quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O Determinismo

“Algumas pessoas pensam que nunca é possível fazermos qualquer coisa diferente daquilo que de facto fazemos. Afirmam que, em cada caso, as circunstâncias que existem antes de agirmos determinam as nossas acções e tornam-nas inevitáveis. O total das experiências e desejos de uma pessoa, a sua constituição hereditária, as circunstâncias sociais, em conjunto com outros factores de que pode não ter conhecimento, combinam-se todos para fazer com que uma acção particular seja inevitável nessas circunstâncias. Esta perspectiva chama-se determinismo [radical]. Isto parece ter sérias consequências Porque se fosse assim não faria de modo algum sentido condenar fosse quem fosse por fazer uma coisa má ou elogiá-lo por fazer alguma coisa boa. Se estivesse determinado à partida o que as pessoas fariam, seria inevitável: não poderiam ter feito outra coisa, dadas aquelas circunstâncias prévias. Portanto, como poderíamos achá-las responsáveis?
Se pensasse que tudo o que faço é determinado por pelas circunstâncias em que me encontro e pelas minhas condições psicológicas, sentir-me-ia encurralado. E, se pensasse o mesmo de todas as outras pessoas, pensaria que elas eram marionetas. Não faria sentido considerá-las responsáveis”.

Thomas Nagel, O que quer dizer tudo isto? - Uma iniciação à Filosofia, Gradiva, pág. 49.

2 comentários:

Alice Rosmaninho 10C disse...

Enquanto fazia umas pesquisas pela net, acerca do grande poeta popular António Aleixo, encontrei uma quadra que o identifica e se relaciona com o determinismo.

"Não sou esperto nem bruto
Nem bem nem mal educado;
Sou simplesmente o produto
Do meio onde fui criado"

Achei que iria fazer todo o sentido comentar com esta quadra neste post. Relaciona-se inteiramente com o assunto falado. António Aleixo, como podemos observar, tem um ponto de vista determinista relativamente à vida. Diz assim, na quadra, que o facto de sermos melhores ou piores pessoas advém da sociedade e ambiente onde fomos educados e criados.

Alice Rosmaninho nº1 10ºC

Sara Raposo disse...

Alice:
Agradeço o seu comentário oportuno. Julgo que, tal como referiu, o poema ilustra algumas das ideias que discutimos nas aulas. Volto a colocar-lhe mais uma vez a questão: Faz sentido defender que o indivíduo é apenas produto do meio e negar a liberdade e a responsabilidade moral?
Não serão as ideias apresentadas no poema uma forma de justificar o conformismo social?