Kant responde:
“(…) o valor moral da acção não reside, portanto, no efeito (consequências) que dela se espera. Não pode residir em mais parte alguma senão no princípio da vontade (na intenção), abstraindo dos fins que possam ser realizados por tal vontade”.
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal”.
“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.”
Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes, Edições 70
E Stuart Mill contra-argumenta:
“Desde os primórdios da filosofia, a questão do fundamento da moralidade tem sido considerada o principal problema do pensamento especulativo (…).
A doutrina que aceita como fundamento da moral a utilidade, ou o princípio da maior felicidade, defende que as acções são correctas na medida em que tendem a promover a felicidade, e incorrectas na medida em que tendem a gerar o contrário da felicidade. Por felicidade entendemos o prazer, e a ausência de dor; por infelicidade a dor, e a privação do prazer.
(…) Tem de se admitir, no entanto, que os autores utilitaristas defenderam em geral a superioridade dos prazeres mentais sobre os corporais (…). É perfeitamente compatível com o princípio de utilidade reconhecer o facto de alguns tipos de prazer serem mais desejáveis e valiosos do que outros. Seria absurdo que a avaliação dos prazeres dependesse apenas da quantidade, dado que ao avaliar todas as outras coisas consideramos a qualidade a par da quantidade.
Segundo o princípio da maior felicidade, o fim último, por referência ao qual e em virtude do qual todas as coisas são desejáveis (quer estejamos a considerar o nosso próprio bem ou o das outras pessoas), é uma existência tanto quanto possível isenta de dor e tão rica quanto possível em prazeres, tanto em quantidade como em qualidade (…).
Quem salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente correcto, quer o seu motivo seja o dever, ou a esperança de ser pago pelo seu incómodo (…).
John Stuart Mill, Utilitarismo, págs. 43, 52, 57 e 65, Edições Gradiva
Quem terá razão?
3 comentários:
Fantástica discussão! E me parece que essa polêmica vem originalmente dos Epicureus e dos Estóicos, sendo atualizada e (talvez) ampliada por Kant e Mills.
Abraço,
Sergio Viula
Sérgio:
Agradeço o seu comentário. Na discussão ética desta questão, as teorias de Kant e Mill são incontornáveis. Ainda que seja para discordamos destes filósofos, os argumentos que eles apresentaram podem levar-nos a reflectir de uma forma clara e interessante sobre o problema em causa. Afinal de contas, nós também nos confrontamos diariamente, na nossa vida prática, com a necessidade de distinguirmos as acções moralmente correctas.
Cumprimentos.
Bem,vc pode dizer que meu comentario nao se refere ao texto em questao,mas estou aqui para pedir mais informaçoes sobre a origem das virtudes vistos do modo de Platão e Aristóteles...obrigado
Enviar um comentário