terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Leituras para um dia de greve: um elogio dos exames nacionais

Defendeu-se aqui (em vários posts guardados com etiqueta “Educação”) que um dos critérios fundamentais (mas não único) da avaliação dos professores deve ser a coerência entre as classificações atribuídas pelo professor e as classificações obtidas pelos seus alunos num exame nacional bem elaborado e exigente.

Parte dos comentários críticos (aqui no Dúvida Metódica e no blogue A Educação do Meu Umbigo, onde foi publicado um texto meu e da Sara Raposo sobre o assunto) colocavam dúvidas e objecções pertinentes.

Porém, o que sobressaía em outras críticas era apenas a recusa dos exames nacionais. Os autores recusavam que os resultados dos exames nacionais possam ser tidos em conta na avaliação dos professores e simultaneamente recusavam que esses exames constituam uma boa forma de avaliar os alunos.

Julgo que quase todos os autores dessas críticas e dessa recusa dos exames eram professores. Ora, independentemente do que se possa pensar sobre a avaliação dos professores, é irracional estes serem contra os exames. Exames nacionais bem elaborados e exigentes levam os professores a ensinar mais e melhor e, naturalmente, levam os alunos a aprender mais e melhor. A ideia de que preparar os alunos para os exames é incompatível com um ensino criativo e promotor da autonomia intelectual dos alunos é um preconceito e não tem qualquer fundamento.

Num texto breve, mas muito claro e esclarecedor, Desidério Murcho desmontou esse preconceito e mostrou que “os exames são fundamentais para estimular a excelência no ensino e, com esta, o sucesso escolar”. O texto chama-se Exames nacionais e sucesso escolar no ensino básico e secundário” e foi publicado na Revista Crítica em 2006. Clique e leia. Vale a pena.

Lê-lo no dia em que muitos professores farão greve em protesto contra um modelo de avaliação absurdo, além de compensador intelectualmente poderá ser também compensador em termos práticos. É que não basta recusar o actual modelo. É também preciso encontrar alternativas. Compreender com clareza como devem os alunos ser avaliados talvez ajude a compreender como devem os professores ser avaliados.

Será possível avaliar de modo justo e eficaz os professores, se os alunos não forem primeiro avaliados de modo justo e eficaz? Como poderemos saber se os professores ensinaram bem, se não soubermos se os alunos aprenderam?

Saber se os professores ensinaram bem… É ingenuidade minha ou é nisso que consiste uma avaliação dos professores?

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