Numa aula em que terminei a matéria poucos minutos antes do toque de saída, alguns alunos procuraram convencer-me a deixar a turma sair mais cedo. “Não… A menos que me convençam com boas razões – disse-lhes. - E mesmo assim será difícil!”
Então, uma das alunas levantou o braço e disse, com a convicção inabalável dos seus quinze anos: “A professora deve deixar-nos sair porque tenho lá fora à minha espera o amor da minha vida!”
Com alguma admiração perguntei-lhe: ”Como é que sabes tanto sobre o teu futuro?” Ao que ela ripostou: “Eu não sei explicar apresentando razões, mas tenho a certeza”.
É difícil pensar de modo racional sobre o amor romântico quando estamos a vivê-lo: as nossas razões são vencidas pelos sentimentos. No entanto, uma parte significativa da nossa auto-estima e satisfação com a vida depende de uma certa dose, eu diria de sorte, nesta matéria.
Para os leitores perceberem melhor o sentido das afirmações da minha aluna, experimentem a ouvir a canção “Valsinha”, escrita por Vinícius de Moraes e cantada por Chico Buarque.
5 comentários:
Olá Sara,
Agora para rirmos um pouco: conheço bem esses argumentos dos alunos, principalmente os do 10º ano. Mas há uma boa questão que se pode colocar nesses casos: se o amor que está à espera é de uma vida, que diferença fará esperar 20 ou 30 minutos se o tal amor durará toda a vida? Seria mais dramático se tal amor somente fosse durar uns dois dias. Aí sim há que aproveitar nem que sejam os tais 20 minutos da aula, o que não é o caso. :-)
possivelmente estaria lá fora o tal amor da vida dela..............
beijinhos
Rolando:
A urgência de encontrar o amado e a dificuldade em analisar, do ponto de vista racional, as motivações e as contradições do discurso não surpreendem na adolescência.
Só é pena que esta urgência raramente se aplique ao conhecimento e seja muitas vezes canalizada apenas para aquilo que produz um prazer imediato.
Perguntei aos meus alunos do 11º ano - uma turma de ciências com boas notas - exemplos de actividades que pudessem ser fonte de prazer. Depois de serem dados múltiplos exemplos, perguntei-lhes se não se tinham esquecido de um muito importante: aprender. A resposta: um sorriso generalizado.
Cumprimentos.
Gaivota:
Talvez...o tempo o dirá.
Obrigada pelo seu comentário.
Compreendo os comentários anteriores, mas quem tem filhos adolescentes também se apercebe de que para um jovem, um mês é uma eternidade, a noção temporal é completamente distante da de um adulto:)
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