Esta tarde, enquanto observava o meu filho a brincar no escorrega, assisti a uma zaragata motivada por divergências acerca do futebol. Empurrões e murros utilizados como “argumentos” a favor e contra a qualidade do plantel de um certo clube. A atenção fanática que é dedicada ao futebol pode suscitar considerações muito diversas, mas naquele momento a mim ocorreu-me que, não havendo certamente uma vida depois desta, perder tempo desse modo é um desperdício insensato. E veio-me à memória o célebre poema em que Horácio nos aconselha a “carpe diem” - expressão que David Mourão-Ferreira traduziu por “colher o dia”.
"Não procures, Leuconoe, - ímpio será sabê-lo -
que fim a nós os dois os deuses destinaram;
não consultes sequer os números babilónicos:
Melhor é aceitar! E venha o que vier!
Quer Júpiter te dê ainda muitos Invernos,
quer seja o derradeiro este que ora desfaz
nos rochedos hostis ondas do mar Tirreno,
vive com sensatez destilando o teu vinho
e, como a vida é breve, encurta a longa esp'rança.
De inveja o tempo voa enquanto nós falamos:
trata pois de colher o dia, o dia de hoje,
que nunca o de amanhã merece confiança."Horácio, Odes, I.
6 comentários:
muito bom!
é por estas e por outras que gosto de vir até aqui.
Obrigado Marta. Volte mais vezes.
Excelente!
Gostei muito do teu post, e do teu Blog.
Saudações do Brasil :)
Angel.
Angel:
Obrigado pelas suas palavras. Espero que possa continuar a encontrar motivos de interesse no Dúvida Metódica.
Magnífico poema.
Gosto muita da tradução feita por David Mourão-Ferreira de “carpe diem” para “colher o dia”.
Canto:
Obrigado.
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