Pieter Bruegel (o Velho), "A torre de Babel", 1563.
Pieter Bruegel (o Velho), 1568.
Estas imagens foram copiadas de um EXCELENTE site: AQUI. Imprescindível conhecer!
Está também no Facebook: AQUI.
“As nossas crenças mais justificadas não têm qualquer outra garantia sobre a qual assentar, senão um convite permanente ao mundo inteiro para provar que carecem de fundamento.” John Stuart Mill
Pieter Bruegel (1525-1569), "A Procissão e o Calvário", uma representação a óleo com mais de 500 personagens.
Este quadro inspirou um filme que estreou recentemente e vale a pena ver. Para saber mais acerca desse filme: AQUI.
Antes de assistirem a este filme no cinema, vejam o documentário sobre Nietzsche no post anterior. O filme só pode ser visto em Lisboa e no Porto, pois o resto é paisagem. Este facto, se pensarmos bem, diz muito sobre o nosso país.
"Turim, 3 de Janeiro de 1889. O filósofo Friedrich Nietzsche sai de casa. Ali perto um camponês luta com a teimosia do seu cavalo, que se recusa a obedecer. O homem perde a paciência e começa a chicotear o animal. Nietzsche aproxima-se e tenta impedir a brutalidade dos golpes com o seu próprio corpo. Naquele momento perde os sentidos e é levado para casa onde permanece em silêncio por dois dias. A partir daquele trágico evento Nietzsche nunca mais recuperará a razão, ficando aos cuidados da sua mãe e irmãs até ao dia da sua morte, a 25 de Agosto de 1900. Partindo deste evento, o filme tenta recriar o percurso do camponês, da sua filha, do velho cavalo doente e a sua existência miserável.
O filme, realizado pelo húngaro Béla Tarr ("Sátántangó", "Perdição", "O Homem de Londres"), foi o vencedor do Urso de Prata - Grande Prémio do Júri no Festival de Berlim em 2011 e é, segundo as palavras do realizador, o filme que encerra a sua carreira."
Informação retirada do jornal Público, ver AQUI.
Nietzsche foi um importante filósofo alemão do século XIX. Neste documentário da BBC (legendado em português do Brasil) explicam-se algumas das suas ideias fundamentais e fala-se da influência que estas exerceram no pensamento filosófico posterior.
São citados alguns dos textos aforísticos mais conhecidos deste filósofo, como é o caso da "parábola do louco". Relatam-se também alguns dados biográficos relevantes, como o papel da irmã de Nietzsche na edição de suas obras e a utilização destas na propaganda do regime nazi.
Este programa conta com entrevistas de estudiosos do pensamento de Nietzsche, por exemplo, Ronald Hayman e Leslie Chamberlain (biógrafos de Nietzsche), Andrea Bollinger (arquivista), Reg Hollingdale (tradutor), Will Self (escritor) e Keith Ansell Pearson (filósofa).
Vale a pena conhecer as ideias deste filósofo, ainda que se discorde delas!
Relativamente à derrota de Portugal diante da Espanha e ao facto de a seleção portuguesa não chegar à final do campeonato europeu de futebol, há certamente muitas considerações a fazer (nomeadamente sobre os jogadores que o treinador substituiu ou não substituiu e sobre o facto do capitão da equipa – considerado um dos dois melhores jogadores de futebol do mundo – não se ter atrevido a marcar um dos primeiros penáltis para dar o exemplo e assim encorajar os colegas), mas há um aspeto que sobressai acima de todos os outros.
A saber: os portugueses não deviam investir tanto - em termos temporais, emocionais e motivacionais – em algo que não depende deles e que não passa de um mero jogo de azar, sempre sujeito aos tropeções do acaso. Os cidadãos portugueses que neste momento se sentem infelizes com a derrota da seleção portuguesa fazem-me lembrar as pessoas que se zangam com os atores que, em filmes ou telenovelas, representam personagens malvadas quando os encontram na rua. Ou seja: confundem a realidade e a ficção.
