Na próxima sexta-feira o ministro da educação apresentará o novo modelo de avaliação dos professores. Espero que seja um modelo melhor que o actual: menos burocrático; mais rigoroso e objectivo; centrado na função fundamental dos professores, que é ensinar, e não nas folclóricas actividades e projectos extra-curriculares e afins que têm pululado nas escolas nos últimos anos; capaz de ter em conta os resultados dos alunos, sem com isso levar à inflação de notas; etc.
Muitos professores, por motivos diferentes, aguardam com ansiedade essa apresentação. Eu não. Acho importante que os professores sejam avaliados e quero ser avaliado, mas essa avaliação – bem ou mal feita – não mudará nada nas minhas aulas. (Este ano tive duas aulas assistidas e nem por um segundo fiz nelas algo diferente do que teria feito se não fossem assistidas.)
Espero com mais ansiedade notícias sobre a alteração dos programas, a introdução de novos exames (será desta que o exame de Filosofia se torna obrigatório?) e a alteração do estatuto do aluno (nomeadamente das normas relativas à assiduidade e à disciplina). Essas e outras alterações do género, contrariamente à avaliação dos professores, poderão mudar – para melhor - algumas coisas nas minhas aulas. E na educação portuguesa em geral, espero.
Aliás, a capacidade da avaliação do desempenho docente influenciar positivamente o trabalho de alguns professores depende profundamente dessas alterações (principalmente da existências de mais e melhores exames) e espero que o modelo que será apresentado na próxima sexta-feira as pressuponha. Caso contrário, só poderá aspirar a ser melhor que o actual no que diz respeito à diminuição da burocracia.
2 comentários:
Carlos, estou cem por cento de acordo.
Só acrescentaria mais uma coisa. Muitas das pessoas que ficam nervosas com as tais burocracias e o tal folclore extracurricular, são também as que mais se entregam a essas inutilidades bacocas. Somos professores, mas às vezes parecemos mais alunos de escola primária. Infelizmente.
Boas férias (eu começo amanhã).
Bem, eu não me importo nada de alterar as minhas aulas. O problema é que tenho uma enorme suspeita que as pessoas estejam preparadas para fazer esse trabalho de modo construtivo. Mas o Aires acima tocou num ponto forte: é que uma boa maioria dos professores parecem não se importar muito de mergulhar na ilusão e passar a vida a preencher papelada completamente inútil. Para mim tem sido o maior problema nas relações laborais. Há modalidades de ensino em que a papelada é tanta que se revela ilegível para quem não a acompanha diariamente. Este ano vi casos de colegas acusarem de incompetentes outros colegas sem se aperceberem que o que está em causa não é a organização de cada um, mas a desorganização do sistema.
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