terça-feira, 30 de junho de 2009

Se Deus existe porque é que acontecem coisas tão más?

queda de avião “Um avião das linhas aéreas iemenitas despenhou-se esta madrugada, com 153 pessoas a bordo, tendo caído no Oceano Índico”. (Notícia do jornal Público, do dia 30-06-2009.) Horas depois do sucedido foi confirmado que apenas uma pessoa (uma rapariga de 14 anos) sobreviveu.

Depois duma catástrofe deste género ocorrer é habitual as pessoas religiosas rezarem e pedirem a intervenção de Deus: para que haja sobreviventes, para que não volte a suceder, etc.

Todavia, talvez fizesse mais sentido questionarem a sua crença em Deus.

Segundo o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, Deus, além de ser o criador de tudo o que existe, é um ser omnisciente, omnipotente e bom. (Essa concepção é habitualmente chamada teísmo).

Contudo, essas características que se atribuí a Deus parecem ser incompatíveis com a existência de mal no mundo – como é o caso da morte de várias dezenas de pessoas inocentes devido à queda de um avião.

Se Deus é omnisciente sabe que o mal vai ocorrer.

Se Deus é omnipotente pode impedir o mal de ocorrer.

Se Deus é bom não quer que o mal ocorra.

Ora, o mal efectivamente ocorre, pelo que Deus ou é omnipotente mas não é bom (pode impedir o mal mas não impede) ou é bom mas não é omnipotente (quer impedir o mal mas não pode).

A conclusão que se tira habitualmente dessas premissas é: Deus não existe.

Todavia, é argumentável que essa conclusão não é apoiada pelas premissas e que estas apenas apoiam uma conclusão mais modesta: mesmo que eventualmente Deus exista, este será um ser diferente da descrição feita pelas religiões teístas. Pode suceder que seja um ser poderoso mas não omnipotente, ou então pode tratar-se de um ser omnipotente mas malévolo ou pelo menos indiferente. Não é impossível também que ambas as alternativas sejam verdadeiras e Deus não seja nem omnipotente nem bom.

O problema colocado por esse argumento é conhecido como o problema do mal. Atribui-se a sua primeira formulação ao filósofo grego Epicuro (341-270 a. C.):

“Ou Deus quer impedir o mal e não pode, ou pode mas não quer. Se quer mas não pode, é impotente. Se pode, mas não quer, é malévolo. Mas se Deus pode e quer, de onde vem então o mal?”

Os teólogos e os filósofos crentes ensaiaram muitas tentativas para refutar esse argumento e mostrar que a existência de mal no mundo não é incompatível com a omnipotência e bondade divinas. Os seus contra-argumentos foram por sua vez discutidos e criticados por outros filósofos. No site Filosofia & Educação encontra uma exposição (do filósofo Nigel Warburton) muito clara desses contra-argumentos e das objecções a que se prestam.

(A citação de Epicuro foi retirada do livro: A Arte de Pensar – Filosofia, 10º ano, volume 2, de Aires Almeida e outros, Didáctica Editora, Lisboa, 2007, pág. 147.)

20 comentários:

Anónimo disse...

Por causa do ser humano. O mal prevalece quando os bons desistem de o combater. O bem e o mal são intrínsecos à natureza humana. Não à natureza divina. Para mim, Deus deu-nos o livre arbítrio. Querer responsabilizar Deus pelas nossas acções (ou esperar que Ele as corrija) acho um pouco exagerado. Quando inspecções a aviões defeituosos, que não correspondem aos níveis de segurança exigidos não têm consequências por a companhia aérea não ser europeia, este é o resultado: centenas de mortos e 1 sobrevivente (uma criança). Considero-me crente, mas não me revejo em qualquer religião, precisamente porque não concordo com dogmas e visões deterministas do que é ou deve ser Deus. Para mim é um companheiro. Bem haja. Liberdade Sempre.

Manuela Araújo disse...

E o que é Deus? O que inventou o universo e o tempo? A alma do universo? A fuga do Homem à morte?
Não sei nem nunca vou saber!
Dêem um saltinho lá ao blogue e ouçam uma opinião, de Robert Happé, acho que vem a propósito e que vale a pena. (http://sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.com/2009/06/reflexao-entrevista-com-robert-happe.html)

Carlos Pires disse...