O ensino da filosofia pode ser entendido como uma negação da primeira afirmação: não é preciso ser um génio para discutir ideias.
O folheto com o programa detalhado pode ser consultado AQUI.
«Os problemas intelectuais não surgem da ignorância, mas do conhecimento insuficiente. Um ignorante sente-se perplexo com pouquíssimas coisas. Quando um estudante vê problemas, já está lançado no objeto de estudo.»
Kurt Baier, “O sentido da vida”, in Viver para quê? – Ensaios sobre o sentido da vida, organização e tradução de Desidério Murcho, Dinalivro, 2009, Lisboa, pp. 62-63.
A Alemanha e a Grécia defrontam-se hoje num jogo dos quartos de final do Campeonato Europeu de Futebol. Não percebo muito de futebol, mas julgo que é muito possível que o jogo seja semelhante a este – em que também se defrontaram a Alemanha e a Grécia, embora os jogadores fossem outros.
António Mouzinho (que é, salvo erro, professor de Geometria Descritiva) escreveu um interessante texto em defesa dos exames nacionais, no blogue De Rerum Natura. Nele critica algumas ideias erradas (mas infelizmente frequentes) acerca dos exames, nomeadamente que a preparação dos alunos para os exames condiciona negativamente o ensino e é incompatível com o exercício da criatividade e do pensamento crítico.
Dois excertos:
“A única forma de preparar gente para exame, é dar a matéria toda, insistir no que é fundamental (leia-se: estruturante), e insistir na seriedade do estudo e do trabalho dos discentes. E rever, e tornar atrás, e voltar a dar a mesmíssima matéria, para de novo provocar os cérebros a meditar nas mesmas questões, mas numa nova perspetiva: de revisita, de revisão, de redescoberta — tal qual como se conhecem os meandros de uma cidade: a pouco e pouco, mas com muito passeio, muita insistência, até a ter (quase) conquistada, perspetiva a perspetiva, aroma a aroma, restaurante a restaurante.”
“Se um estudante disser que sabia tudo e depois, com os nervos, teve uma branca e foi-se abaixo, uma de duas coisas se passa: o estudante não se preparou (e engana-se ou mente com os dentes todos que tem), ou o estudante tem, de facto, um problema grave de ansiedade paralisante que tem de ser visto por um médico (situação preocupante, que não deve ocorrer apenas em situação de prestação de contas escolares).”
Eis o exame de Filosofia de 2012 (1ª fase) e os respetivos critérios de correção.
Fonte: Gave.
A impressão geral com que a maioria dos meus alunos saíram do exame foi positiva - "questões bem melhores que as do teste intermédio" - e eu concordo, globalmente, com eles. Mas aguardo as classificações (e a coerência entre estas e a avaliação interna obtida no 10º e 11º ano) para poder comprovar esta primeira impressão deles.
Foi, sem dúvida, um exame "mais filosófico" que o teste intermédio. Todavia, só depois de saírem os critérios de correcção farei uma apreciação mais detalhada.
Contudo, um dos aspectos que me parece relevante - e salta à vista neste exame - é a desproporção entre o grau de dificuldade e os conhecimentos exigidos (no grupo III) na resolução da questão da lógica aristotélica (percurso A) e na resolução da questão da lógica proposicional (percurso B), o que irá ser evidenciado nos critérios de correcção. Considerando que se trata, tal como vem indicado no programa de Filosofia, de uma opção (os professores têm de escolher leccionar um dos percursos) não faz sentido que as questões colocadas não tenham um grau de dificuldade idêntico, como não tiveram de facto neste exame.
Acrescento que, curiosamente, o texto e as questões do grupo IV (1.2. e 2.) do exame (por outras palavras) podiam ser encontradas num post deste blogue: aqui.
Faltam poucos minutos para o exame de Filosofia acabar. Espero que seja uma prova sem as imprecisões do teste intermédio e que, contrariamente ao que sucedia neste, contenha questões realmente filosóficas.
