terça-feira, 30 de setembro de 2008

A amizade

Encontrarás poucos homens, ó Cirno, que sejam amigos
fiéis em empreendimentos difíceis: homens
que ousem estar sintonizados contigo,
a ponto de partilharem por igual das coisas boas e das más.

Teógnis

(Poema retirado de: “Poesia Grega - de Álcman a Teócrito”, organização, tradução e notas de Frederico Lourenço, Edição Livros Cotovia, Lisboa 2006, pág. 65).

A condição humana

Ó rapaz, é Zeus tonitruante que detém o desfecho

de tudo quanto existe e tudo dispõe como quer.

Não há inteligência nos homens, mas vivemos

efémeros como gado, sem sabermos

como o deus terminará cada coisa.

Porém a esperança e a credulidade

alimentam-nos a vontade do impossível.

Uns esperam que venha o dia, outros as estações.

Não há ninguém que não julgue chegar ao ano

seguinte, amigo da riqueza e da prosperidade.

Mas a velhice, nada invejável, apanha um homem

antes de chegar à sua meta; a outros mortais

destroem as doenças miseráveis; e Hades envia

outros para debaixo da negra terra, mortos por Ares.

Outros agitados na tempestade marítima

e nas ondas numerosas do mar purpúreo

morrem, quando não conseguem sustento em terra.

Outros ainda atam uma corda ao pescoço em desgraçado

destino e deixam por sua vontade a luz do sol.

Assim, nada existe sem misérias, mas incontáveis

desgraças e sofrimentos inesperados existem

para os mortais. Mas se eu tivesse o poder de persuadir,

não estaríamos apaixonados pelas desgraças,

nem daríamos cabo do coração com dores amargas.

Semónides

(Poema retirado de: “Poesia Grega - de Álcman a Teócrito”, organização, tradução e notas de Frederico Lourenço, Edição Livros Cotovia, Lisboa 2006, pág. 26).


Qual é o sentido da vida?

O que é uma acção moralmente certa?


Fotografia de Madre Teresa de Calcutá encontrada na Net sem referência ao autor nem ao local (da Índia, certamente)onde foi tirada.

O que é uma acção moralmente errada?

Fotografia de James Nachtwey: Rwanda, 1994 - Survivor of Hutu death camp.
Retirada do site do autor: WITNESS - http://www.jamesnachtwey.com .

A relação entre verdade e validade


A verdade e a validade são diferentes. A verdade (tal como a falsidade) é uma característica das proposições. A validade (tal como a invalidade) é uma característica dos argumentos. Por isso, é incorrecto dizer que uma proposição é válida ou inválida, tal como é incorrecto dizer que um argumento é verdadeiro ou falso.
Todavia, isso não significa que a validade e a verdade não têm nenhuma relação.
Pode-se falar de verdade sem falar de validade, tal como se pode falar de proposições sem falar de argumentos. No entanto, não se pode falar de validade sem falar de verdade, tal como não se pode explicar bem o que é um argumento sem falar de proposições.
A validade diz respeito à relação entre o valor de verdade das premissas e o valor de verdade da conclusão. Um argumento válido é um argumento em que as premissas justificam a conclusão, pois ela é uma consequência lógica delas. Ora, isso significa que a verdade das premissas assegura (de modo necessário no caso dos argumentos dedutivos e de modo provável no caso dos argumentos não dedutivos) a verdade da conclusão.
Um argumento válido pode ser constituído por proposições falsas, mas o facto de ser válido, de haver um nexo lógico entre premissas e conclusão, permite-nos perceber que caso as premissas fossem verdadeiras a conclusão também seria.
Dito por outras palavras. A verdade e a falsidade são características possíveis das diferentes partes de um argumento: premissas e conclusão. A validade e a invalidade são características da ligação dessas partes – ou seja, do próprio argumento.
De um modo coloquial, podemos dizer que um argumento válido é um argumento correctamente ligado, correctamente organizado – de tal modo que a verdade de uma parte (premissas) leva à verdade da outra parte (conclusão). E, pelo contrário, um argumento inválido é um argumento incorrectamente ligado, incorrectamente organizado – de tal modo que a verdade de uma parte (premissas) não leva à verdade da outra parte (conclusão).

Validade dedutiva


Um ARGUMENTO VÁLIDO é um argumento em que as premissas justificam a conclusão. Dito por outras palavras: a conclusão deriva das premissas, é uma consequência lógica delas. As ideias que estão na conclusão seguem-se das ideias que estão nas premissas. Pensar nas premissas leva a pensar na conclusão.

