Excerto da entrevista de Américo Baptista, psicólogo clínico e professor da Universidade Lusófona, ao jornal Público (22.03.2010).
“Que consequências terá este clima [de indisciplina e violência] na formação dos alunos?
Não há transmissão de conhecimentos sem uma aula relativamente ordeira. Há uma perspectiva de educação pela positiva exagerada. A greve aos trabalhos de casa, em 2004, é um exemplo de como se está a ensinar as crianças a desobedecerem e a ficarem sem hábitos de trabalho. E as regras, por vezes, têm de ser impostas de forma repressiva. Sempre que um aluno tem um comportamento desadequado, este deve vir acompanhado de uma consequência desagradável. Não pode persistir a ideia de que as coisas acontecem sem esforço. Estamos a formar uma geração que queremos que se sinta sempre bem... Mas sentir-se bem não é o mesmo que fazer bem. Fazer bem implica esforço e estes alunos quando um dia tiverem uma dificuldade não vão saber lidar com a frustração.
De que forma pode a escola reverter a situação? A solução passa por reforçar o poder dos directores das escolas?
É fundamental discutir e estabelecer estratégias em grupo. Se a cultura de uma escola for a "tolerância zero" a este tipo de situações, os conflitos vão diminuindo. O apoio de toda a comunidade educativa e um clima de protecção são essenciais para que os professores exerçam o seu trabalho. Deve haver suporte entre pares e o limite do aceitável deve ser bem definido. Os medos não desaparecem sem o apoio da escola e sem ser dada aos professores uma sensação verdadeira de segurança e controlo. De dizer que se vai dar autoridade aos directores a concretizá-lo vai um grande passo. Quanto aos alunos, é importante trabalhar a inteligência emocional, isto é, fazer com que compreendam as emoções e que consigam sentir o que é estar na pele do outro.”
Clique aqui para ler mais, pois vale a pena. É pena que a maioria dos psicólogos que falam publicamente sobre educação não se exprima com a lucidez de Américo Baptista, preferindo a conversa fiada do “eduquês”.
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