domingo, 11 de janeiro de 2009

Objecções aos argumentos de Stuart Mill a favor da liberdade de expressão

Demasiado optimista

«(…) Uma outra área a respeito da qual Mill se revela, porventura, excessivamente optimista é a liberdade de expressão. O filósofo parte do princípio de que, no embate entre a verdade e o erro, a verdade triunfará. Mas tal pode não ser o caso. Mill subestima o poder da irracionalidade na vida humana. Muitos seres humanos encontram-se fortemente motivados para acreditar em coisas que não são verdadeiras (…). As transformações a nível tecnológico têm tido como resultado uma disseminação muito mais alargada das opiniões, não havendo qualquer evidência de que, por entre as diversas opiniões agora largamente difundidas, se tenha verificado uma forte tendência para o triunfo da verdade sobre o erro.

Liberdade positiva

Uma outra crítica à abordagem de Mill da questão da liberdade é que, ao concentrar-se na noção de liberdade relativamente a qualquer interferência e ao defender a ideia de tolerância, o filósofo não considerou um sentido mais importante da palavra “liberdade”. Mill apresentou uma análise do que é usualmente designado por liberdade negativa ou liberdade de, enquanto o que é necessário, de acordo com alguns críticos, é considerar a liberdade positiva ou a liberdade para. Aqueles que defendem a liberdade positiva argumentam que, visto a sociedade não ser perfeita, conceder-se às pessoas espaço para viver as suas vidas não é suficiente para lhes garantir a liberdade. Existem inúmeros obstáculos à obtenção de liberdade, que vão desde a falta de recursos materiais e educacionais a impedimentos psicológicos (…). Aqueles que defendem o sentido positivo de liberdade acreditam que, para os indivíduos satisfazerem o seu potencial enquanto seres humanos e, como tal, serem genuinamente livres, todos os tipos de intervenção do Estado podem ser necessários (…).»

Podemos apresentar outras objecções à perspectiva de Stuart Mill? Quais?

Nigel Warburton, Grandes livros de Filosofia, Edições 70, Lisboa, 2001, págs. 156-158.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde, quando estive a rever as objecções de Stuart Mill, observei que faço uma grande confusão na segunda objecção deste post... confundo a diferença dos dois tipos de liberdade (positiva e negativa) e qual ou quais os tipos de liberdade que deve-mos considerar pa fazer uma melhor analise que stuart mill em termos de liberdade, dado que ele apenas analisou a liberdade negativa.

Humberto Neto / 11ºB / Nº8

Carlos Pires disse...

Olá Humberto.

É natural que tenha sentido dificuldade, pois nunca expliquei essa diferença.
Eu disse para só considerarem a primeira objecção desse post, mas se calhar não acentuei o suficiente.
Outra objecção que precisam saber está no post sobre os limites à liberdade de expressão e consiste na ideia de que na prática é difícil distinguir entre o uso legítimo e os abusos da liberdade de expressão.

Bom estudo!

Anónimo disse...

Obrigado e esclarecido!

Humberto Neto