Por isso, se as premissas forem verdadeiras será impossível (no caso dos argumentos dedutivos) ou improvável (no caso dos argumentos não dedutivos) a conclusão ser falsa. Dito por outras palavras: os argumentos válidos preservam a verdade.

Neste texto será apenas explicado o caso dos argumentos dedutivos.

Num argumento dedutivo válido é impossível as premissas serem verdadeiras e a conclusão ser falsa. Mas isso não significa que a conclusão de um argumento dedutivo válido seja sempre verdadeira.

Se as premissas forem falsas a conclusão também poderá ser falsa. Uma vez que a conclusão é uma consequência lógica das premissas, a falsidade destas pode levar à falsidade da conclusão.

Por outro lado, também existem argumentos válidos em que as premissas são falsas e a conclusão é verdadeira.

Recapitulemos as várias possibilidades. Um argumento válido pode ter:

Premissas verdadeiras e conclusão verdadeira.

Premissas falsas* e conclusão falsa.

Premissas falsas* e conclusão verdadeira.

(*Todas as premissas ou algumas delas.)

Estas duas últimas possibilidades não são contraditórias com a definição de validade dedutiva apresentada. Mesmo nesses casos a conclusão é uma consequência lógica das premissas. Quando as premissas de um argumento dedutivo válido são falsas basta-nos imaginar o que sucederia se fossem verdadeiras: a conclusão também teria que ser verdadeira.

É preciso sublinhar um aspecto para evitar confusões. Para um argumento dedutivo ser válido não basta ter premissas e conclusão verdadeiras. Um argumento inválido também pode ter premissas e conclusão verdadeiras. Para um argumento dedutivo ser válido é preciso que, sendo as premissas verdadeiras, seja impossível a conclusão ser falsa. A verdade das premissas tem de excluir completamente a possibilidade da conclusão ser falsa.

Se uma pessoa aceita a verdade das premissas de um argumento dedutivo válido está logicamente obrigada a aceitar a verdade da sua conclusão – pois esta é uma consequência necessária daquelas. Caso reconheça a verdade das premissas e não queira reconhecer a verdade da conclusão estará a cair em contradição, estará a ser incoerente e inconsequente.

Um ARGUMENTO INVÁLIDO é um argumento em que as premissas não justificam a conclusão. É um argumento em que, apesar de existirem palavras como “Logo” ou “Portanto” a indicar que uma das frases é consequência das outras, essa frase (conclusão) não se segue efectivamente dessas outras frases (premissas). Ou seja: o argumento apresenta-se como se essa frase (a conclusão) fosse consequência das outras frases, mas ela não é.

Num argumento inválido não há conexão lógica entre as premissas e a conclusão. Essa falta de conexão pode-se exprimir de um modo coloquial dizendo “uma coisa não tem nada a ver com a outra” – mesmo que pareça que tem (como sucede nas falácias, que são argumentos inválidos que parecem válidos).

Por isso, num argumento dedutivo inválido pode suceder aquilo que é impossível num argumento dedutivo válido: as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa. Por outro lado, também podem ocorrer as três possibilidades que caracterizam os argumentos válidos.

Recapitulemos as várias possibilidades. Um argumento inválido pode ter:

Premissas verdadeiras e conclusão falsa.

Premissas verdadeiras e conclusão verdadeira.

Premissas falsas* e conclusão falsa.

Premissas falsas* e conclusão verdadeira.


(*Todas as premissas ou algumas delas.)

Num argumento inválido, uma vez que não há conexão lógica entre premissas e conclusão, uma vez que a relação entre as premissas e a conclusão é arbitrária, tudo pode suceder. É uma questão de calhar assim, trata-se de acasos.

(Nota: Por facilidade de expressão falou-se de premissas no plural. Isso não significa naturalmente que alguns argumentos não tenham apenas uma premissa.)


Ficha de trabalho sobre a validade dedutiva formal


ESCOLA SECUNDÁRIA DE PINHEIRO E ROSA

FILOSOFIA – 11ºANO

(Ano lectivo: 2008/2009)

Ficha de Trabalho nº 1

Tema: O objecto de estudo da Lógica formal.

A validade dedutiva formal.