Eht Refrus:

A ideia de que o mal existe pois caso contrário não existira livre-arbítrio é uma das linhas de defesa contra o argumento que referi no post.
Contudo, pode-se objectar que para assegurar a existência de livre-arbítrio um ser realmente omnisciente (e bom) não precisaria de permitir tanto mal.
Por outro lado, o argumento do livre-arbítrio só permite explicar (se é que explica) o mal moral (provocado por seres humanos). E o mal natural (doenças congénitas dolorosas que atingem bebés inocentes, furacões, terramotos, etc.
Obrigado pelo seu comentário

cumprimentos

Carlos Pires disse...

Bastet Ailuros:

Talvez o Universo e o tempo não tenham sido "inventados".

Há diversas respostas para a pergunta "o que é Deus?", nomeadamente esta: "uma invenção humana".

O problema é: qual dessas respostas é verdadeira? Pode também suceder que nenhuma delas seja verdadeira e que a formulação exacta da verdade nunca tenha sido feita.

Seja como for, há certamente uma verdade. E não percebo porque é diz "e nunca vou saber". Não podemos garantir isso: se nos esforçarmos podemos descobrir. Porque não?
E, mesmo que não consigamos chegar a resultados de cuja verdade possamos ter a certeza, a tentativa de compreensão vale por si mesma - pois mesmo que não nos dê certezas poderá dar-nos clareza na formulação dos problemas.

hermogenes disse...

perdoem a acentuacao...eu acho que agora que foi encontrado UM sobrevivente todo crente dira: 'Deus existe, como e que a crianca sobrevivu? So pode ser obra de Deus"
tipico

João disse...

Carlos:

mesmo o mal de origem humana não é compativel com a criação divina. Se Deus é omnipresente e omnisciente, ele sabia as consequencias da sua criação e natureza dos seus actos. Podia ter-nos feito mais doceis. Se não podia não era omnipotente. Se podia e não fez, não é bom.

Simplista? Talvez, mas como se sai desta?

Carlos Pires disse...

João:

Na minha opinião não há saída.

O que disseste equivale - se bem percebi - ao que eu disse noutro comentário: "para assegurar a existência de livre-arbítrio um ser realmente omnipotente (e bom) não precisaria de permitir tanto mal". Admitamos que era necessário haver violações sexuais - mas a bebés?? Mesmo que tal coisa nunca ocorresse a um ser humano haveria ainda muito livre-arbítrio.
Devemos considerar a ideia de Deus e dos seus supostos atributos como um hipótese e depois tentar tirar consequências sem tibieza.
Quando os crentes dão esse tipo de resposta ao problema do mal é como se não levassem a hipótese da omnipotência a sério. Omnipotente quer dizer todo-poderoso, capaz de fazer tudo - por isso...

Carlos Pires disse...

Eht Refrus:

No comentário de há pouco escrevi por lapso "um ser realmente omnisciente (e bom) não precisaria de permitir tanto mal". Em vez de omnisciente devia ter escrito omnipotente.

Carlos Pires disse...

Hermogenes:

Pois é! As coisas más devem-se ao livre-arbítrio humano e as boas a Deus... Como disse, é típico - de um modo de pensar pouco racional e que não se preocupa com a coerência e a justificação das crenças.

Manuela Araújo disse...

Carlos Pires
Quando falei em "a fuga do Homem à morte" referia-me exactamente à invenção humana.
Acho que se em milénios de pensamento sobre o assunto nunca se chegou a uma verdade absoluta.
Acho também que somos demasiado "pequenos" e imperfeitos para entender. Mas concordo consigo que vale a pena tentar buscar essa verdade. Só acho que não chegaremos lá. Mas que há algo que nos transcende, isso há.
Há os que têm fé e acreditam num Deus bom. E em seu nome, fazem muitas vezes muito mal.
Mas é como diz, se existe, não pode ser simultaneamente bom e omnipotente.
Penso que é na nossa natureza humana que está o bem e o mal. No resto do universo, que se saiba, não existe esse conceito.

