sábado, 18 de outubro de 2008

Numa democracia ou numa ditadura?



O que esta imagem descreve pode relacionar-se tanto com a democracia como com a ditadura.

Consegues explicar como e porquê?

8 comentários:

Anónimo disse...

A ditadura e a democracia são dois opostos pois enquanto a primeira é sinónimo de opressão e de censura á individualidade, a segunda é a mensagem de liberdade e de apelo á individualidade. Na imagem podemos observar uma multidão sem cabeça, que empunha um cartaz no qual aparece um homem que tem na sua própria cara, todas as caras (supostamente pertencentes á multidão). Nesta imagem a Ditadura e a Democracia juntam-se pois A imagem dá a ideia de concentração de “caras” numa só pessoa, que pode ser analisada de duas formas. Numa ditadura, a sociedade está dependente de uma só pessoa que concentra em si todos os poderes "tem em si, todas as caras" e não admite qualquer outra forma de governo, não aceitando assim, qualquer opinião exterior á sua. Faz por isso uma perseguição, aqueles que estão contra si, e não deixa sequer que se formem novas opiniões "cortando as cabeças" ao povo (tirando a sua liberdade de expressão através da censura). Além disso, muito embora seja promovido que, com uma ditadura existe mais segurança isso é mentira pois as pessoas sentem-se vigiadas e têm medo de expressar a sua própria opinião. Apenas pessoas sem espírito crítico vivem bem numa ditadura porque não pensam na realidade vivida nem sentem os seus efeitos psicológicos. O individualismo é censurado. Pelo contrário numa democracia, o povo está no poder. A democracia consiste no poder de liberdade. Todas as pessoas têm a liberdade básica, tendo direito a formar opiniões contra o sistema governativo. A individualidade é apreciada, pois assim se cria um "brainstorm", ou seja, uma discussão entre várias pessoas na qual todas expressam a sua opinião e são livres de defende-la. O "cabeça de estado" é escolhido pelas pessoas que têm direito a um papel activo no seio da sociedade, tendo direito a um voto. Este voto é pessoal e privado. Além disso as pessoas juntam numa figura, “ todas as caras”, ou seja juntam numa figura as suas opiniões e interesses, até porque essa figura (primeiro-ministro) deve representar esses mesmos interesses e defende-los. A grande diferença é que numa ditadura o povo trabalha para a identidade governativa, e numa democracia é essa figura que trabalha para o povo.
Eurico Graça Nº5 11.F

Carlos Pires disse...

Bom comentário Eurico. Mas algumas coisas que situou na ditadura não poderão - infelizmente - acontecer numa democracia?
Por exemplo: num país que fica mesmo ao lado de Espanha e cujo nome agora não recordo, não sucederão imensas situações que fazem lembrar a imagem do Quino (na interpretação "negativa")?

Anónimo disse...

Claro que sim professor. No entanto mesmo que aconteça a situação negativa descrita por Quino, para mim parece-me que com a liberdade que ganhamos justifica alguns erros. E claro, eu falava de um ideal democarica, uma democracia "perfeita" onde os objectivos eram atingidos e nao existiam percalços. Compreendo que existam, aliás a sociedade em si não perfeita. No entanto, o facto de podermos lutar é tudo. Por exemplo,O governo de Salazar esteve 48 anos no poder e o seu líder morreu a desempenhar funções. No entanto, recentemente em Portugal, o governo de Santana Lopes foi despedido após alguns meses. Só o facto de nao demorar 48anos acabar com uma situação abusiva de poder (na minha opinião) já justifica a democracia. Agora claro que quando nem a liberdade básica é garantida, então o governo democrático é uma farsa e não existe. Ou seja, nesses países não se vivem democracias, mas sim falsas-democracias (infelizmente quase todas são assim).

Vitor Guerreiro disse...

A democracia é apenas aquilo que acontece espontaneamente entre pares, entre pessoas capazes de discutir livremente e que estão em paridade cognitiva, mesmo que tenham níveis diferentes de erudição. De contrário, a mera existência eleições, formalidades de estado, instituições denominadas "democráticas" não implicam a existência de democracia. É preciso lembrar que o fascismo e o estalinismo são coisas que viveram do apoio de massas, não de elites minoritárias. Ao longo dos séculos, as grandes massas têm lutado pela falta de liberdade com maior frequência do que desejam uma liberdade real.

Anónimo disse...

