“O argumento ontológico é uma tentativa de mostrar que a existência de Deus se segue necessariamente da definição de Deus como o ser supremo. Porque esta conclusão pode ser retirada sem recorrer à experiência, diz-se que é um argumento a priori.
De acordo com o argumento ontológico, Deus define-se como o ser mais perfeito que é possível imaginar; ou, na mais famosa formulação do argumento, a de Santo Anselmo (1033-1109), Deus define-se como “aquele ser maior do que o qual nada pode ser concebido”. A existência seria um dos aspectos desta perfeição ou grandiosidade. Um ser perfeito não seria perfeito se não existisse. Consequentemente, da definição de Deus seguir-se-ia que Deus existe necessariamente, tal como se segue da definição de um triângulo que a soma dos seus ângulos internos será de 180 graus.
Este argumento, que tem sido usado por muitos filósofos, incluindo René Descartes (1596-1650), na quinta das suas meditações, não convenceu muita gente; mas não é fácil de ver exactamente o que há de errado nele.”
O argumento ontológico tem sido alvo de diversas objecções, inclusivamente por parte de filósofos que defendem a existência de Deus.
Consegue pensar em alguma objecção contra esse argumento?
De acordo com o argumento ontológico, Deus define-se como o ser mais perfeito que é possível imaginar; ou, na mais famosa formulação do argumento, a de Santo Anselmo (1033-1109), Deus define-se como “aquele ser maior do que o qual nada pode ser concebido”. A existência seria um dos aspectos desta perfeição ou grandiosidade. Um ser perfeito não seria perfeito se não existisse. Consequentemente, da definição de Deus seguir-se-ia que Deus existe necessariamente, tal como se segue da definição de um triângulo que a soma dos seus ângulos internos será de 180 graus.
Este argumento, que tem sido usado por muitos filósofos, incluindo René Descartes (1596-1650), na quinta das suas meditações, não convenceu muita gente; mas não é fácil de ver exactamente o que há de errado nele.”
Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, 2ª edição, 2007, Lisboa, pp. 40-41.
O argumento ontológico tem sido alvo de diversas objecções, inclusivamente por parte de filósofos que defendem a existência de Deus.
Consegue pensar em alguma objecção contra esse argumento?
9 comentários:
Estrutura do argumento:
Deus acumula todas as perfeições.
Existir é melhor do que não existir.
Logo, Deus existe.
O argumento é válido e dedutivo.
Vamos assumir que a segunda premissa é verdadeira.
Se ela for verdadeira, ao dizermos que Deus acumula todas as perfeições, já estamos a assumir que Ele existe.
Logo, este argumento é falaciosamente circular. Isto, porque a sua conslusão é assumida tida como verdadeira nas premissas
Onde se lê "assumida tida", deve-se ler só um verbo, deixo à escolha do freguês.
Será o argumento falaciosamente circular ou circularmente falacioso? Parece-me ser a segunda forma a que se encontra correcta.
João Pedro:
A reconstituição do argumento ontológico que apresentou não é boa. Se fosse assim seria um argumento circular. Mas não é o caso.
O argumento ontológico é criticável de diversas formas, mas não dessa.
O ponto de partida do argumento não é “Deus acumula todas as perfeições”, mas sim – mantendo parte da sua expressão – “a ideia de Deus é a ideia de um ser que acumula todas as perfeições”.
Este argumento caracteriza-se precisamente por isso: por tentar deduzir a existência de Deus a partir do facto de termos a sua ideia. O que é muito provavelmente incorrecto, mas não circular: uma coisa é a ideia de X e outra coisa diferente é X.
Daqui a 2 ou 3 dias tenciono publicar um post sobre o argumento ontológico (um diálogo em que alguém apresenta o argumento para convencer um ateu de que Deus existe). Pode ser que o esclareça melhor.
Obrigado pelo comentário.
Caro anónimo:
Como procurei explicar no comentário anterior, o argumento ontológico não é circular.
Seja como for, não consigo perceber que diferença possa haver entre "falaciosamente circular" e "circularmente falacioso".
Caro Carlos Pires:
Obrigado pela resposta.
Já vi o meu erro.
A reconstituição do argumento será:
A ideia de Deus é a ideia de um ser que acumula todas as perfeições.
Existir é melhor do que não existir.
Logo, Deus existe.
Alguma coisa tem de haver de mal com o argumento, pois ele pode ser facilmente levado ao absurdo.
Vejamos:
Tenho a ideia de um ser que acumula todas as perfeições excepto a da honestidade (podíamos usar outras qualidades).
Existir é melhor do que não existir.
Logo, um ser que acumula todas as perfeições excepto a da honestidade existe.
Fico à espera do referido diálogo.
Quanto à questão do falaciosamente circular e circularmente falacioso, penso que o anónimo tem razão.
Ser-se circularmente falacioso parece implicar que se possa ser falacioso sem ser circular: isto está correcto.
Ser-se falaciosamente circular parece implicar que se possa ser circular sem ser falacioso: isto está incorrecto.
Assim, apesar de aceitar que se trata de uma preciosidade, a expressão "circularmente falacioso" é a mais correcta.
Cumprimentos!
Claro que se pode ser falacioso sem ser circular (mas não o contrário). Mas isso não é exprimível através da expressão "circularmente falacioso" (como seria possível? Então e o 'circularmente'?).
De resto, para quê complicar o que é simples? Discutir ideias vale a pena. Discutir palavras formuladas de modo pouco claro não vale a pena.
eu posso pensar numa igualdade social,mas a real sociedade não e igual a que estou pensando,a sociedade que estou pensando e um ideal,e o ideal não tem as mesmas transformações do acontecimento,então e só uma ideia e a ideia e diferente do real
o ser humano e imperfeito,deus e perfeito,o homem pode ver a imperfeição,mas não pode ver a perfeição,por que o homem não e perfeito,so quem pode ver a perfeição e aquele que e perfeito,logo,deus existe
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