“As nossas crenças mais justificadas não têm qualquer outra garantia sobre a qual assentar, senão um convite permanente ao mundo inteiro para provar que carecem de fundamento.”
John Stuart Mill
Peço-lhe desculpa pela minha resposta tardia, as suas perguntas acabaram por ficar esquecidas no meio dos posts seguintes e dos meus múltiplos afazeres. Todavia, as questões por si colocadas são relevantes e não são muitos os leitores deste blogue que colocam perguntas pertinentes como as suas.
É verdade, tal como diz que a expressão latina non sequitur significa “não se segue que” e designa, genericamente, um tipo de argumento falacioso em que a conclusão não se segue das premissas, isto é a informação que estas contêm não basta ou não tem relevância para nos levar a aceitar a verdade da conclusão. De acordo com a Enciclopédia de termos lógico-filosóficos (das Edições Gradiva): “este tipo de argumento pertence à classe de falácias informais que se costumam designar por falácias da relevância, uma vez que as premissas desejadas não são relevantes para provar aquilo que desejamos. Esta definição poderá induzir-nos no erro de achar que, num sentido mais lato da expressão toda a falácia da relevância é um non sequitur, pois as definições parecem coincidir. No entanto, existem falácias da relevância como a petição de princípio, em que apesar das premissas não serem relevantes para estabelecer a conclusão, esta, no entanto segue-se das premissas – só que de forma trivial e não informativa. (…) Apesar de ser verdade que todo o argumento inválido é um non sequitur, é falso que todo o non sequitur seja um argumento inválido. Isto porque a validade é, estritamente concebida, uma propriedade formal que apenas se aplica aos argumentos dedutivos. Contudo, são vários os argumentos que não são dedutivos e que podem incorrer num non sequitur, como é o caso de alguns argumentos por analogia, argumentos com base em exemplos, etc. É a lógica informal que dá conta desses casos, e por isso se diz que o non sequitur pertence à classe das falácias informais. Um exemplo de um argumento que incorre em non sequitur e que reiteradamente se usa para “provar” a historicidade da filosofia é o seguintes: Todos os filósofos estão situados na história; logo a filosofia consiste na sua história. Claramente se vê que a conclusão deste argumento não se segue da premissa (…) não basta a informação fornecida na premissa para podermos afirmá-la como verdadeira.” (pág. 495) Espero que tenha ficado esclarecido e seja clara a relação do que foi dito anteriormente com as imagens (belíssimas) do anúncio.
2 comentários:
"Não se segue que…" quer dizer Non Sequitur, não é? Mas isso é uma falácia?? Não se pode dizer isso de todas as falácias?
Pedro:
Peço-lhe desculpa pela minha resposta tardia, as suas perguntas acabaram por ficar esquecidas no meio dos posts seguintes e dos meus múltiplos afazeres. Todavia, as questões por si colocadas são relevantes e não são muitos os leitores deste blogue que colocam perguntas pertinentes como as suas.
É verdade, tal como diz que a expressão latina non sequitur significa “não se segue que” e designa, genericamente, um tipo de argumento falacioso em que a conclusão não se segue das premissas, isto é a informação que estas contêm não basta ou não tem relevância para nos levar a aceitar a verdade da conclusão.
De acordo com a Enciclopédia de termos lógico-filosóficos (das Edições Gradiva): “este tipo de argumento pertence à classe de falácias informais que se costumam designar por falácias da relevância, uma vez que as premissas desejadas não são relevantes para provar aquilo que desejamos. Esta definição poderá induzir-nos no erro de achar que, num sentido mais lato da expressão toda a falácia da relevância é um non sequitur, pois as definições parecem coincidir. No entanto, existem falácias da relevância como a petição de princípio, em que apesar das premissas não serem relevantes para estabelecer a conclusão, esta, no entanto segue-se das premissas – só que de forma trivial e não informativa.
(…) Apesar de ser verdade que todo o argumento inválido é um non sequitur, é falso que todo o non sequitur seja um argumento inválido. Isto porque a validade é, estritamente concebida, uma propriedade formal que apenas se aplica aos argumentos dedutivos. Contudo, são vários os argumentos que não são dedutivos e que podem incorrer num non sequitur, como é o caso de alguns argumentos por analogia, argumentos com base em exemplos, etc. É a lógica informal que dá conta desses casos, e por isso se diz que o non sequitur pertence à classe das falácias informais. Um exemplo de um argumento que incorre em non sequitur e que reiteradamente se usa para “provar” a historicidade da filosofia é o seguintes:
Todos os filósofos estão situados na história; logo a filosofia consiste na sua história.
Claramente se vê que a conclusão deste argumento não se segue da premissa (…) não basta a informação fornecida na premissa para podermos afirmá-la como verdadeira.” (pág. 495)
Espero que tenha ficado esclarecido e seja clara a relação do que foi dito anteriormente com as imagens (belíssimas) do anúncio.
Se continuar com dúvidas pergunte.
Cumprimentos.
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