segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Para ser professor em Portugal é preciso saber distinguir as pistolas a sério das imitações

Ao falar acerca do incidente ocorrido no Porto, na Escola do Cerco, em que foi apontada uma pistola a uma professora enquanto um aluno lhe exigia nota positiva e outro filmava com o telemóvel, quase ninguém fez afirmações tão vergonhosamente relativizadoras e desculpatórias como Margarida Moreira, directora da Direcção Regional de Educação do Norte, e Manuel Valente, da Federação de Associações de Pais do Porto. Para Margarida Moreira a situação não passa de "uma brincadeira de muito mau gosto e que excedeu os limites do bom senso", enquanto para Manuel Valente "os professores, que têm também a sua parte de culpa, deveriam dar o exemplo e fazer o mesmo, desligando os seus telemóveis, ou colocando-os em modo de silêncio e abstendo-se de os usar durante as aulas".
Mesmo não indo tão longe, algumas pessoas diminuem a gravidade do sucedido, falando apenas de indisciplina e de má-educação.
Para perceber que o sucedido foi muito além da indisciplina e da má-educação, sugiro ao leitor para espreitar o blogue Verão Verde e ler um pouco acerca do significado da expressão "pistola de plástico":
«Quando se fala em "arma de plástico", tanto podemos estar a falar de um "brinquedo", como de uma "réplica" (...). A arma empunhada pelo aluno, que aparenta reproduzir uma arma real e com ela pode ser confundida por quem não seja um especialista...»
As pessoas que diminuem a gravidade do caso deviam tentar colocar-se no lugar da professora ameaçada e depois calar-se, pois manifestamente não sabem do que falam.

1 comentário:

[Professor Carlão] disse...

Também sou professor aqui no Brasil e me solidarizo com esta companheira. Fico triste de saber que estas ações deprimentes estão acontecendo em todo o mundo. Fruto de uma responsabilidade de educação que muitos pais estão transferindo para a Escola!