Pablo Picasso, "Mulher ao espelho".
“Liberdade é poder dizer «sim» ou «não»; faço-o ou não faço, digam o que disserem os meus chefes; isto convém-me e eu quero-o, aquilo não me convém e, portanto, não o quero. Liberdade é decidir (…).
E para não te deixares levar não tens outro remédio senão tentar pensar pelo menos duas vezes no que te dispões a fazer… Da primeira vez em que pensas no motivo da tua acção, a resposta à pergunta «porque faço isto?» (…) faço-o porque mo mandam fazer, porque é costume fazê-lo, porque me apetece. Mas se pensares uma segunda vez, a coisa já muda de figura. Faço isto porque mo mandam fazer, mas…porque obedeço eu ao que me mandam? Por medo do castigo? Por esperar uma recompensa?
E se me mandarem fazer coisas que não me parecem convenientes, como quando ordenaram ao comandante nazi que eliminasse os judeus no campo de concentração? Não poderá uma coisa ser «má» - quer dizer não me convir – por muito que me a mandem fazer, ou «boa» e conveniente mesmo que ninguém me mande que a faça?
(…) entre as ordens que nos são dadas, entre os costumes que nos rodeiam ou que nós criamos, entre os caprichos que nos assaltam, teremos aprender a escolher por nós próprios. Não podemos evitar, para sermos homens e não carneiros (peço desculpa aos carneiros), pensar duas vezes no que fazemos.”
Fernando Savater, Ética para um jovem, Ed. Presença, pág. 40-41.
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