A estratégia mais simples para resolver este conflito é rejeitar uma das crenças que o produzem. Podemos rejeitar o livre-arbítrio ou rejeitar o determinismo.
À rejeição do livre-arbítrio perante o determinismo chama-se determinismo radical (…).
Será que podemos viver com esta filosofia deprimente? Os filósofos têm de procurar a verdade, por mais difícil que esta seja de aceitar. Talvez o determinismo radical seja uma dessas verdades difíceis. Os deterministas radicais poderiam tentar «minimizar os estragos», argumentando que a vida sem liberdade não é tão má como se poderia pensar. A sociedade poderia ainda punir os criminosos, por exemplo. Os deterministas radicais têm de negar que os criminosos merecem punição, visto que os crimes não foram cometidos livremente. Mas podem dizer que a punição tem ainda uma utilidade: punir os criminosos afasta-os das ruas e desencoraja os crimes futuros. Ainda assim, aceitar o determinismo radical é quase impensável. Tão-pouco é claro que púdessemos deixar de acreditar no livre-arbítrio ainda que quiséssemos fazê-lo. Se o leitor encontrar alguém que afirma acreditar no determinismo radical, eis uma pequena experiência a ensaiar. Dê-lhe um murro na cara com muita força. Depois tente convencê-lo a não o culpar. Afinal, segundo ele, o leitor não teve escolha senão esmurrá-lo! Prevejo que terá muita dificuldade em convencê-lo a praticar o que prega.”
Theodore Sider, Livre arbítrio e determinismo, (capítulo 6), págs. 152 à 153.
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