Gosto do seu blogue, mas perdoe a intromissão duma leiga no assunto.

Carlos Pires disse...

Bastet Ailuros:

Ainda bem que gosta do blogue. Não precisa de pedir desculpa pelas suas opiniões, seja elas quais forem. E quanto a ser leiga: um dos objectivos do DM é divulgar a filosofia a "leigos". As intromissões são, portanto, bem vindas.

Não tinha percebido o sentido que atribui a "fuga do Homem à morte".

Quando diz "Mas que há algo que nos transcende, isso há" suponho que se refere a um ser sobrentural e divino (eventualmente diferente das representações feitas pelas religiões actualmente existentes, eventualmente parecido a essas representações).
Mas há porquê? Como é que se pode justificar esse "isso há"? A fé não é uma justificação, mas sim aquilo que precisa de ser justificado. Ter fé no ser Y significa que se considera verdadeira as proposições "Y existe" e "Y é assim ou assado". A questão que - suponho - um ser racional se deve por é: porque é que acho que isto é verdadeiro?

Quanto ao bem e ao mal estarem, na sua opinião, na nossa natureza e não no resto do universo... terá que ficar para outra ocasião.

Manuela Araújo disse...

Carlos Pires
Quando falo em algo que nos transcende, não vou além da natureza, do universo, do tempo, da nossa espiritualidade. Pois que nos transcende a sua compreensão e a razão da sua existência. É difícil para mim ir mais longe que isso, não pretendia fazer alusão ao divino.
Obrigada pelo diálogo.

Cacau disse...

Deus é omnipotente e omnisciente. Como já aqui foi referido ele deu-nos o livre arbítrio. Deus é um pai terno, afectuoso, educador e exigente. Ele ensinou-nos a distinguir o bem e o mal e depois mandou-nos para a vida e para o mundo de forma a aprendermos cada vez mais (mas desta vez à nossa custa). Este processo passa-se com os nossos pais. O meu pai sempre me ensinou que fumar faz mal, sempre me alertou sobre as consequências negativas do fumo. Mas além disso que vai ele fazer? Seguir-me todo o dia para ver se ando ou não a fumar? Claro que não, nem tinha lógica que o fizesse. Porque EU e só Eu é que tenho de decidir o que fazer à minha vida e como usar os conhecimentos que me foram dados. E não percebo eta insistência de atribuir a Deus coisas que evidentemente nada têm haver com ele. Deus é bom, quer o bem. Porque raio passamos a vida a culpa-lo ou interroga-lo pelas mortes e pelos males do mundo? Essas coisas nada têm haver com ele. É como numa casa onde vivem duas crianças (uma que gosta de bolo de chocolate e outra que não) atribuirmos a culpa do desaparecimento do bolo de chocolate à criança que não gosta dele. Não tem lógica.

Carlos Pires disse...

Bastet Ailuros:

Eu é que agradeço!

Carlos Pires disse...

Cátia:

A analogia que fez com as crianças constitui uma falácia chamada 'falácia da falsa analogia'.
Num bom argumento por analogia as semelhanças consideradas têm de ser significativas e não podem existir diferenças tão relevantes que, digamos assim, se sobreponham às semelhanças.

Ora isso sucede naquele seu exemplo: à criança acusada não é atribuída omnipotência nem bondade perfeita. É o facto dessas características serem atribuídas a Deus que levanta o problema do mal, pois parece haver uma contradição entre elas e a existência de mal no mundo.

Haverá ou não? É aquilo que se está a discutir. Mas não se resolve o problema dizendo: Deus existe e não tem nada a ver com o mal e pronto!

A Cátia escreveu do ponto de vista de uma pessoa crente - e não há mal nenhum em sê-lo, claro!
O que não deve fazer é dar como adquirido aquilo em que acredita logo no início da argumentação. (E o mesmo vale para quem não acredita naquilo em que a Cátia acredita.) Pois o que se espera da argumentação é que justifique as crenças.
Muitas pessoas que discutem o problema do mal também são crentes, mas procuram justificar racionalmente essa crença.
Para tentar encontrar essa justificação Deus não pode ser dado como imediatamente adquirido, não pode ser o ponto de partida - tem de ser o ponto de chegado (se os argumentos lá conseguirem chegar).

Obrigado pelo seu comentário!

Tatiana Nogueira disse...

Deus é considerado o ser o criador de tudo o que existe, sendo omnisciente, omnipotente e bom (qualquer pessoa tem esta definição de Deus, mesmo sendo ateía ou agnóstica), porém temos de ter em conta que apesar dessas características Deus não é o génio da lâmpada mágica e não veio ao mundo para conceder desejos.
O mal é algo que as pessoas criam, quando algo não corre pelo melhor é habitual ver-mos as pessoas rezarem incessantemente. Mas Deus nem sempre pode ajudar, senão não teria o " reconhecimento" que tem actualmente e que teve ao longo da história. Em vez de ser conhecido como ser supremo seria conhecido por " Génio da lâmpada mágica" que concederia desejos, resolvia o mal no mundo de modo a que toda a gente começasse a praticar o mal, cometendo crimes pois afinal bastava " rezar " a Deus para que Ele resolvesse os nossos problemas.
Tomemos como exemplo um pedofilo que violou crianças durante anos a fio, suponhamos que recente foi descoberto pela polícia que está a porta de sua casa, se Deus resolvesse todo o mal que existe no mundo então o pedofilo iria pedir a Deus que fizesse com que os polícias esquecessem o sucedido e assim ficava tudo resolvido e o pedofilo poderia continuar a violar as crianças sabendo que caso fosse apanhado bastava " esfregar a lâmpada" pedir um desejos e os seus problemas ficariam solucionados.
Podemos criticar o argumento que o professor construíu negando a segunda premissa é verdade que Deus é omnisciente sabe que o mal vai ocorrer. É verdade que se Deus é bom não quer que o mal ocorra.
Porém não é impedir o mal é uma condição necessária para um Deus não sendo suficiente, que Deus seria se impedisse o mal sempre que ele estivesse para acontecer?
Se assim fosse as pessoas não aprenderiam com os próprios erros que cometem e muitas são aquelas que dizem " é com os erros que se aprende, só eles nos podem levar a uma melhoria".
O avião caíu morreram muitas pessoas, mas esse acidente pode servir de inspiração para que sejam criadas novas técnicas de voo cada vez mais seguras.
Se tudo fosse bom, se fosse tudo certinho a nossa vida seria monótona e rotineira.
Assim sendo Deus pode ser omnipotente e bom (pode impedir o mal mas não o faz para que os Humanidade aprenda com os seus erros conduzindo-a assim a evolução.
Sendo assim a existência de mal no mundo não é incompatível com a omnipotência e bondade divina.
Logo, Deus existe

Carlos Pires disse...

“qualquer pessoa tem esta definição de Deus (omnisciente, omnipotente e bom, etc) mesmo sendo ateía ou agnóstica” –
não é realmente assim, embora alguns filósofos tenham argumentado como se fosse.
Por exemplo: existem religiões com deuses maus; existem concepções de Deus como o panteísmo e o deísmo que não são compatíveis com todas essas características.

O que a Tatiana escreveu corresponde a um modo de compatibilizar a existência de mal com as tais características divinas ensaiado por diversos filósofos crentes e que pode resumir-se assim:
“o mal é necessário para desenvolver o carácter moral” e por isso Deus, embora seja bom e pudesse impedi-lo, não o impede.
(“Roubei” a expressão entre aspas a um excelente livro recentemente publicado em Portugal: James Rachels, 'Problemas da Filosofia',Gradiva, 2009, p.64).

Acho que, apesar do adiantado da hora - :) - não lhe ter permitido caprichar no português (aquela frase sobre condições necessárias e suficientes não é clara, por exemplo), a Tatiana explicou correctamente a ideia e a utilizou bem para argumentar a favor da sua opinião.

Claro que se poderia ainda contra-argumentar: seria necessário tanto mal para desenvolver o carácter moral das pessoas?

Obrigado pelo comentário, Tatiana. Espero que, caso de vez em quando dê uma espreitadela no DM, os posts a possam interessar.