Enquanto aguardava pelas notícias, ocorreu-me fazer uma pequena sondagem aos leitores sobre o exame de Filosofia: Não devia existir? Devia tornar-se obrigatório ou manter-se opcional?
Têm 5 dias para votar, aqui ao lado no canto superior esquerdo do blogue.
Para os meus alunos que vão fazer, amanhã, exame nacional de Filosofia.
"Pergunta-se então para que serve a filosofia, e sugere-se que não serve para coisa alguma. Mas a pergunta está feita ao contrário porque a filosofia não é como um rio que já existe e acerca do qual perguntamos para que serve; a filosofia é antes como uma casa que construímos para responder às nossas necessidades. Assim, a pergunta correcta é porque fazem os filósofos filosofia. E a resposta é que a fazem porque essa é a única maneira de responder a problemas que nos fascinam e que queremos esclarecer tanto quanto possível, mesmo que sejamos incapazes de lhes dar respostas definitivas."
Desidério Murcho, 7 ideias filosóficas que toda a gente devia conhecer, Editorial Bizâncio, pág. 138.
Para saber mais sobre este livro, ver AQUI.
1. Argumentação e lógica formal. Lógica proposicional – percurso B
Qual é a utilidade do estudo da Lógica?
A relação entre verdade e validade
Proposições contraditórias: análise de exemplos
Preparação para o teste intermédio: Ficha nº 1
(as variáveis proposicionais, os operadores verofuncionais e as tabelas de verdade)
Preparação para o teste intermédio: Ficha nº 2
(a formalização de proposições e o âmbito dos operadores)
Disjunção inclusiva ou exclusiva?
Condições necessárias e suficientes: análise de um exemplo
A negação de proposições condicionais
Disjunção inclusiva: Nat King Cole ou Stan Getz
Afirmação da antecedente e negação da consequente
Estudar Filosofia: evita choques elétricos e malentendidos no namoro
2. Falácias informais e argumentos não dedutivos
Falácias informais do apelo à ignorância, da derrapagem e do boneco de palha
Guia das falácias de Stephen Downes
Análise filosófica de um anúncio publicitário (1)
Análise filosófica de um anúncio publicitário (2)
Um cartaz político falacioso (3)
Se nós desistirmos, eles também desistem?
O mal deve-se a Deus ou ao homem?
Dois exemplos de argumentos falaciosos a não seguir
Trabalhos dos alunos: Falácias na política
Trabalhos de alunos sobre falácias informais
Exemplos da falácia do apelo à ignorância
Ficha de Revisão: falácias informais
Ficha de revisão: identificação de argumentos não dedutivos
Quais são as falácias informais usadas pelas personagens do vídeo?
Falácias informais utilizadas na publicidade - exercício de aplicação
(sobre os diferentes tipos de argumentos)
Ficha de revisão: identificação de argumentos não dedutivos
3. Argumentação, retórica, filosofia e democracia
O tempo até pode ser relativo, mas a verdade não
Retórica e democracia: Ficha de trabalho
A retórica, os sofistas e Platão: Ficha de trabalho
Filosofia, retórica e democracia: síntese das aulas do 11º ano
4.Teorias explicativas do conhecimento: Descartes e Hume
Descartes:
Uma dúvida inspiradora para os alunos do 11º ano
A dúvida metódica (este deveria ter sido o primeiro post deste blogue)
Razões para duvidar, segundo Descartes
Como é que Descartes pretendeu ultrapassar o ponto de vista dos cépticos
O solipsismo e a necessidade de Deus no sistema cartesiano
Descartes: argumentos para provar a existência de Deus
A objeção de Kant ao argumento ontológico: a existência não é um predicado
O argumento ontológico: diálogo entre um crente e um ateu
Objeção ao argumento da marca: criar a ideia de perfeição é diferente de criar a própria perfeição
O “Deus dos filósofos” e o “Deus da fé”
Críticas a Descartes: Ficha de trabalho
Os conceitos cartesianos de intuição e dedução
A matemática é a priori mas não é inata
Hume:
Cegos que começam a ver: impressões e ideias
Como se originou, segundo Hume, a ideia de Deus?
