Vale a pena ler o post "Opinião de um encarregado de educação" de Helena Damião, no blogue De Rerum Natura. Helena Damião começa por apresentar a opinião de Alberto Diamantino Costa, que, numa carta ao jornal Expresso, criticou o modelo de avaliação dos professores que o governo tem tentado impor, fazendo uma espécie de redução ao absurdo: imaginar as consequências obviamente más que esse modelo de avaliação teria se fosse aplicado a outras classes profissionais - por exemplo, aos médicos. "Bem visto", dirão quase todos os leitores. Infelizmente, logo a seguir lemos algo que, apesar de parecer inacreditável, é verdadeiro: o governo português apresentou recentemente uma proposta para avaliar os médicos que "deve obedecer ao Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública e, nessa medida, será muito parecida à avaliação do desempenho dos professores. Implicará o estabelecimento de objectivos individuais, a sua confrontação com os resultados obtidos, o uso de grelhas, etc."
Ou seja: serão considerados melhores médicos aqueles que passarem mais receitas e atenderem mais doentes em menos tempo.
Se continuarmos por esse caminho, os melhores polícias serão os que passam mais multas e os melhores coveiros os que enterram mais cadáveres.
Nesta altura do campeonato talvez já não valha a pena alongarmo-nos nos comentários. Para os nossos iluminados governantes, habituados que estão a viver no "mundo" virtual dos decretos de lei e dos conselheiros de imagem, a possibilidade de um médico passar muitas receitas e mal olhar para os pacientes ou de um polícia inventar infracções (ignoro piedosamente a possibilidade de um coveiro matar pessoas para ter mais cadáveres para enterrar), é certamente uma possibilidade indigna de consideração. De facto, o pior cego é aquele que não quer ver.
Para terminar, a lucidez triste de Eça de Queirós (citado de memória): "Isto não é um país, é um sítio".
Ou seja: serão considerados melhores médicos aqueles que passarem mais receitas e atenderem mais doentes em menos tempo.
Se continuarmos por esse caminho, os melhores polícias serão os que passam mais multas e os melhores coveiros os que enterram mais cadáveres.
Nesta altura do campeonato talvez já não valha a pena alongarmo-nos nos comentários. Para os nossos iluminados governantes, habituados que estão a viver no "mundo" virtual dos decretos de lei e dos conselheiros de imagem, a possibilidade de um médico passar muitas receitas e mal olhar para os pacientes ou de um polícia inventar infracções (ignoro piedosamente a possibilidade de um coveiro matar pessoas para ter mais cadáveres para enterrar), é certamente uma possibilidade indigna de consideração. De facto, o pior cego é aquele que não quer ver.
Para terminar, a lucidez triste de Eça de Queirós (citado de memória): "Isto não é um país, é um sítio".
1 comentário:
Vou aceitar a sugestão: "desporto por desporto..." e começar a visitar este espaço, se me permitem. Já agora o SIADAP aplicado aos políticos? Gostava de ver uma lista dos objectivos individuais desta classe!
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