domingo, 25 de janeiro de 2009

Ligações políticas

Todos os anos verifico que a grande maioria dos meus alunos acha a política uma grande chatice. Acreditam também que é algo que pouco ou nada tem a ver com eles.
Por outro lado, ninguém lhes tira da cabeça que os políticos são todos mentirosos e corruptos. A análise lógica e filosófica de falácias indutivas como a generalização precipitada e a amostra tendenciosa diminui drasticamente o número de alunos dispostos a dizer “Todos os X são ladrões” ou “Todos os Y traficam droga”. Mas os recursos da Lógica revelam-se sempre insuficientes para convencer esses alunos a serem mais cuidadosos com as generalizações acerca dos políticos.
É preciso reconhecer que as figuras tristes que muitos políticos costumam fazer, nomeadamente na televisão, não ajudam esses alunos (nem muitos outros portugueses) a desfazer os seus preconceitos. Nas aulas de Filosofia aprendem que o argumento ad Hominem e a falácia do Homem de Palha são característicos da chamada persuasão irracional ou manipulação, mas quase todos os dias vêem alguns políticos a atacarem-se pessoalmente e a distorcerem as ideias uns dos outros, sem se preocuparem minimamente com a validade dos seus argumentos nem com a verdade das suas afirmações.
Para tentar mostrar que o argumento “alguns políticos são corruptos, mentirosos e manipuladores, logo todos os políticos são corruptos, mentirosos e manipuladores” é falacioso e que a sua conclusão é falsa, o Dúvida Metódica passará a incluir algumas “Ligações políticas”.
Numa sociedade democrática o confronto racional de ideias diferentes é salutar e útil. Por isso, das “Ligações políticas” constarão – além do velho e pouco alinhado Abrupto – 2 blogues de esquerda (Arrastão e Rui Tavares) e 2 blogues de direita (Blasfémias e O cachimbo de Magritte).
Boas leituras. E votos de pouca manipulação.

Sem comentários: