Um argumento para ser bom ou cogente tem de reunir três condições: ser válido, ter premissas verdadeiras e ter premissas mais plausíveis que a conclusão.
Nos três exemplos que se seguem são apresentados argumentos válidos.
Serão as suas premissas verdadeiras? Serão as suas premissas mais plausíveis que a conclusão?
Esses argumentos são cogentes ou bons se e só se a resposta a ambas as perguntas for afirmativa.
É argumentável que nos três casos as premissas são verdadeiras e mais plausíveis que a conclusão. Porquê?
O Zé e a Vera foram assaltados e sequestrados em Portimão. Foram vendados e colocados na bagageira de um carro e transportados durante cerca de 40 minutos. Depois foram abandonados num lugar deserto, coberto de neve. O Zé disse à Vera que estavam na serra de Monchique. Como esta duvidou, o Zé apresentou-lhe o seguinte argumento:
Estamos na Serra de Monchique, pois no Algarve habitualmente só lá é que neva. Ora, este campo está coberto de neve.
Reescrevendo o argumento e dando-lhe uma expressão mais canónica obtemos um Modus Ponens (afirmação do antecedente):
Se no Algarve habitualmente só neva na Serra de Monchique e se este campo está coberto de neve, então estamos na Serra de Monchique.
Ora, de facto no Algarve habitualmente só neva na Serra de Monchique e este campo está coberto de neve.
Logo, estamos na Serra de Monchique.
Todos os seres humanos suspeitos de crimes devem ser tratados de acordo com as regras de um Estado de Direito.
Os prisioneiros de Guantanamo são seres humanos suspeitos de crimes.
Logo, os prisioneiros de Guantanamo devem ser tratados de acordo com as regras de um Estado de Direito.
Trata-se de um silogismo categórico com a forma: Todos os A são B. Todos os C são A. Logo, todos os C são B. Mesmo quem não conhece as regras que determinam a validade dos silogismos categóricos percebe (facilmente) de modo intuitivo que é um argumento válido.
Se Deus existe e é um ser perfeito (bom, justo, etc.), então não é caprichoso nem parcial.
Se Deus não é caprichoso nem parcial, então não ajuda os jogadores de futebol a marcarem golos apenas porque estes se benzem no início do jogo nem ajuda alunos preguiçosos a passar de ano apenas porque as suas mães prometeram ir a Fátima se eles passassem.
Logo, se Deus existe e é um ser perfeito (bom, justo, etc.), então não ajuda os jogadores de futebol a marcarem golos apenas porque estes se benzem no início do jogo nem ajuda alunos preguiçosos a passar de ano apenas porque as suas mães prometeram ir a Fátima se eles passassem.
Trata-se de um silogismo hipotético:
(P&Q)→(¬R&¬S), (¬R&¬S) →(¬T&¬U) ╞ (P&Q) →(¬T&¬U)
(Nota: utilizei o símbolo & para a conjunção em vez do símbolo usado nas aulas devido a dificuldades informáticas.)
Nos três exemplos que se seguem são apresentados argumentos válidos.
Serão as suas premissas verdadeiras? Serão as suas premissas mais plausíveis que a conclusão?
Esses argumentos são cogentes ou bons se e só se a resposta a ambas as perguntas for afirmativa.
É argumentável que nos três casos as premissas são verdadeiras e mais plausíveis que a conclusão. Porquê?
Exemplo A:
O Zé e a Vera foram assaltados e sequestrados em Portimão. Foram vendados e colocados na bagageira de um carro e transportados durante cerca de 40 minutos. Depois foram abandonados num lugar deserto, coberto de neve. O Zé disse à Vera que estavam na serra de Monchique. Como esta duvidou, o Zé apresentou-lhe o seguinte argumento:
Estamos na Serra de Monchique, pois no Algarve habitualmente só lá é que neva. Ora, este campo está coberto de neve.
Reescrevendo o argumento e dando-lhe uma expressão mais canónica obtemos um Modus Ponens (afirmação do antecedente):
Se no Algarve habitualmente só neva na Serra de Monchique e se este campo está coberto de neve, então estamos na Serra de Monchique.
Ora, de facto no Algarve habitualmente só neva na Serra de Monchique e este campo está coberto de neve.
Logo, estamos na Serra de Monchique.
Exemplo B:
Todos os seres humanos suspeitos de crimes devem ser tratados de acordo com as regras de um Estado de Direito.
Os prisioneiros de Guantanamo são seres humanos suspeitos de crimes.
Logo, os prisioneiros de Guantanamo devem ser tratados de acordo com as regras de um Estado de Direito.
Trata-se de um silogismo categórico com a forma: Todos os A são B. Todos os C são A. Logo, todos os C são B. Mesmo quem não conhece as regras que determinam a validade dos silogismos categóricos percebe (facilmente) de modo intuitivo que é um argumento válido.
Exemplo C:
Se Deus existe e é um ser perfeito (bom, justo, etc.), então não é caprichoso nem parcial.
Se Deus não é caprichoso nem parcial, então não ajuda os jogadores de futebol a marcarem golos apenas porque estes se benzem no início do jogo nem ajuda alunos preguiçosos a passar de ano apenas porque as suas mães prometeram ir a Fátima se eles passassem.
Logo, se Deus existe e é um ser perfeito (bom, justo, etc.), então não ajuda os jogadores de futebol a marcarem golos apenas porque estes se benzem no início do jogo nem ajuda alunos preguiçosos a passar de ano apenas porque as suas mães prometeram ir a Fátima se eles passassem.
Trata-se de um silogismo hipotético:
(P&Q)→(¬R&¬S), (¬R&¬S) →(¬T&¬U) ╞ (P&Q) →(¬T&¬U)
(Nota: utilizei o símbolo & para a conjunção em vez do símbolo usado nas aulas devido a dificuldades informáticas.)
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