quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Reflectir sobre a arte: três sugestões

Para fugir do imenso calor lisboeta pode-se procurar refúgio em Museus: locais de temperatura aprazível e sem grandes ajuntamentos.

Encontra-se, temporariamente, no Museu Gulbenkian uma exposição do pintor Henri Fantin-Latour (1836-1904) que vale mesmo a pena ser visitada (para mais informações ver aqui e aqui).

Destaco, dos quadros expostos, A Leitura (1870, Óleo sobre tela, 95 x 123 cm).

A leitura. jpg

Outro local visitável é o Museu Berardo (no Centro Cultural de Belém), nomeadamente a exposição Arriscar o real, onde poderá apreciar, além da obra apresentada na imagem seguinte, objectos como cortinas, telas pintadas de uma só cor, por exemplo.

525x330arriscar

Após a experiência de contactar, nos dois museus, com objectos tão distintos – todos eles designados como “obras de arte” - pode-se colocar a questão:

Qualquer objecto pode ser uma obra de arte ou deverá possuir determinadas características para ser assim considerado?

Para ajudar a responder a esta pergunta filosófica e a muitas outras (sem o discurso pretensioso que, por vezes, é adoptado por quem trata estes assuntos), sugiro a leitura do livro: O que é a arte, de Nigel Warburton, da Editora Bizâncio (para saber mais clicar aqui).

5 comentários:

Manuela Serafim disse...

Tenho o livro, mas li apenas algumas páginas. Também dá alguns exemplos de coisas estranhas que actualmente são consideradas obras de arte. Acho que essas "obras" são uma aldrabice e uma das muitas manifestações do relativismo que "infecta" o nosso tempo.

Sara Raposo disse...

Penso que devemos evitar, tal como noutros assuntos as generalizações. Há boas obras de arte produzidas na actualidade, cujo valor não depende de ideias discutíveis e, do meu ponto de vista, algumas delas absurdas, como por exemplo considerar um objecto designado como obra de arte apenas em função do contexto em que se encontra inserido (por ex: pedras ou lixo colocados, aleatoriamente, no chão de um Museu), de uma teoria ou do estado psicológico produzido no espectador. Na colecção Berardo tem alguns exemplos ilustrativos disto. Provavelmente, por ignorância minha (li alguma coisa sobre o assunto mas se calhar não tanto como seria desejável) e falta de sensibilidade admito, a minha experiência relativamente a algumas das obras lá expostas é - utilizando uma expressão popular - a de "um boi a olhar para um palácio".

Anónimo disse...

Penso que nunca irá ser possível estabelecer um consenso sobre o que é a arte.
Na minha opinião a arte é algo que nos apele aos sentimentos e que nos faça sentir algo. É o contrário da indiferença.
Por exemplo, existe um album chamado "The Best Of Marcel Marceau" no qual são apresentados 40 minutos de silêncio seguidos de palmas.
Assim sendo, este albúm pode ser considerado uma obra de arte pelas pessoas que sentiram algo enquanto o ouviam, pelas pessoas que pensaram e reflectiram sobre a mensagem que o artista quereria transmitir, entre outros.
Apesar de tudo, esta é só a minha opinião e sei que muita gente nao a respeita. Sei também que pode ser facilmente apontado o facto de se a arte fosse o que defini acima, poderia existir um museu no qual apenas algumas das obras expostas fossem consideradas obras de arte e isto levantaria alguns problemas a nível moral.
O importante é trocar ideias e discutir sobre as opiniões de cada um para conhecer cada vez mais.

Sara Raposo disse...

É verdade que os juízos estéticos variam. Todavia, tal como refere, esse facto não deve ser apresentado como uma razão para evitar a troca de argumentos.
No livro “O que é a arte?”, sugerido no post, poderá encontrar algumas teorias filosóficas que justificam ideias semelhantes às suas. Nele também se abordam alguns problemas fundamentais que se podem colocar neste domínio.
Discordo da sua perspectiva, como já referi, não julgo que os sentimentos provocados no espectador devam ser o critério fundamental (ou então o único) para algo ser considerado uma “obra de arte”.
Quanto aos problemas, referidos no seu comentário, que se levantariam a nível moral: pode explicitar?
Cumprimentos.

Manuela Serafim disse...

Obrigado Sara.
Se considerarmos essas coisas obras de arte, torna-se impossível distinguir boas e más obras de arte.