«Conta-se uma velha história sobre um matemático famoso… Tinha o matemático acabado de dizer aos seus alunos que um determinado resultado era óbvio quando uma aluna levanta a mão e diz ter dúvidas de que seja óbvio. O matemático ficou intrigado, sentou-se e começou a pensar. Passaram-se minutos, depois horas, e o matemático continuava a pensar, completamente absorto. Quando a aula estava praticamente a chegar ao fim, o matemático levantou a cabeça e proclamou, triunfante: ‘Sim, eu tinha razão: é óbvio!’»
Alexander George, Que diria Sócrates?, Gradiva, Lisboa, 2008, pág. 49.
A verdade de uma proposição ou a validade de um argumento são independentes do agente cognitivo.
O mesmo não sucede à evidência, ao carácter óbvio, de uma proposição ou de um argumento. A evidência depende do estado cognitivo do agente.
“Por estado cognitivo do agente entende-se o conjunto de crenças ou convicções que o agente tem, aquilo que o agente julga saber, o que ele pensa ser falso, o que ele aceita apenas parcialmente, o que ele duvida, etc.” - Desidério Murcho, Pensar Outra Vez, Edições Quasi, 2006, pág. 121.
Para uma pessoa X (detentora de mais conhecimentos, nomeadamente de Lógica) pode ser óbvio que uma certa proposição é verdadeira e que um certo argumento é válido, enquanto para uma pessoa Y (detentora de menos conhecimentos) isso pode não ser óbvio e a sua descoberta implicar uma trabalhosa reflexão.
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