segunda-feira, 1 de março de 2010

Carpe diem!

Esta tarde, enquanto observava o meu filho a brincar no escorrega, assisti a uma zaragata motivada por divergências acerca do futebol. Empurrões e murros utilizados como “argumentos” a favor e contra a qualidade do plantel de um certo clube. A atenção fanática que é dedicada ao futebol pode suscitar considerações muito diversas, mas naquele momento a mim ocorreu-me que, não havendo certamente uma vida depois desta, perder tempo desse modo é um desperdício insensato. E veio-me à memória o célebre poema   em que Horácio nos aconselha  a  “carpe diem” - expressão que David Mourão-Ferreira  traduziu por “colher o dia”.

"Não procures, Leuconoe, - ímpio será sabê-lo -
que fim a nós os dois os deuses destinaram;
não consultes sequer os números babilónicos:
Melhor é aceitar! E venha o que vier!
Quer Júpiter te dê ainda muitos Invernos,
quer seja o derradeiro este que ora desfaz
nos rochedos hostis ondas do mar Tirreno,
vive com sensatez destilando o teu vinho
e, como a vida é breve, encurta a longa esp'rança.
De inveja o tempo voa enquanto nós falamos:
trata pois de colher o dia, o dia de hoje,
que nunca o de amanhã merece confiança."

Horácio, Odes, I.

6 comentários:

Marta disse...

muito bom!

é por estas e por outras que gosto de vir até aqui.

Carlos Pires disse...

Obrigado Marta. Volte mais vezes.

Laurent disse...

Excelente!

Gostei muito do teu post, e do teu Blog.

Saudações do Brasil :)

Angel.

Carlos Pires disse...

Angel:

Obrigado pelas suas palavras. Espero que possa continuar a encontrar motivos de interesse no Dúvida Metódica.

Sentado no Fim de uma Âncora disse...

Magnífico poema.
Gosto muita da tradução feita por David Mourão-Ferreira de “carpe diem” para “colher o dia”.

Carlos Pires disse...

Canto:

Obrigado.