultura? Será a acção intrinsecamente egoísta?

Na ética normativa estuda-se dois problemas centrais relacionados: O que é o bem último? O que é uma ação correcta? No primeiro caso trata-se de saber quais são os bens últimos, distinguindo-os cuidadosamente dos bens instrumentais. A felicidade, por exemplo, ou a vontade boa, são candidatos muito discutidos ao título de bens últimos. No segundo caso trata-se de saber o que faz uma acção correcta ser correcta. Por exemplo, será que no que respeita à correcção de uma acção tudo o que conta é as suas consequências? Ou conta também, e sobretudo, a intenção com que foi executada?

A ética aplicada é o estudo dos problemas práticos da ética; por exemplo, será sempre incorrecto fazer um aborto, seja qual for a circunstância?

As palavras “ética” e “moral” são hoje em dia geralmente usadas como sinónimas (mas não o eram por Hegel, no séc. XIX), dado que originalmente o termo latino moralis foi criado por Cícero a partir do termo mores para traduzir o termo grego ethos; e tantomores como ethos significam “costumes.”»

(Aires Almeida e Desidério Murcho, Pensar com os Filósofos)

Texto retirado daqui.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A LIBERDADE DO ELEITOR

3º Encontro Presente no Futuro 2014  sobre o tema:

"À Procura da Liberdade", organizado pela Fundação Manuel dos Santos.

domingo, 26 de outubro de 2014

Porque não devemos chamar "bárbaros" aos fanáticos islâmicos

 estado islâmico fanatismo religioso

Nos últimos meses, perante as atrocidades cometidas por grupos islâmicos fanáticos como o Estado Islâmico e o Boko Haram, vulgarizou-se nas redes sociais e até na imprensa o uso da palavra “bárbaro”. Julgo que a crítica é correta mas que a palavra escolhida para a exprimir é errada.

Os gregos antigos e os romanos chamavam “bárbaros” aos estrangeiros. A palavra grega que se traduz por “bárbaro” significava “aquele que fala como os animais”. Ou seja: quem não falava grego, quem não era grego, era considerado inferior aos gregos e visto como sub-humano. Julgar que a cultura dos outros povos é inferior à nossa, julgar que aquilo a que estamos acostumados é superior àquilo a que não estamos acostumados, é uma atitude pouco inteligente mas frequente na história da humanidade. Nas ciências sociais é conhecida por etnocentrismo.

Apesar da maioria das pessoas não saber a história da palavra, quando se diz “bárbaro” cria-se geralmente a ideia de que estamos a criticar um costume estrangeiro. Ora, o que há de errado nas acções do Estado Islâmico e do Boko Haram não é o facto de não serem portuguesas, europeias ou ocidentais, mas sim o facto objectivo de serem atrocidades que violam os direitos humanos e prejudicam as pessoas direta e indiretamente atingidas. Se forem realizadas por portugueses não serão menos más.

Sendo assim, o facto de, por exemplo, a tourada ser uma tradição portuguesa não a torna mais benigna nem a impede de ser criticada - nem por portugueses nem por estrangeiros. E caso um estrangeiro a critique este não será um bárbaro, mas alguém que se preocupa com os animais não humanos.

Matriz do 1º teste do 10º ano (turma D)

2014-15 10º Matriz do 1º teste.pdf by dmetódica

Seguem-se links dos posts utilizados nas aulas e outros que podem ser úteis ao estudo (a consulta de outras etiquetas deste blogue fica entregue à vossa autonomia e às necessidades de cada um):

TEMA 1 - O que é a Filosofia? - Uma resposta inicial

1. Bem-vindos à Filosofia!

2. Para começar a estudar Filosofia

3. Porque não se entendem os filósofos?

4. Duas adaptações da alegoria da caverna de Platão

5. A alegoria da caverna: o texto de Platão

6. A alegoria da caverna: ficha de trabalho (realizada na aula)

7. Problemas filosóficos e problemas não filosóficos

8. Estudo da religião: a parte da Sociologia e a parte da Filosofia

9. Descubra a questão mais básica

TEMA 2 - Os instrumentos lógicos do pensamento

1. O que é um argumento?

2. Onde está a conclusão?

3. Entimema: conceito e exemplos

4. Contra-exemplo: o que é e para que serve

5. Argumentos não dedutivos: previsão, generalização, analogia e argumento de autoridade

6. Argumento dedutivo ou não dedutivo? (ficha de trabalho realizada na aula)

Bom trabalho!

sábado, 25 de outubro de 2014

Ou isto ou aquilo

Para os meus alunos do 11º A e 10º D com votos de bom estudo para o teste!