Esta imagem pode perfeitamente representar a democracia ou a ditadura. A democracia consiste numa politica em que as decisoes da sociedade sao tomadas pelo povo, isto é, o povo pode opinar acerca do que quer ou acha melhor para o seu pais. Na imagem vemos imensas pessoas, como se fosse uma revolucao, logo, se as pessoas estao com cartazes e a protestar, è porque se trata duma dmocracia, pois se fosse uma ditadura isto era impensavel. Pode tambem tratar-se duma ditadura uma vez que os cartazes têm os contornos da cara de um individuo(ditador) que está preenchida com a cabeca dos mais pequenos(povo). Uma ditadura baseia-se numa politica em que existe apenas um governador e só ele pode deicidir acerca das medidas tomadas num pais. Se o ditador tem a cabeca dos cidadaos, é porque è "dono" do seu pensamento, logo o povo nao é permitido de opinar nem de apelar. Trata-se portanto duma ditadura.

Sara Raposo disse...

Hugo: boas ideias, clareza e, a diminuir um pouco o mérito do seu comentário, uns erros ortográficos inadmissíveis.

Anónimo disse...

A relação com a ditadura é óbvia e, portanto, não vou alongar-me sobre ela. Não é preciso recuar muito no tempo para arranjarmos dados que o comprovem: basta olhar para a História do século XX para compreender que massas acríticas entregaram, por completo, e não poucas vezes de mau grado, os seus destinos a um déspota que lhes retirava qualquer possibilidade de poderem Cumprir-se, tornar-se Indivíduos. Em suma, tratava-se, frequentemente, de idolatrar o carrasco que os reduzia à mediocridade do não poder Elevar-se.

Contudo, pode haver também uma relação com a democracia, que creio ser o aspecto mais importante da mensagem presente na imagem. A Democracia pressupõe indivíduos responsáveis, capazes de discernir com clareza para, deste modo, usufruírem dos seus devidos direitos e liberdades, na consciência de que estes têm de coexistir com os dos seus semelhantes. Por conseguinte, não se coaduna com a acefalia representada na imagem; a Democracia é, pois, assim, um enorme chamamento à nossa mais profunda racionalidade e consciência ética. No entanto, nada disso é representado… Penso que é importante reflectir se não será este estado de alienação – de acefalia – uma das coisas que está neste momento a massificar-se em alguns países com regimes democráticos. Talvez hoje estejamos a assistir a formas ditatoriais mais disfarçadas, a manipulações mentais que, alienando o povo, o conduzem na vontade daqueles que fazem a máquina mover-se e, pior do que tudo, na crença de que é livre. É incrível a deturpação da informação, a propaganda dissimulada, o facciosismo na comunicação social, a preponderância do económico sobre o social, a descredibilização do ensino e do Professor… Formatam-nos num esquema que não deixa, muitas vezes, espaço para a Liberdade de querer escolher outro. Esta acefalia pode até, em última análise, conduzir a discursos anti-democráticos. E assim, tal como foi dito no primeiro parágrafo, damos, deste modo, em aparente democracia, os nossos cérebros a quem nos quer sem eles, para, com a nossa autorização, reinar. Entregamos-lhes o poder para que eles façam o que querem, na hipocrisia de que o fazem por nós, que são a nossa voz. Como os carneiros caminham tão alegremente para a matança, não é?

Estará a Humanidade preparada para viver numa plenitude democrática? A verdade é que a nossa espécie ainda se encontra na Infância. Há momentos mais democráticos, outros menos… Temos, pois, de seguir, tentando encontrar, aos poucos, um equilíbrio, ainda que este nem sempre se verifique.

Para concluir, penso que a Filosofia tem, nos dias que correm, a importante missão de “acordar” as almas adormecidas e de, tal como diria Platão, fazê-las sair da Caverna. Todo o Homem deveria poder realizar-se na infinitude de possibilidades que, à partida, transporta dentro de si; ascender à sua própria Humanidade. Se assim não for, que sentido terá a vida?

Cumprimentos e parabéns pelo excelente blog,

Margarida Gomes

Sara Raposo disse...

Margarida,

Agradeço a análise detalhada que fez da imagem e o facto de ter apresentado o seu ponto de vista.
Obrigada também pelas suas palavras simpáticas em relação ao trabalho que aqui desenvolvemos. Esperamos que o "Dúvida Metódica" possa continuar a ser-lhe útil e estimulante.
Cumprimentos.