A definição tradicional de conhecimento (proposicional), que remonta a Platão, diz que temos conhecimento quando temos uma crença verdadeira justificada. Tomadas em conjunto, a crença, a verdade e a justificação, constituem condições suficientes para haver conhecimento. Será isso correcto? Bastará reunir essas três condições para termos um conhecimento?
Em 1963, o filósofo americano Edmund Gettier publicou um artigo em que procurava mostrar, através da apresentação de contra-exemplos, que a reunião dessas três condições não é suficiente para haver conhecimento; ou seja, que podemos ter uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.
(Em vez dos contra-exemplos desse filósofo, vamos considerar outros, equivalentes mas mais fáceis de entender.)
1. Contra-exemplo formulado pelo filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970).“O relógio da igreja da tua terra é bastante fiável e costumas confiar nele para saber as horas. Esta manhã, quando vinhas para a escola, olhaste para o relógio e viste que ele marcava exactamente 8h e 20m. Por isso, formaste a crença de que eram 8h e 20m. O facto do relógio ter sido fiável no passado justifica a tua crença. Contudo, sem que o soubesses, o relógio tinha avariado no dia anterior exactamente quando marcava 8h e 20m. Assim, tens uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.”
2. Contra-exemplo formulado por Jonathan Dancy, no livro “Epistemologia Contemporânea”:
“Henry está a ver televisão numa tarde de Junho. Assiste à final masculina de Wimbledon e, na televisão, McEnroe vence Connors; o resultado é de dois a zero e ‘match point’ para McEnroe no terceiro ‘set’. McEnroe ganha o ponto. Henry crê justificadamente que
1. Acabei de ver McEnroe ganhar a final de Wimbledon deste ano, e infere sensatamente que
2. McEnroe é o campeão de Wimbledon deste ano.
No entanto, as câmaras que estavam em Wimbledon deixaram na realidade de funcionar, e televisão está a passar uma gravação da competição do ano passado. Mas enquanto isto acontece, McEnroe está prestes a repetir a retumbante vitória do ano passado. Portanto, a crença 2 de Henry é verdadeira, ele tem decerto justificação para crer nela. Contudo, dificilmente aceitaríamos que Henry conhece 2.”
Em 1963, o filósofo americano Edmund Gettier publicou um artigo em que procurava mostrar, através da apresentação de contra-exemplos, que a reunião dessas três condições não é suficiente para haver conhecimento; ou seja, que podemos ter uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.
(Em vez dos contra-exemplos desse filósofo, vamos considerar outros, equivalentes mas mais fáceis de entender.)
1. Contra-exemplo formulado pelo filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970).“O relógio da igreja da tua terra é bastante fiável e costumas confiar nele para saber as horas. Esta manhã, quando vinhas para a escola, olhaste para o relógio e viste que ele marcava exactamente 8h e 20m. Por isso, formaste a crença de que eram 8h e 20m. O facto do relógio ter sido fiável no passado justifica a tua crença. Contudo, sem que o soubesses, o relógio tinha avariado no dia anterior exactamente quando marcava 8h e 20m. Assim, tens uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.”
Luís Rodrigues e outros, “Filosofia – 11º”, 1ª edição, 2004, Plátano Editora, pág. 198.
2. Contra-exemplo formulado por Jonathan Dancy, no livro “Epistemologia Contemporânea”:
“Henry está a ver televisão numa tarde de Junho. Assiste à final masculina de Wimbledon e, na televisão, McEnroe vence Connors; o resultado é de dois a zero e ‘match point’ para McEnroe no terceiro ‘set’. McEnroe ganha o ponto. Henry crê justificadamente que
1. Acabei de ver McEnroe ganhar a final de Wimbledon deste ano, e infere sensatamente que
2. McEnroe é o campeão de Wimbledon deste ano.
No entanto, as câmaras que estavam em Wimbledon deixaram na realidade de funcionar, e televisão está a passar uma gravação da competição do ano passado. Mas enquanto isto acontece, McEnroe está prestes a repetir a retumbante vitória do ano passado. Portanto, a crença 2 de Henry é verdadeira, ele tem decerto justificação para crer nela. Contudo, dificilmente aceitaríamos que Henry conhece 2.”
Jonathan Dancy, “Epistemologia Contemporânea”, Edições 70, pp. 41-42.
2 comentários:
Caros Professores,
Ao ler estes dois contra-exemplos, não posso deixar de me pronunciar, não tenho dúvidas de que o exemplo contrário ou contra-exemplo apresentado acerca do "relógio da igreja" tenha sido formulado por Bertrand Russel, no entanto, não posso dizer o mesmo acerca do exemplo contrário respeitante à "final de Wimbledon", o mesmo é apresentado por J. Dancy no seu livro Epistemologia Contemporânea, mas não existe referência de que tenha sido formulado pelo próprio autor, mas sim por Brian Garrett.
Caros professores, desejo uma boa continuação e felicidades para o Blog.
:)
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