segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A importância da validade: duas analogias

A importância da validade: a analogia do frigorífico

“Se um argumento pode ser válido e no entanto ter uma conclusão disparatadamente falsa, para que serve a validade? Por que deveremos estar interessados na validade?

A resposta é que um argumento válido preserva a verdade. A verdade das premissas de um argumento válido é preservada na conclusão. Claro que, se as premissas não são verdadeiras, então mesmo um argumento válido não pode garantir que a conclusão é verdadeira. Mas apenas os argumentos válidos preservam a verdade.

Uma analogia pode ajudar a clarificar este ponto. Podemos mais ou menos dizer que os argumentos válidos preservam a verdade como os bons frigoríficos preservam a comida. Se a comida quando a colocas num frigorífico está estragada, então até um bom frigorífico não a pode preservar. Mas se a comida colocada num bom frigorífico é fresca, então o frigorífico preservá-la-á.

Os bons frigoríficos e os argumentos válidos preservam respectivamente a comida fresca e a verdade. Mas, tal como os primeiros não podem preservar a comida quando a comida está estragada, também os últimos não podem preservar a verdade quando as premissas são falsas. Se é lixo que lá metemos, é lixo que recebemos.

No entanto, merece a pena termos frigoríficos e argumentos válidos porque preservam algo bom quando o temos, e sem eles acabamos com algo estragado mesmo quando começámos com algo impecável. Portanto, devemos desejar a validade e evitar a invalidade.”

Cornman, Lehrer e Pappas, “Os instrumentos do ofício”, tradução de Álvaro Nunes, www.criticanarede.com


A importância da validade: a analogia do bolo

“Se podemos ter argumentos dedutivamente válidos com conclusões falsas, então qual é o interesse da validade dedutiva? (…)

Eis uma comparação útil [e que permite responder a essa pergunta]: o processo de fazer um bolo, o modo como se misturam os ingredientes, é importante para a qualidade do bolo. Mas só por si não chega, pois por melhor que se misturem os ingredientes, se estes forem de má qualidade, o bolo será mau. Mas se os ingredientes forem bons e os misturarmos mal, o bolo será também mau. Por isso, precisamos das duas coisas: bons ingredientes e bons processos de confecção. Do mesmo modo, na argumentação tanto precisamos de premissas verdadeiras como de validade”.

Desidério Murcho e outros, A Arte de Pensar, Didáctica Editora, Lisboa, 2004, pág. 19

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