1.Considere os seguintes argumentos dedutivos (retirados de: Luís Rodrigues, Filosofia, 11º ano, Plátano Editora, excepto as alíneas H e I):

A. Todos os portugueses são minhotos. Alguns europeus são portugueses. Logo, alguns europeus são minhotos.

B. Todos os queijos são filósofos. Alguns produtos do Jumbo são queijos. Logo, alguns produtos do Jumbo são filósofos.

C. Um mês tem 365 dias. Um ano tem 31 dias. Logo, um mês é maior do que um ano.

D. Pavarotti é um cantor. Todos os tenores são cantores. Logo, Pavarotti é italiano.

E. Se o ladrão tivesse entrado pela janela da cozinha, haveria pegadas lá fora; mas não há pegadas lá fora; logo, o ladrão não entrou pela janela da cozinha.

F. Se a inflação baixa, então o consumo aumenta. A inflação está a baixar. Logo, o consumo vai aumentar.

G. Tudo o que vive no mar é peixe. A baleia vive no mar. Portanto, a baleia é um peixe.

H. Todos os portugueses são europeus. Todos os italianos são europeus. Logo, nenhum italiano é português.

I. Alguns homens são portugueses. Todos os filósofos são homens. Logo, todos os filósofos são portugueses.

J. Se mente, então é imoral. Não é imoral. Logo, não mente.


1.1. Utilizando a variáveis (A, B e C) apresente a forma lógica dos argumentos das alíneas A e B. Comparando a forma lógica destes dois argumentos, qual é a conclusão que podemos retirar?

1.2. Utilizando as variáveis S e P, formalize os argumentos das alíneas F e J. Todos têm a mesma forma lógica? Justifique.

1.3. Indique se os argumentos das alíneas anteriores são, do ponto de vista formal, válidos ou inválidos.

1.4. Justifique a validade formal ou a invalidade formal dos argumentos da resposta anterior.

Bom trabalho! A Professora: Sara Raposo


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A importância da validade: duas analogias

A importância da validade: a analogia do frigorífico

“Se um argumento pode ser válido e no entanto ter uma conclusão disparatadamente falsa, para que serve a validade? Por que deveremos estar interessados na validade?

A resposta é que um argumento válido preserva a verdade. A verdade das premissas de um argumento válido é preservada na conclusão. Claro que, se as premissas não são verdadeiras, então mesmo um argumento válido não pode garantir que a conclusão é verdadeira. Mas apenas os argumentos válidos preservam a verdade.

Uma analogia pode ajudar a clarificar este ponto. Podemos mais ou menos dizer que os argumentos válidos preservam a verdade como os bons frigoríficos preservam a comida. Se a comida quando a colocas num frigorífico está estragada, então até um bom frigorífico não a pode preservar. Mas se a comida colocada num bom frigorífico é fresca, então o frigorífico preservá-la-á.

Os bons frigoríficos e os argumentos válidos preservam respectivamente a comida fresca e a verdade. Mas, tal como os primeiros não podem preservar a comida quando a comida está estragada, também os últimos não podem preservar a verdade quando as premissas são falsas. Se é lixo que lá metemos, é lixo que recebemos.

No entanto, merece a pena termos frigoríficos e argumentos válidos porque preservam algo bom quando o temos, e sem eles acabamos com algo estragado mesmo quando começámos com algo impecável. Portanto, devemos desejar a validade e evitar a invalidade.”

Cornman, Lehrer e Pappas, “Os instrumentos do ofício”, tradução de Álvaro Nunes, www.criticanarede.com


A importância da validade: a analogia do bolo

“Se podemos ter argumentos dedutivamente válidos com conclusões falsas, então qual é o interesse da validade dedutiva? (…)

Eis uma comparação útil [e que permite responder a essa pergunta]: o processo de fazer um bolo, o modo como se misturam os ingredientes, é importante para a qualidade do bolo. Mas só por si não chega, pois por melhor que se misturem os ingredientes, se estes forem de má qualidade, o bolo será mau. Mas se os ingredientes forem bons e os misturarmos mal, o bolo será também mau. Por isso, precisamos das duas coisas: bons ingredientes e bons processos de confecção. Do mesmo modo, na argumentação tanto precisamos de premissas verdadeiras como de validade”.

Desidério Murcho e outros, A Arte de Pensar, Didáctica Editora, Lisboa, 2004, pág. 19

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Que tipo de coisas discutem os filósofos?

