quinta-feira, 19 de março de 2009

Trabalhos dos alunos: análise do quadro "Judy Garland " de Andy Warhol

Os alunos da turma G do 10º ano efectuaram uma visita de estudo (ver aqui e aqui) ao Museu Calouste Gulbenkian e ao Museu Berardo.

Esta actividade interdisciplinar envolveu diferentes disciplinas: História, Espanhol, Inglês e Filosofia. No caso desta, pedi aos alunos que elaborassem um pequeno texto reflexivo sobre a visita. Não forneci quaisquer outras indicações, nem um enquadramento filosófico no âmbito da Estética.

Estes trabalhos resultam de uma escolha pessoal dos alunos e de uma reflexão sobre o que experienciaram na visita.

O primeiro texto foi elaborado pelas alunas Inês Belo e Victoria Zoriy; o segundo (no post seguinte) e também a fotografia são da autoria do aluno David Diogo.



O quadro “Judy Garland” de Andrew Warhol (mais conhecido por Andy Warhol).

Há a música, a dança, a pintura, a escultura, o teatro, a literatura e o cinema: sete artes, sete maneiras distintas de exprimir emoções, ideias e até opiniões. No fundo, a arte desempenha o papel de "espelho do artista", desvendando através de algo exterior, que pode ser captado pelos sentidos do espectador, o interior do artista, pois é através dela que o mesmo se exprime.

Arte é "tudo o que quisermos que seja". Somos capazes de ser, ao mesmo tempo, criadores e apreciadores da nossa arte. Umas vezes chocante, outras indiferente, tranquilizadora ou excitante, despertando em nós os mais variados sentimentos e interesses.

A obra de arte que vamos analisar é uma pintura: uma forma de transmitir emoções e opiniões, não em palavras, mas em imagens. Estas podem, por exemplo, contar histórias, retratar o passado, presente e futuro de tudo o que nos rodeia. Mas se a pintura se limitasse apenas a retratá-los, deixando indiferente o espectador, que interesse teria?

Do nosso ponto de vista, todo este exercício de aprender a olhar implica antes de mais saber o que são obras de arte e como se pode vê-las. É primordial saber por que razão este “saber&ver&olhar” deve ser feito e esta encontra-se dentro de cada indivíduo. Enquanto avançávamos por salas do Museu Berardo, povoadas de rostos e figuras, na verdade, individualmente, encarregávamo-nos da interpretação das obras expostas, relacionando-as com as nossas vivências, conhecimentos e sentimentos.

Vejamos, por exemplo, o quadro de Andrew Warhol, aqui apresentado: cada traço entoa a beleza própria e única de uma mulher. No entanto, se formos mais além, observando-o com outros olhos, mais atentos, notamos que o presente quadro capta na perfeição o que é a sociedade consumista. O elemento denunciador, do que o quadro realmente representa, é precisamente a técnica usada na produção do mesmo - a serigrafia - sendo esta uma das principais características da Pop Arte. Esta, entre outras características, tem como interesse central a produção de imagens e objectos em massa destinados à sociedade de consumo, como é notório nesta pintura: a imagem da actriz como um objecto de consumo, cuja existência depende da aparição e repetição.

É hábito dizer-se que o consumo é o fim material de toda a actividade humana. Ora, é importante salientar que a nossa vida é influenciada, em grande medida, pela publicidade; esta, por sua vez, é feita unicamente com base nos “interesses” dos consumidores. Esta é uma análise possível que podemos fazer a partir da observação do quadro, ao tentarmos perceber o que Andrew Warhol tentava transmitir, há, naturalmente, outras possibilidades de interpretação.

Podemos concluir, por isso, que a mulher nele representada (Judy Garland) não é tratada aqui como ser humano único e irrepetível que é, mas como objecto de consumo. Será isto correcto? Se pensarmos na sociedade da altura (1979), comparando-a com a actual, notamos que a atitude consumista, da generalidade das pessoas, tem vindo a agravar-se cada vez mais, trata-se, então, de um ciclo vicioso – quanto mais consumimos, mais necessidade temos de consumir. Esta insatisfação, torna necessário o nosso confronto permanente com as imagens, neste caso de Judy Garland, para que o objecto representado tenha existência. Mas a realidade representada terá existência fora da imagem?

De entre tantos traços imaginários e espirituais que podem ser associados a uma obra de arte, esta engrandece a vida ao representá-la, por vezes, de forma mais extravagante do que a mesma se apresenta. A importância de cada obra de arte é relativa a cada indivíduo, depende do seu olhar e da sua capacidade de ver. Logo, enriquece-o também de uma forma relativa, não se limitando apenas ao objecto representado que pode ser captado pelos nossos sentidos.

Inês Belo e Victoria Zoriy.

Bibliografia:

http://www.museuberardo.com/Files/MCB_Nao_te_posso_ver_nem_pintado.pdf

http://www.xr.pro.br/Arte.html

1 comentário:

Anónimo disse...

Em que ano foi feito este quadro?