sábado, 25 de fevereiro de 2012

Defender a objetividade não significa que se seja dogmático

«Muitas pessoas imparciais parecem objetar à noção de verdade e falsidade objetiva porque pensam que implica um tipo qualquer de dogmatismo. Pensam que se a Maria afirma que todas as nossas crenças e asserções são ou objetivamente verdadeiras ou objetivamente falsas, então ela está a insinuar-se como um árbitro dessa verdade e falsidade objetiva. "Quem estabelece o que é verdadeiro e o que é falso?", perguntam. Mas a Maria não está comprometida pela sua crença na objetividade da verdade e da falsidade com a afirmação de que ela está em posição de fazer lei sobre o que é verdadeiro e o que é falso. Na verdade, ela não está comprometida com a tese de que alguém está em posição de fazer lei sobre o que é verdadeiro e o que é falso. Ela só está comprometida com a tese de que a verdade e a falsidade existem e são (em geral) conferidas às crenças e asserções independentemente do que acontece nas mentes das pessoas que têm tais crenças e fazem tais asserções.

Um exemplo deverá ser suficiente para tornar isto claro. Considere-se a questão de saber se há vida inteligente noutros planetas. "Quem estabelece se há ou não vida inteligente noutros planetas?" Quem, de facto? Do meu ponto de vista, nenhum ser humano, neste momento histórico, está em posição de estabelecer a lei quanto a esta questão. Mas afirmar isto é perfeitamente consistente com afirmar que ou há vida inteligente noutros planetas ou não há, e que o que torna verdadeira a afirmação de que há vida inteligente noutros planetas (se for verdadeira), ou falsa (se for falsa), são os factos sobre o modo como as coisas são em planetas distantes — factos que são como são independentemente da nossa existência e das nossas crenças e dos nossos desejos.»

Peter van Inwagen, “Objectividade” – Crítica: revista de filosofia - http://criticanarede.com/met_objectividade.html

 

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