domingo, 16 de agosto de 2009

Apologia dos exames e da exigência

Recentemente foram publicados no blogue De Rerum Natura três textos imprescindíveis acerca da importância dos exames e da exigência no ensino:

Sobre os exames, de Miguel Galrinho.

Exames e igualdade, de Helena Damião (com extensa citação de D. Schwanitz, que analisa a situação na Alemanha).

O difícil exame para corrermos o risco do futuro, do sociólogo italiano Francesco Alberoni.

Um dos aspectos presentes nesses três textos é a refutação da ideia absurda (mas muito cara ao “eduquês”) de que os exames promovem a desigualdade social.

Eis algumas linhas do texto de Alberoni, para abrir o apetite:

“A vida, na sua essência, na sua estrutura, é projecto e risco. Há sempre um momento em que ficamos suspensos à espera (...). Não compreendo os pedagogos que pretendem acabar com os exames nas escolas. O exame é parte integrante da educação. Não compreendo os pais que pretendem evitar esse stress aos filhos. Viver significa prever, calcular, dominar o stress.”

5 comentários:

João disse...

Não posso deixar de pensar que acabar com os exames tem como finalidade ocultar falhas graves na aprendizagem, originadas em deficiencias educativas...

A grande exposição dos exames, aquilo que fica nu para todos verem, é a baixa sofisticação intelectual da nossa sociedade.

Mas acabar com os exames, meter a cabeça na areia, fingir que nada se vê, só vai tornar mais dificil corrigir um problema profundo da nossa sociedade. Vai-se perder a noção da gravidade da situação, até que um pais inteiro sem o sentido da dedicação ao estudo, sem capacidade de esforço, se veja dobrado sob o peso das exisgencias que o futuro trará.

É a minha crença mais que profunda que só muita inteligencia poderá manter uma populaçao numerosa como atual a viver. E a inteligencia não existe sem a educação. Ou melhor, é como se lá não estivesse, sem educação. Porque ignorar o que homens dedicados conseguiram saber antes de nós não é só estupido. É profundamente perigoso.

Se alguem tiver a ideia de me vir acusar com a falácia "argumentum ad metum", por favor pense bem como vai sustentar a sua defesa. Se depois disso ainda achar que vale a pena, então escreva. Fico à espera.

João disse...

Aproveito para exclarecer uma pressuposto importante do que escrevi:

Se os nossos jovens alunos não são melhores, e se alguem tem culpa, somos todos os culpados. A culpa corre atraves da sociedade. Dos pais, aos vizinhos e dos amigos aos professores.

O QI tende para a media da sociedade em que o individuo se move.

O seu referencial cultural sem duvida que tambem. (é de lapalisse...)

O valor que os miudos dão ao saber, certamente que tambem.

Carlos Pires disse...

João:

Não há falácia nenhuma.
Apelar ao medo, e genericamente às consequências nocivas de uma certa coisa, só é falacioso se não houver justificação para tal.
Mas os receios que enuncias são, infelizmente, justificados.

Não sei se é apenas o desejo de esconder a realidade que leva algumas pessoas a tentarem acabar com os exames (ou então a torná-los ineficientes, através do facilitismo e da mudança constante de regras). No caso dos políticos se calhar é. Mas o caso dos defensores do "eduquês" é mais complicado: eles parecem acreditar mesmo naquelas tretas!

Quanto a sermos todos culpados: essa ideia faz a responsabilidade diluir-se. Quando a culpa é de todas acaba por não ser de ninguém - e morre solteira!

João disse...

Carlos:

O que dizes é verdade. REsponsabilidades divididas dão em responsabilidades de ninguem É um problema só por si.

Mas esta é uma questão multifactorial e a maioria destes factores causais precisam de ser no minimo atenuados. Claro que tambem tem pesos diferentes, uns e outros.

Ou estarei enganado?

Carlos Pires disse...

Multi-factoriais sem dúvida. E difíceis.