“Há muitas décadas, por altura de um jantar, pediram ao físico Robert W. Wood que respondesse ao brinde «À física e à metafísica» (…) Wood respondeu o seguinte:
O físico tem uma ideia. Quanto mais pensa nela, mais sentido ela parece fazer. Consulta a literatura científica. Quanto mais lê mais promissora a ideia se torna. Assim preparado, vai para o laboratório e concebe uma experiência para a pôr à prova. A experiência é trabalhosa. São verificadas muitas possibilidades. A exactidão das medidas é melhorada e as barras de erro reduzidas. Ele só se ocupa do que a experiência ensina. No fim de todo este trabalho, através de uma experimentação cuidadosa, descobre que a ideia não é válida. E, assim, o físico põe-na de lado, liberta o seu espírito do amontoado de erros e passa a outra coisa qualquer.
A diferença entre a física e a metafísica, concluiu Wood erguendo bem alto o copo, não reside no facto dos praticantes de uma serem mais inteligentes do que os praticantes de outra. A diferença é que o metafísico não tem laboratório.”
«O estudo dos aspectos conceptuais mais gerais da estrutura da realidade. Por exemplo: Serão todas as verdades relativas, ou haverá verdades absolutas? E o que é a verdade? (…) A designação de "metafísica", contudo, não foi introduzida por Aristóteles, que usava a expressão "filosofia primeira", muito corrente ainda no séc. XVII, mas hoje pouco usada — o que é uma pena, pois não permite o trocadilho informativo que consiste em dizer que a filosofia primeira estuda as questões últimas.
A metafísica é uma das disciplinas centrais e mais gerais da filosofia; muitas outras disciplinas abordam problemas metafísicos particulares. Por exemplo: a filosofia da acção estuda, entre outras coisas, o problema metafísico de saber o que é e como se individua uma acção (isto é, como se distinguem as acções umas das outras); a filosofia da ciência estuda, entre outras coisas, o problema ontológico de saber se as entidades inobserváveis postuladas pelas ciências (como os quarks) têm existência real e independente de nós, ou se são meras construções humanas.
Com o desenvolvimento da ciência moderna, a partir do séc. XVII, a metafísica começou a sofrer ataques por não produzir resultados à semelhança da ciência; afinal, era a ciência empírica, como a física, que produzia conhecimento seguro sobre a natureza última das coisas, e não a metafísica. Esses ataques começam com Kant. Posteriormente, algumas escolas de filosofia, como o positivismo lógico, encaravam a metafísica como coisa mítica do passado. Contudo, na filosofia contemporânea, a força dos problemas metafísicos voltou a impor-se, e o seu estudo floresceu uma vez mais.»
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