terça-feira, 21 de julho de 2009

Song to the moon: os pés na terra e a cabeça na Lua!

‘Song to the moon’, de Antonín Dvorák, interpretada por Leontyne Price.

Neil Armstrong pisou a Lua há 40 anos. Foi o primeiro ser humano a pisar terra que não é da Terra. Esta ‘Song to the moon’ não nos leva até ao satélite natural do planeta Terra, mas deixa-nos na Lua – no sentido metafórico da expressão.

2 comentários:

Autorretrato disse...

Olá Carlos Pires... com certeza a sua argumentação foi a melhor postagem já exposta até agora no blog do Autorretrato. Todo questionamento serve para contribuir porque nos leva a reflexão... mas nem sempre temos as conclusões. Este não foi diferente. Portanto vamos lá:

As imagens produzidas pelas crianças Wakonãs são recortes da realidade da comunidade indígena Alto do Capela, que fica em Palmeira dos Índios, região do Agreste de Alagoas, no Nordeste do Brasil. Ou seja, fragmentos da realidade que foram produzidos pelo povo da etnia wakonã numa tentativa de fazer seus “autorretratos”. O autorretrato do que é hoje – tempo presente – o povo da etnia Wakonã Xucuru-Kariri deste pedaço – minúsculo – de Brasil.

Nós do projeto, que defendemos a democratização das tecnologias e do conhecimento aliada à formação social e cultural, apenas estimulamos através das oficinas de fotografia a percepção da identidade destas comunidades. Neste processo, nossa interferência é diante da valorização do costume e da tradição que já existe. Tanto, que se você observar melhor irá perceber que eles estão como realmente são. Índios “modernos”, civilizados, que usam celular, possuem carro, TV entre outras coisas... mas preservam os costumes de seus antepassados garantindo a identidade indígena. Se a tecnologia invade culturas... que chegue também para contribuir... está é a função do Projeto.

Às vezes, a impressão que temos das coisas são as mesmas que vemos e lemos na TV e nos livros de história. Naqueles livros escritos por “homens brancos e pardos” que só possui a versão dos vitoriosos ou do protagonista da história – de quem paga a publicação. Nós do projeto também esperávamos índios sem roupas, pintados para guerra, vivendo em ocas e da agricultura de subsistência. A realidade mudou. A ficha caiu. E vimos que índios são humanos assim como nós. E também querem bem mais que apito... Decepção? Não. Encontramos a etnia Wakonã como eles realmente são... com toda a interferência cultural; mas com aspectos que os identificam.

Se um wakonã não aceita sua identidade. Eu, em particular, não posso nem lamentar por ele. Também já vivi dias que não aceitava a minha. Hoje não abro mão do que me identifica como Nordestino. Somos livres para fazer escolhas. Mas elas sempre estão atreladas a nossa identidade. Até a negação da origem, pode está atrelada à formação social e cultural; e a história de um povo. Quanto ao fator “limitação”, aderir, respeitar, exercer aspectos culturais não impede que ninguém avance. Quantas empresas multinacionais recorrem à tradição para garantir produtos modernos? Está atrelado a Mundialização – globalização cultural – não é sinônimo de traição a identidade... mas de incorporação para sobrevivência.

Poderia passar horas escrevendo este questionamento e ainda ficaria muitas outras coisas a dizer. De imediato é isso... os autoretratos wakonãs são AUTORRETRATOS.

Aguado novas argumentações...

Carlos Pires disse...

Autorretrato:

Obrigado pelo elogio, mas ele é um pouco exagerado. Limitei-me a exprimir algumas dúvidas.

O que alimentou essas dúvidas foi o facto de alguns defensores do multiculturalismo defenderem ideias cujas consequências (não assumidas)são estas:
o multiculturalismo é bom para os brancos (europeus, americanos, etc.), mas é mau para os indígenas.
Se um português, em vez de se agarrar às tradições portuguesas assimilar algumas tradições por exemplo angolanas, é uma pessoa merecedora de admiração - se ele recusar quase todas as tradições portuguesas e substitui-las por tradições angolanas, essa admiração não diminui (é um fulano de mente aberta, dirão).
Mas, se um angolano se desligar de muitas das suas tradições e abraçar as tradições portuguesas, é visto como uma vítima da aculturação, do imperialismo cultural dos brancos (e não é de modo nenhum considerado uma pessoa de mente aberta que fez uma escolha livre).

Essa maneira de ver a situação implica a existência de 2 pesos e 2 medidas - e no fundo, é uma forma disfarçada e paradoxal de etnocentrismo.
Há nesse modo de pensar uma menorização dos não brancos, dos indígenas - pois considera-se que foram vítimas e não se lhes reconhece a capacidade de, por sua livre escolha, gostar mais de outras culturas que da sua (o que é reconhecido e elogiado ao branco).

Seja como for, se bem percebi o seu comentário não é assim que pensa. Ainda bem.

Já agora: espero que o DM possa ter motivos de interesse para si - veja por exemplo, as etiquetas "relativismo" e "relativismo cultural".

Cumprimentos!