“O que é exactamente o prazer sexual? Assemelha-se ao prazer de comer e de beber? Ao de repousar num banho quente? Ao de olhar a nossa criança a brincar? É claramente como todos eles e diferente de todos eles. É diferente do prazer de comer no facto do seu objecto não ser consumido. É diferente do prazer do banho no facto de envolver ter prazer numa actividade, e na outra pessoa que se nos junta. É diferente do de olhar a nossa criança a brincar no facto de envolver sensações corporais e uma entrega ao desejo físico. O prazer sexual assemelha-se, no entanto num ponto crucial, ao prazer de olhar algo: tem intencionalidade. Não é apenas uma sensação de formigueiro; é uma resposta a outra pessoa, e ao acto em que se está envolvido com ele ou ela. A outra pessoa pode ser imaginária: mas é na direcção dessa pessoa que os nossos pensamentos são orientados, e o prazer depende do pensamento.
Esta dependência do pensamento significa que o desejo sexual pode ser enganado, e que cessa quando o engano é conhecido. (…) a descoberta de que é uma mão indesejada que me toca extingue de imediato o meu prazer.”
Roger Scruton, Guia de Filosofia para pessoas inteligentes, Editora Guerra e Paz, Lisboa, 2007, págs. 155-156.
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