«A filosofia é uma actividade: é uma forma de pensar acerca de certas questões. A sua característica mais marcante é o uso de argumentos lógicos. A actividade dos filósofos é, tipicamente, argumentativa: ou inventam argumentos, ou criticam os argumentos de outras pessoas ou fazem as duas coisas. Os filósofos também analisam e clarificam conceitos (...).
Que tipo de coisas discutem os filósofos (...)? Muitas vezes examinam crenças que quase toda a gente aceita acriticamente a maior parte do tempo. Ocupam-se de questões relacionadas com o que podemos chamar vagamente o sentido da vida: questões acerca da religião, do bem e do mal, da política, da natureza do mundo exterior, da mente, da ciência, da arte e de muitos outros assuntos. Por exemplo, muitas pessoas vivem as suas vidas sem questionarem as suas crenças fundamentais, tais como a crença de que não se deve matar. Mas por que razão não se deve matar? Que justificação existe para dizer que não se deve matar? Não se deve matar em nenhuma circunstância? E, afinal, que quer dizer a palavra ‘dever’? Estas são questões filosóficas.
Ao examinarmos as nossas crenças muitas delas revelam fundamentos firmes; mas algumas não. O estudo da filosofia não só nos ajuda a pensar claramente sobre os nossos preconceitos, como ajuda a clarificar de forma precisa aquilo em que acreditamos. Ao longo desse processo desenvolve-se uma capacidade para argumentar de forma coerente sobre um vasto leque de temas – uma capacidade muito útil que pode ser aplicada em muitas áreas.»
Nigel Warburton, Elementos básicos de filosofia, Gradiva, págs. 19-21.

Saber é poder


TENS DE TOMAR O COMANDO



Aprende o mais simples! P’ra aqueles

cujo tempo chegou
nunca é tarde de mais!
Aprende o a-b-c; não chega, mas aprende-o!
E não te enfades!
Começa! Tens de saber tudo!

Tens de tomar o comando!

Aprende, homem do asilo!
Aprende, homem da prisão!
Aprende, mulher na cozinha!
Aprende sexagenária!
Tens de tomar o comando!

Frequenta a escola, homem sem casa!
Arranja saber, homem com frio!
Faminto, pega no livro: é uma arma.
Tens de tomar o comando!

Não te acanhes de perguntar, companheira!
Não deixes que te metam patranhas na cabeça
Vê c’os próprios olhos!
O que tu mesmo sabes
Não o sabes.
Verifica a conta
És tu que pagas.
Põe o dedo em cada parcela
Pergunta: como aparece isto aqui?
Tens de tomar o comando!

Tens de tomar o comando!


Bertold Brecht


terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ser vencido pela razão não é uma derrota


“Concordo e cedo sempre que me falam com argumentos. Tenho prazer em ser vencido quando quem me vence é a Razão, seja quem for o seu procurador.”

Fernando Pessoa


Antes de se decidir pelo título “Mensagem” Fernando Pessoa tinha pensado chamar “Portugal” a esse livro. No entanto, um amigo convenceu-o a pôr de lado esse título, com argumentos que agora não vêem ao caso (mas que podem ser facilmente encontrados na Internet, por exemplo em http://books.google.pt/books?id=NTr92RrFDOsC&pg=PA147&lpg=PA147&dq).


Foi ao justificar essa mudança que Fernando Pessoa escreveu as palavras citadas, que também poderiam ter sido ditas por Sócrates ou por qualquer outro filósofo digno desse nome.


Curiosamente, o autor de tais palavras é considerado um dos maiores poetas de um país em que se valoriza muito pouco a atitude crítica e a discussão livre e imparcial de ideias.


Um país em que muitas pessoas dizem “isso é discutível” não para iniciar um debate mas para declarar o debate inútil e acabar com a conversa. Um país em que, perante uma divergência de ideias publicamente assumida, é comum dizer-se “isso é a tua opinião, não é a minha” e depois não perguntar porque é que o interlocutor tem essa opinião nem fazer – cruzes canhoto! – qualquer esforço para a refutar (como se todas as opiniões valessem o mesmo e não fizesse sentido discuti-las e confrontá-las).


Nesse país muitas pessoas ficam ofendidas e sentem-se pessoalmente postas em causa se alguém discute e critica as suas ideias, acabando isso por conduzir à autocensura daqueles que estavam dispostos a discutir e debater. Nesse país é frequente as pessoas, depois de numa conversa terem divergido um pouco do seu interlocutor, se apressarem a esclarecer “mas isto não é uma crítica”. Nesse país é raro alguém ouvir esse “esclarecimento” e depois – à maneira da criança que disse “Olhem! O rei vai nu.” – perguntar: “Mas e se fosse uma crítica, que mal é que teria?”