A crença na causalidade é instintiva
As superstições e a crítica de Hume à ideia de causalidade
A minha vida é real: conhecimento ou mera crença?
A abdução ou argumento a favor da melhor explicação
5. Senso comum e conhecimento científico
O senso comum não basta para compreender o mundo
Exemplos de explicações científicas
Algumas diferenças entre o senso comum e a ciência
Dormir bem pode melhorar os resultados escolares
Há boas razões para acreditar na ciência e não nos milagres
Refutação humorística da homeopatia
O poder da ciência ao serviço do poder político?
Como é que uma criança decide tornar-se cientista?
2 Fichas de trabalho: o método e a objectividade na ciência
6. Kuhn e Popper
As teorias científicas são falsificáveis
Verificabilidade e falsificabilidade – alguns exemplos
Ou seja, uma investigação não começa com a observação
O refereeing ou arbitragem científica
A palavra ‘provado’ devia ser usada com mais cuidado!
Ascenção e queda das teorias científicas
Razões para considerar a homeopatia uma pseudociência
1. A ação e os valores: discussão acerca da natureza dos valores e dos juízos morais.
Subjectivismo moral (1): A verdade dos juízos morais depende da opinião pessoal?
Subjectivismo moral (2): Será a ética subjectiva?
Subjectivismo moral (3): Haverá provas em ética?
A defesa dos direitos humanos e do relativismo cultural serão compatíveis?
Se há valores morais objetivos, pode-se defender os direitos humanos
Fichas de Filosofia sobre a acção e os valores
2. Determinismo e liberdade na ação humana.
Formulação do problema do livre-arbítrio (1)
A resposta do determinismo radical (2)
Se o determinismo radical for verdadeiro, salvar 155 pessoas não tem qualquer mérito
O livre-arbítrio existe, pois temos consciência dele
Argumentos a favor do Libertismo
Ficha de Trabalho sobre o problema do livre-arbítrio
Terá o determinista radical razão?
Numa guerra, pode-se escolher não matar?
2º Teste de Filosofia do 10º ano
3. A dimensão ética da ação humana.
Exercícios para resolver e questões para discutir sobre ética:
As teorias éticas de Kant e Stuart Mill: ideias fundamentais
Ética: fichas de trabalho sobre Kant e Stuart Mill
Para discutir na primeira aula de Filosofia
Bem-vindos à discussão dos problemas filosóficos :)
Preparação para o teste intermédio de Filosofia - 2
Teste intermédio de Filosofia: enunciado, resolução e critérios de correcção
4. A dimensão política da ação humana.
Rawls
Uma experiência mental oportuna no actual contexto político
Citação muito actual, tendo em conta o estado da pátria
Uma sociedade justa, segundo Rawls
Rawls e Nozick: o estado social versus o estado mínimo
5. A dimensão religiosa da ação humana.
Qual é, afinal, a palavra de Deus?
A religião e os desafios da tolerância: Ficha de trabalho
O mal deve-se a Deus ou ao homem?
Explicação matemática da ‘aposta de Pascal
Críticas ao argumento da aposta
Sem Deus tudo seria permitido?
Se Deus existe porque é que acontecem coisas tão más?
O ponto de vista de um agnóstico
Exemplo de uma atitude dogmática: o fundamentalismo religioso
Realiza-se amanhã o exame nacional de Filosofia.
Dica para fazer um bom exame: O que quer dizer tudo isto?
Rodin: O Pensador
Caros alunos que vão realizar - a partir de amanhã - exames, comparem a vossa situação presente com a do montanhista. Já pensaram que a subida vale a pena porque lá do alto avistam-se coisas valiosas a que não se pode aceder de outro modo?
Como estudar melhor em pouco tempo?
Vejam a resposta AQUI. Vale a pena ler estes conselhos e, sobretudo, colocá-los em prática.
PