sábado, 27 de junho de 2009

Não é só em Fátima que ocorrem falsos milagres…

Membros das sociedades espanhola e francesa de Matemática ouvidos pelo jornal Expresso consideraram os exames de Matemática que têm sido feitos em Portugal “fáceis ou muito fáceis”.

Leia mais no blogue A Educação do Meu Umbigo, onde entre outros dados poderá encontrar o quadro a seguir apresentado.

Este quadro mostra claramente quando é que esse facilitismo começou. O caro leitor faça o favor de comparar esses dados com o discurso do governo. Que conclusão tira?

o falso milagre da matemática

Para ajudar a justificar a conclusão referida talvez seja útil o leitor reflectir acerca destas palavras de David Hume:

“nenhum testemunho é suficiente para demonstrar um milagre, a não ser que o testemunho seja de natureza tal que a sua falsidade seja mais milagrosa do que o facto que tenta demonstrar”. Ou seja: perante um pretenso milagre só deveremos acreditar nele se as explicações alternativas forem ainda mais inacreditáveis (mais “milagrosas”) que o próprio milagre.

5 comentários:

Rui Barqueiro disse...

E os membros do ministério da educação conseguem ser tão aldrabões, que foram capazes de dizer que a melhoria dos resultados no 12º se devia ao plano de acção para a matemática (PAM), que estava apenas em aplicação no ensino básico.

Ainda nenhum aluno que fez exames nacionais foi sujeito ao PAM. Só daqui a uns anos. É pena que os jornalistas não estejam minimamente informados para poderem confrontar quem diz estas barbaridades.

Portanto, o sucesso devia-se às medidas do governo. MENTIRA!

Deveu-se sim, à diminuição - óbvia para todos os que analisam os assuntos seriamente - da dificuldade dos exames.

Tenciono mostrar brevemente no Átomo e meio o que se perguntava há anos a alunos do 10º de matemática - coisas que actualmente não se exige aos do 12º. Estarão os alunos a tornar-se burros, donde teremos que exigir menos deles, ou serão os efeitos perversos do eduquês?

Carlos Botelho disse...

Seus bota-abaixistas maledicentes e pessimistas! Como podem duvidar destes resultados? Acaso insinuam que o "governo trabalha para os resultados"?!...
É claro que estes resultados miraculosos são a consequência do Plano de Acção para a Matemática(!), de mais trabalho dos alunos e mais e melhor trabalho dos professores. Deveriamos estar patrioticamente orgulhosos.
E, se os Portugueses quiserem, nos próximos quatro anos, os resultados podem melhorar ainda mais! Acaba-se de vez com o "insucesso"!

Carlos Pires disse...

Rui e Carlos:

Este pode não ser o melhor mundo possível, mas o governo é o melhor governo possível...

A maioria dos defensores de um governo costumam pensar assim.
É triste, mas esse seguidismo acrítico é antigo. Todavia, é preciso reconhecer que actualmente em Portugal se exagera!

DF disse...

É uma pena, mas, como bons portugueses que somos, ou se é morto por ter cão ou se é morto por não o ter!
Eu, por mim, chamem-me idealista, prefiro pensar que os melhores resultados se devem aos melhores professores e ao seu melhor trabalho. Estes, sim, merecem que alguém se lembre deles. São eles que todos os dias fazem o seu trabalho, muito melhor que há uns anos atrás. Conheço, agora como professora, uma maioria de melhores professores do que, como aluna, conheci. Não esquecerei que tive também muito bons professores, mas também não esqueço dos outros. Não esquecerei que ninguém se preocupava com resultados, ou melhor, preocupavam-se sim com quantos chumbariam. Ainda bem que melhorámos, ainda bem que há melhores resultados, a nós se devem!!!

Carlos Pires disse...

DF:

Repare na expressão que utilizou: "prefiro pensar que os melhores resultados se devem aos melhores professores e ao seu melhor trabalho".

Eu também preferia pensar assim, mas isso não faz com que a ideia seja verdadeira. A verdade é independente das preferências pessoais - e patrióticas, já agora.
Eu também preferia pensar que não há crise económica, mas não penso, pois isso não impediria a crise de existir - impedir-me-ia é a mim de compreender a realidade.

O problema é o seguinte:
a melhoria foi demasiado súbita e abrupta! As mudanças na educação, quando são reais, nunca sucedem assim.
Repare: os professores são os mesmos e, tendo em conta o curto espaço de tempo, certamente que os métodos pedagógicos também.
Como explicar então a mudança? Antes os "melhores professores" já estavam a trabalhar! Além disso, leu o comentário do Rui Barqueiro acerca do PAM? Então?

Mesmo que não existissem dúvidas acerca da diminuição do grau de dificuldade dos exames uma subida tão miraculosa seria sempre surpreendente.

Mas essas dúvidas existem, são fundamentadas (não é uma mera questão subjectiva de "eu prefiro pensar asim ou assado") e partilhadas por muitos dos "melhores professores". Ou seja: os principais interessados em recolher os louros dizem que há facilitismo.

Seja como for, obrigado pelo seu comentário. Discordar é bom! Volte sempre!