«A democracia, costuma dizer-se, é o governo “do povo, pelo povo e para o povo”. Governo para o povo quer dizer que o governo existe em proveito dos seus cidadãos, não para benefício dos governantes. Os governos democráticos governam “no interesse dos governados”, para utilizar as palavras de Bentham.”
Haverá algo que possamos acrescentar em defesa do tipo de sistema democrático que temos? Talvez o melhor a dizer seja isto: no mundo contemporâneo, temos de aceitar que não conseguimos sobreviver sem estruturas de autoridade coerciva. Mas, se temos tais estruturas, precisamos de pessoas que ocupem os seus lugares no seu seio - por outras palavras, governantes. (…) Só aceitaremos que os indivíduos têm direito de governar se tiverem sido nomeados pelas pessoas e puderem ser destituídos pelas pessoas. Ou seja, só a democracia nos permite dar uma resposta aceitável à questão: “por que devem estas pessoas governar?” ou “o que torna legítimo o seu governo?”. Através de meios democráticos podemos, claro está, exercer igualmente um controlo, até certo ponto, sobre a conduta dos governantes. Talvez isto seja o melhor que podemos esperar, tanto em termos de estrutura política como enquanto defesa derradeira da democracia moderna.»
Jonathan Wolff, Introdução à filosofia política, Edições Gradiva, pp. 95 e 152.
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