sábado, 4 de abril de 2009

O que pode acontecer na ausência do Estado? – Um exemplo (1)

Ryszard Kapuscinski era um jornalista polaco. “Andanças com Heródoto” (editora Campo das Letras) é um relato, em forma de diário, sobre as inúmeras viagens que fez a vários países do mundo, onde existiam conflitos políticos, guerras ou revoluções (é deste livro a citação do segundo post que coloquei neste blogue).

A crueza das suas descrições e a imparcialidade com que retrata os factos políticos presenciados em diferentes pontos do planeta, além da clareza com que escreve, fornecem boas razões para ler este livro.

Eis outra: como se relacionam as reflexões da filosofia política com as políticas implementadas, nos diferentes países, em determinados momentos históricos?

Vejamos um exemplo: a situação, descrita por Hobbes, resultante da ausência do Estado. Neste caso, diz o filósofo, dada a inexistência de ordem e de lei, impera a “lei do mais forte”, vive-se num “estado de guerra permanente”, há um medo constante, pois a vida de cada pessoa encontra-se permanentemente em perigo.

Ryszard Kapuscinski descreve os acontecimentos a que assistiu num país africano, o Congo, durante um período de guerra civil (das muitas que já lá existiram) no início dos anos sessenta.

Os factos relatados (no post seguinte), por Ryszard Kapuscinski permitem ilustrar algumas das ideias defendidas por Hobbes relativamente às consequências da ausência de Estado.

Mostram-nos também que o pensamento dos filósofos não se encontra desligado da realidade, antes pelo contrário permite-nos compreendê-la melhor.

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