domingo, 14 de junho de 2009

Boa sorte para os exames e votos de alguma…ansiedade!

Esta manhã vi um rapaz na praia que, enquanto ia dando uns toques na bola, repetia: “terça-feira começam os exames, mas eu não estou nervoso!” Depois de repetir a frase cinco ou seis vezes, chutou a bola para o mar e deixou-se cair na areia, dizendo desanimado: “ok, estou nervoso!”

rapariga a estudar Li não sei onde que (segundo a generalidade dos psicólogos) o excesso de ansiedade é prejudicial, pois faz com que a pessoa “bloqueie” e não consiga mostrar aquilo que sabe, mas que alguma ansiedade é benéfica, pois estimula a atenção e a concentração.

Espero que os estudantes portugueses, nomeadamente os que foram meus alunos, que vão fazer os exames nacionais, sintam apenas níveis moderados de ansiedade e que consigam mostrar aquilo que sabem.

Aproveito para lamentar que em Portugal não exista exame nacional em muitas disciplinas, nomeadamente em Filosofia.

Boa sorte para todos e votos de bom trabalho! E boas férias, claro!

Publiquei um post semelhante no blogue Caderno de Sociologia.

4 comentários:

António Daniel disse...

É de facto de lamentar a ausência de exame a filosofia; mais, é de facto de lamentar que a filosofia de 12º esteja fora dos planos dos nossos estudantes. Apesar de ser suspeito no que digo, digo-o com propriedade: a filosofia no 12º ano é um momento importante para a formação dos estudantes. Se houve disciplina que, apesar ou talvez por ser cognitiva e culturalmente completa, contribuiu para o meu aperfeiçoamento intelectual e linguístico foi a filosofia. Aliás, sou defensor da ideia, embora reconheça que tal será impossível, de tornar a filosofia obrigatória para o 12º ano e retirá-la do 10º ano.

Carlos Pires disse...

Obrigado pelo comentário, António.

É de facto lamentável o que sucedeu à Filosofia no 12º.
Há muitas causas para isso: o próprio programa, que é mau; o facto de durante os últimos anos só ter havido uma disciplina de opção no 12º; o desaparecimento do exame de filosofia do 12º (que funcionava como prova específica para alguns cursos, nomeadamente Direito); mas também a prática de muitos professores de Filosofia - alguns (incompetentes) tornam a Filosofia algo caricatural; outros, apesar de competentes, não conseguem convencer o número de alunos suficientes para formar turmas de Filosofia 12.
Creio que não haveria vantagem em tirar a disciplina do 10º e pô-la no 12º, pois ela pode desempenhar um papel importante logo no 10º e pelo que tenho observado não existe um substancial aumento de maturidade e gosto pelo conhecimento nos alunos do 12º.
Cumprimentos.

Tatiana Nogueira disse...

Eu penso que filosofia deveria de ser uma disciplina trienal, no primeiro ano discutimos problemas e descobrimos qual é a melhor forma de os argumentar ou até mesmo de refutar justificações (que achemos erradas) de outras pessoas. Pode dizer-se que acordamos para um "novo mundo", eu falo por mim que no que toca a certos assuntos comecei a pensar melhor naquilo que nos querem impor e em que querem que acreditemos sem questionar.
No 10º ano portanto apercebemo-nos de como devemos dispor as nossas justificações.
No 11º ano reforçamos a ideia, debatemos mais problemas e estudamos a estrutura que deve ter a nossa argumentação para ser uma " boa argumentação", isto é, estudamos a forma que nos parece mais plausível de utilizar, vemos também as que não são aceitáveis e que por incrível que pareça passam despercebidas, ( falácias que são usadas na publicidade) as pessoas acreditam facilmente no que lhes querem transmitir mesmo que isso não possua qualquer nexo lógico (aqui está a prova de que toda a gente deveria ter tido filosofia, isto poderia fazer com que os portugueses realmente " apertassem o cinto".
No 12º ano seria um ano de aperfeiçoamento de tudo o que foi leccionado, com muita pena minha não há filosofia neste ano, o exame iria ajudar bastante também.
Na escola, falei com alguns alunos mas é impensável, a ideia de terem filosofia no 12º ano não parece "cativar-los" muito.
A verdade é que cada vez mais se faz "stop ao espírito crítico", disciplinas como a de filosofia incentivam ao pensamento, sobre o que é realmente bom e o que é mau, o que é plausível e o que parece ser plausível e isso dá " muito trabalho", porque seria preciso " pensar bastante" e não se pode fazer isso aos alunos.
Eu pessoalmente prefiro professores que puxem pelos alunos, que apesar destes quererem ficar no seu cantinho e não participarem o professor/a coloca questões tentando incentivar o aluno a aplicar-se ou a participar mais.
Claro que o aluno também deve fazer algum esforço mesmo que não goste da disciplina mas ao ser chamado a atenção sente que não é apenas mais um na sala de aula.
Penso que isso seja um "pequeno" problema da educação, pois actualmente é preferível deixar o aluno dormir na aula, ou jogar seja lá o que for em que aula for do que puxar por ele e faze-lo "despertar para a realidade".
Mas não deixa-lo dormir é mesmo a melhor opção, se ele for daqueles que no final do período reclama devido a sua nota, melhor ainda porque a professores que a sobem pelo menos 1 valor porque " coitadinho/a" do aluno/a que esteve cansado das noitadas o período todo não estudou e agora corre o risco de chumbar.
Mas enfim, os professores nos dias de hoje também não estão em boas condições pois o método de avaliação que querem aplicar não é o mais correcto.

Carlos Pires disse...

Obrigado Tatiana. Há diversos factores que tornam difícil a escolha da Filosofia no 12º:
- O próprio programa da disciplina, que não está bem concebido.
- O desaparecimento do exame.
- O facto dos alunos querem experimentar disciplinas novas, a pensar na Universidade.
- O facto do exercício do pensamento crítico não ser especialmente valorizado por muitos alunos.
- Etc.