Essa desvalorização da atitude crítica e da discussão livre e imparcial de ideias não ocorre apenas nos estádios de futebol (onde não surpreende encontrá-la), mas também na vida política, no jornalismo, em grupos profissionais tão importantes como os juízes e os médicos e nas escolas. Sim, nas escolas também.


Esse país provavelmente não mereceria que um livro tão belo e inteligente como a “Mensagem” se chamasse Portugal.


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Agir bem para evitar problemas

Bill Watterson, Calvin & Hobbes, Gradiva.

De acordo com Kant, o Calvin, ao deitar a bola de neve para o chão e desistir de a atirar à Suzy, realiza uma acção em conformidade exterior ao dever. Ou seja: efectua a acção correcta, não por amor ao dever mas por medo de maiores males. Ao agir desse modo age por interesse e por isso a sua acção não tem valor moral. Para Kant, o Calvin faz o bem mas por maus motivos.
Kant terá razão ao pensar desse modo?

Ficha de Trabalho - Argumentos



a) Diga se os exemplos a seguir apresentados constituem ou não argumentos.

b) Caso sejam argumentos, diga qual é a conclusão.

c) Caso possuam premissas ocultas, explicite quais são.

1. O aborto é justo na perspectiva de algumas pessoas e injusto na perspectiva de outras. Há também pessoas que têm opiniões intermédias.

2. “A maior parte das pessoas que visitam galerias de arte, lêem romances e poesia, vão ao teatro e ao ballet, vêem cinema ou ouvem música, já perguntaram a si próprias, num momento ou outro, o que é a arte.” - Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, pág. 218.

3. A pena de morte é errada, na medida em que pune um crime com outro crime.

4. Ou os alunos do 11º ano respeitam os direitos dos animais ou comem carne. Os alunos do 11º ano respeitam os direitos dos animais. Logo, os alunos do 11º ano não comem carne.

5. A liberdade é um valor mais importante que a segurança, mas há formas de combater a insegurança que limitam a liberdade dos cidadãos. Assim, pode-se dizer que há formas de combater a insegurança que devem ser proibidas.

6. “Hoje em dia, os astrónomos podem fazer coisas inacreditáveis. Por exemplo, se alguém acendesse um fósforo na Lua, eles seriam capazes de distinguir a chama.” - Bill Bryson, Breve História de Quase Tudo, Quetzal Editores, pág. 34.

7. “- Olha lá para cima! – exclamou um dos criados.
Repararam então nas peras que pendiam da árvore, recortando-se contra o céu ainda róseo com os primeiros tons da madrugada. E, ao verem as peras, foram todos presos pelo maior pânico. Porque os frutos não estavam inteiros, havia apenas as metades deles. Tinham sido cortados ao comprido, mas pendiam ainda do seu pedúnculo; cada pêra possuía apenas a metade direita (ou esquerda, conforme o ângulo por que fossem olhadas). Em todo o caso, havia só uma metade e a outra parte tinha desaparecido, cortada ou talvez mesmo mordida.” - Italo Calvino, O Visconde Cortado ao Meio, Editorial Teorema, pp. 27-28.

8. Ítalo Calvino escreveu três livros muito bons para incutir o gosto pela leitura em pessoas que não têm hábitos de leitura. Os seus nomes são: O Visconde Cortado ao Meio, O Barão Trepador e O Cavaleiro Inexistente.

9. “Uma sociedade aberta valoriza os seus membros descontentes e dissidentes porque precisa de pensamento criativo, maior amplitude de alternativas, novas hipóteses e, em geral, do vigoroso diálogo provocado por novas ideias.” - Luís Rodrigues e outros, Filosofia – 11º, Plátano Editora, pág. 22.

10. “A batalha começou pontualmente às dez da manhã. Do alto da sua cela, o lugar-tenente Medardo contemplava a amplidão das fileiras cristãs, a postos para o ataque. E estendia o rosto, oferecendo-o ao bafejo do vento da Boémia, que espalhava um aroma de folhas, como se estivessem numa enorme eira poeirenta.” - Ítalo Calvino, O Visconde Cortado ao Meio, Editorial Teorema, pág. 15.