Todos os anos verifico que a grande maioria dos meus alunos acha a política uma grande chatice. Acreditam também que é algo que pouco ou nada tem a ver com eles.Por outro lado, ninguém lhes tira da cabeça que os políticos são todos mentirosos e corruptos. A análise lógica e filosófica de falácias indutivas como a generalização precipitada e a amostra tendenciosa diminui drasticamente o número de alunos dispostos a dizer “Todos os X são ladrões” ou “Todos os Y traficam droga”. Mas os recursos da Lógica revelam-se sempre insuficientes para convencer esses alunos a serem mais cuidadosos com as generalizações acerca dos políticos.É preciso reconhecer que as figuras tristes que muitos políticos costumam fazer, nomeadamente na televisão, não ajudam esses alunos (nem muitos outros portugueses) a desfazer os seus preconceitos. Nas aulas de Filosofia aprendem que o argumento ad Hominem e a falácia do Homem de Palha são característicos da chamada persuasão irracional ou manipulação, mas quase todos os dias vêem alguns políticos a atacarem-se pessoalmente e a distorcerem as ideias uns dos outros, sem se preocuparem minimamente com a validade dos seus argumentos nem com a verdade das suas afirmações.Para tentar mostrar que o argumento “alguns políticos são corruptos, mentirosos e manipuladores, logo todos os políticos são corruptos, mentirosos e manipuladores” é falacioso e que a sua conclusão é falsa, o Dúvida Metódica passará a incluir algumas “Ligações políticas”. Numa sociedade democrática o confronto racional de ideias diferentes é salutar e útil. Por isso, das “Ligações políticas” constarão – além do velho e pouco alinhado Abrupto – 2 blogues de esquerda (Arrastão e Rui Tavares) e 2 blogues de direita (Blasfémias e O cachimbo de Magritte).Boas leituras. E votos de pouca manipulação.
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