Ou Isto ou Aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!


Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!


Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.


É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!


Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.


Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!


Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.


Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meireles

Matriz do 1º teste do 11º ano (turma A)

2014-15 11º Matriz do 1º teste.pdf by dmetódica

Seguem-se links de alguns dos posts (a consulta de outras etiquetas deste blogue fica entregue à vossa autonomia e às necessidades de cada um):

1. Qual é a utilidade do estudo da Lógica?

2. Lógica proposicional: formalização e construção de tabelas de verdade.1.

3. Condições necessárias e suficientes: análise de um exemplo

4. A negação de proposições condicionais

5. A bicondicional: tabela de verdade e exercícios

6. Argumentos dedutivos: algumas formas válidas e inválidas (falácias formais)

7. A relação entre verdade e validade

8. Validade dedutiva

9. "A lógica é fofinha"

Bom trabalho a todos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Argumento dedutivo ou não dedutivo?

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2013-14 10º ano ficha de trabalho sobre os instrumentos lógicos do pensamento. by dmetódica

Argumentos não dedutivos: previsão, generalização, analogia e argumento de autoridade

A primeira fotografia é do planeta Marte (ver aqui) e a segunda do planeta Terra.

Construa, a partir da comparação das duas fotografias, um argumento não dedutivo.

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Existem três tipos de argumentos não dedutivos:

1. Argumentos indutivos: Generalizações e previsões 

2. Argumento por analogia

3. Argumento de autoridade:

"Um argumento baseado no testemunho de outras pessoas, em geral com uma forma lógica "X disse que P; logo, P", sendo X uma pessoa ou grupo de pessoas e P uma afirmação qualquer. Por exemplo: "Einstein disse que nada pode viajar mais depressa do que a luz; logo, nada pode viajar mais depressa do que a luz". Não há regras de inferência precisas para argumentos de autoridade, mas ao avaliar um argumento de autoridade devemos ter em mente os seguintes princípios: 1) O especialista invocado (a autoridade) tem de ser um bom especialista da matéria em causa. 2) Os especialistas da matéria em causa (as autoridades) não podem discordar significativamente entre si quanto à afirmação em causa. 3) Só podemos aceitar a conclusão de um argumento de autoridade se não existirem outros argumentos mais fortes ou de força igual a favor da conclusão contrária. 4) Os especialistas da matéria em causa (as autoridades), no seu todo, não podem ter fortes interesses pessoais na afirmação em causa. Precisamente porque em questões filosóficas disputáveis, por definição, os especialistas não concordam entre si, em filosofia os argumentos de autoridade são quase sempre falaciosos. Contudo, a maior parte do conhecimento de cada ser humano baseia-se em argumentos de autoridade, no sentido em que se baseia no testemunho de outras pessoas."

Murcho, Desidério, O Lugar da Lógica na Filosofia, Cap. 9 (Lisboa: Plátano, 2003).

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Para testar o que aprendeste nas aulas:

Ficha de revisão: identificação de argumentos não dedutivos
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Sobre os argumentos dedutivos, ver AQUI.

sábado, 18 de outubro de 2014

O nome das coisas: documentário

São quase 60 minutos de um excelente documentário sobre a escritora e poetisa Sophia.

Vale mesmo a pena ver até ao fim.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

LIVRES E IGUAIS?

 

3º Encontro Presente no Futuro 2014  sobre o tema: "À Procura da Liberdade", organizado pela Fundação Manuel dos Santos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Contra-exemplo: o que é e para que serve


Contra-exemplo
“Um caso particular que refuta uma generalização. Visto que se pode mostrar a falsidade de uma generalização por meio de uma única excepção, argumentar por contra-exemplos é um poderoso instrumento para as pôr em causa, e particularmente eficaz contra as generalizações apressadas.
Por exemplo, se alguém fizesse uma generalização apressada «Todos os médicos escrevem de maneira ilegível», então um único caso de um médico cuja escrita fosse legível refutaria a generalização. Afirmações abrangentes como esta são um convite à procura de contra-exemplos. Analogamente, se alguém declarasse «Nunca houve qualquer mulher cientista digna de nota», então a menção de Marie Curie seria suficiente para refutar a generalização, sem que fosse preciso mencionar outras mulheres cientistas a quem se podia razoavelmente atribuir notoriedade.
Supondo que o contra-exemplo é genuíno, a pessoa cuja generalização foi tão conclusivamente refutada nada pode fazer senão rever ou rejeitar a generalização. Uma forma de revisão consiste simplesmente em (…) mudar o «todos» explícito ou implícito para «alguns» ou «muitos» (…).”
Nigel Warburton, Pensar de A a Z, tradução de Vítor Guerreiro, Ed. Bizâncio, Lisboa, 2012, pág. 95

sábado, 11 de outubro de 2014

Os gatos não têm vertigens

Eis um filme que vale a pena ver, com a atriz Maria do Céu Guerra, magistral como sempre!

Em exibição nos cinemas.

 

sábado, 4 de outubro de 2014

A bicondicional: tabela de verdade e exercícios

bicondicional - tabela

1. Considere as seguintes frases:

A. O jogo vai ser cancelado se e só se estiver a chover.

B. Estarem presentes pelo menos 10 pessoas é condição necessária e suficiente para a palestra ser dada.

C. Os triângulos são figuras geométricas com três lados.

D. A democracia existe se, e somente se, houver eleições livres.

1.1. Formalize as proposições expressas nas frases.

1.2. Elabore, para cada uma das alíneas, o dicionário .

1.3. Utilizando os operadores verofuncionais da condicional e da conjunção, apresente  uma forma proposicional equivalente à bicondicional.

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Sobre a tabela de verdade da condicional e as condições necessárias e suficientes, ver AQUI.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O que parece não é




"EM PARTE INCERTA, realizado por David Fincher e baseado no best-seller mundial da escritora americana Gillian Flynn, revela-nos os segredos obscuros de um casamento moderno. No quinto aniversário de casamento, Nick Dunne (Ben Affleck) relata que a sua bela esposa, Amy (Rosamund Pike), desapareceu. Sob a pressão da polícia e com um barulho ensurdecedor causado pelos media, o retrato da união feliz de Nick e Amy começa a desmoronar-se. Rapidamente, as mentiras, os enganos e os comportamentos estranhos de Nick fazem com que todos questionem: Será que Nick Dunne matou a sua mulher?"

Nos cinemas a partir 2 de outubro 2014!

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A alegoria da caverna: ficha de trabalho

Grupo I

A partir do texto de Platão, do post anterior, responde às seguintes questões:

1. A quem são comparáveis os prisioneiros de que Platão fala?

2. As “correntes” que prendem os prisioneiros representam, metaforicamente, o quê?

3. “Os prisioneiros julgavam que as sombras eram a realidade”. Qual é o significado desta afirmação?

4. Quais são, de acordo com o texto da alegoria da caverna, os conceitos contrários a:

A. Sombras

B. Ignorância

C. Ilusão

D. Prisão

5. Que relação existe entre o caminho que o prisioneiro faz em direção à luz exterior da caverna e a atitude filosófica?

6. O prisioneiro regressa à caverna para poder partilhar a sua descoberta com os outros que ainda se encontravam acorrentados. Quais são, segundo Platão, os motivos que o levam a agir deste modo?

7. Como reagem os outros prisioneiros ao serem confrontados com o carácter ilusório das sombras que viam? Como é que se pode justificar esta atitude dos prisioneiros?

8. Na alegoria da caverna, Platão defende algumas ideias fundamentais relativamente à educação e ao conhecimento. Enuncia-as por palavras tuas. Consideras que estas poderão ter alguma utilidade para a nossa vida?

9. Reescreve, por palavras tuas e tendo em conta o que aprendeste, a afirmação: “Cada um de nós pode decidir ser prisioneiro ou caminhar em direção à luz”.

10. Dá exemplos de questões filosóficas, que são colocadas na alegoria da caverna, relativas:

A. ao conhecimento;

B. à metafísica;

C. à ética.

Grupo II

Para responder às questões a seguir apresentadas, deverás efetuar uma pesquisa (em livros ou na Net).

Indica as fontes de onde retiraste a informação.

1. O orador na alegoria da caverna é Sócrates, o mestre de Platão.

1.1. Quem foi Sócrates?

1.2. O que fazia?

1.3. Porque motivo foi condenado à morte?

2. Na opinião de alguns filósofos, “Sócrates não foi apenas um filósofo, representa a própria atitude filosófica”. Esclarece o significado desta afirmação.

Bom Trabalho!

A professora: Sara Raposo.