Ainda não tive oportunidade de ver as pautas, mas espero que a Tatiana e todos os seus colegas tenham tido boas notas nos exames!

Boas férias!!

Cido Guerrero disse...

Que são as coisas más? O que é mau para mim pode ser bom para o Universo. Ao longo da história vimos muitas catástrofes que beneficiaram nações e destruíram outras, mas que propiciaram muitas descobertas que beneficiaram ambas. Vimos também o surgimento de diversos vírus, bactérias que dizimaram muitas pessoas ao longo da história, mas que motivaram muitas pesquisas e grandes descobertas positivas para a raça humana.


Veja como a vida é um dinamismo, bem e mal, vida e morte fazem parte do mesmo Universo. Tudo é devorarão, a morte é apenas um ponto no processo da criação. O mal nada mais é do que a lei dos contrários, ou seja, para existir o dia tem que existir a noite, para que um ser viva outro terá que "morrer". Sendo assim, o existir de qualquer espécie está fundamentado na sobrevivência que é o pivô de tudo.

Se analisamos o porquê do mal do ponto de vista da sobrevivência, vamos perceber que o mal não existe e o que existe é a vida, e que todo ser quer viver. O vírus quer viver, o leão quer viver, a menina que viajava naquele avião caiu, estava buscando a vida, e isso é natural. Agora se pensemos que a nossa existência é mais importante que das outras espécies, certamente também vamos acreditar no mal. Mas se percebermos que somos apenas um ser a mais no Universo, o mal deixa de existir.

Infelizmente esta visão monoteísta de um Deus separado das coisas gerou a idéia de mal. Para mim Deus é vida e não está fora da vida e tudo existe Nele e nada acontece fora Dele, viver e morrer, o bem e o mal, a noite e o dia, o calor e o frio, o ódio e o amor, tudo é manifestação do mesmo Deus desconhecido e ao tempo conhecido em todas as coisas.
São pensamentos de alguém que tenta olhar este mundo de modo holístico, fundamentado na lei da sobrevivência.
Cido Guerrero

Cido Guerrero disse...

Que são as coisas más? O que é mau para mim pode ser bom para o Universo. Ao longo da história vimos muitas catástrofes que beneficiaram nações e destruíram outras, mas que propiciaram muitas descobertas que beneficiaram ambas. Vimos também o surgimento de diversos vírus, bactérias que dizimaram muitas pessoas ao longo da história, mas que motivaram muitas pesquisas e grandes descobertas positivas para a raça humana.
Veja como a vida é um dinamismo, bem e mal, vida e morte fazem parte do mesmo Universo. Tudo é devorarão, a morte é apenas um ponto no processo da criação. O mal nada mais é do que a lei dos contrários, ou seja, para existir o dia tem que existir a noite, para que um ser viva outro terá que "morrer". Sendo assim, o existir de qualquer espécie está fundamentado na sobrevivência que é o pivô de tudo.
Se analisamos o porquê do mal do ponto de vista da sobrevivência, vamos perceber que o mal não existe e o que existe é a vida, e que todo ser quer viver. O vírus quer viver, o leão quer viver, a menina que viajava naquele avião caiu, estava buscando a vida, e isso é natural. Agora se pensemos que a nossa existência é mais importante que das outras espécies, certamente também vamos acreditar no mal. Mas se percebermos que somos apenas um ser a mais no Universo, o mal deixa de existir.
Infelizmente esta visão monoteísta de um Deus separado das coisas gerou a idéia de mal. Para mim Deus é vida e não está fora da vida e tudo existe Nele e nada acontece fora Dele, viver e morrer, o bem e o mal, a noite e o dia, o calor e o frio, o ódio e o amor, tudo é manifestação do mesmo Deus desconhecido e ao tempo conhecido em todas as coisas.
São pensamentos de alguém que tenta olhar este mundo de modo holístico, fundamentado na lei da sobrevivência.
Cido Guerrero

Laércio disse...

Imputar responsabilidades a terceiros é se eximir de todas as ações maléficas que praticamos. Deus existe e nos deu o livre arbítrio. Devemos responder por nossos atos e não respondabilizar Deus por tudo aquilo que acontece de ruim.