Como se pode ler no jornal Público do dia 26-06-2009, «a ministra da Educação admite que as quotas para as classificações de mérito atribuídas a docentes, que a tutela sempre disse serem fundamentais para garantir a diferenciação entre professores, podem afinal deixar de existir a prazo.»
Leia a notícia toda para confirmar o que provavelmente já sabe: a ministra e os seus secretários de estado disseram sempre que as quotas eram imprescindíveis, que sem estas não poderia haver rigor na avaliação dos professores; e alegaram, supostamente em sua defesa, que o mesmo se passa nas empresas (omitindo as diferenças que obviamente existem entre uma empresa e uma escola, seja esta pública ou privada).
Aparentemente, a razão para essa mudança de opinião é o facto de um estudo ter revelado que há outros países europeus em que existe avaliação dos professores mas não existem quotas. Mas seria necessário um estudo, uma investigação científica, para mostrar uma banalidade dessas? A ministra e os seus secretários de estado são profundamente incompetentes, mas essa incompetência (que de resto não seria desculpa) não chega para explicar o desconhecimento de um facto tão simples. Por isso, a posição actual do governo sobre este assunto é constitui um recuo cobarde e não assumido - uma mentira, portanto.
Já que estamos a falar do Ministério da Educação, será isso educativo?
Para o leitor ter termos de comparação considere estes dois factos:
1. Os professores (na sua maioria) elaboram planificações e critérios de avaliação que, nas primeiras aulas, comunicam aos alunos; se ao leccionarem as aulas e avaliarem os alunos não cumprirem essas planificações e critérios podem ser responsabilizados pelos órgãos responsáveis da escola e pelos alunos e seus Encarregados de Educação – que podem, por exemplo, pedir recurso da classificação atribuída.
2. Alguns professores (infelizmente apenas uma minoria), além do que já foi referido, entregam aos seus alunos matrizes dos testes, para que os alunos estudem de uma maneira orientada e eficaz e para que o processo avaliativo seja transparente (a esse respeito consulte neste blogue esta e esta etiquetas).
Ou seja: a prática corrente entre a maioria dos professores é, previamente, darem a conhecer aos alunos as regras do “jogo”. Quando não o fazem são muitas vezes – e justamente! – censurados.
Fazemos essa afirmação na nossa qualidade de professores, mas também de pais e de cidadãos!
O que o governo fez com a avaliação dos professores (uma reforma indispensável, nisso o governo tem razão!) foi, desde o início, exactamente o contrário. O governo foi mudando as regras do “jogo” quando este já estava a ser “jogado” - ao sabor das precipitações e erros que cometeu, de acordo com tácticas políticas e negociações, pressionado pelo descontentamento dos professores e pela crescente evidência pública da inadequação do modelo de avaliação.
Quando um professor avalia os seus alunos desse modo arbitrário sujeita-se a um - merecido! – processo disciplinar. Numa democracia o processo disciplinar dos governos são as eleições. Soube-se hoje (27-06-2009) que o "processo disciplinar" deste governo está marcado para para o próximo dia 27 de Setembro.
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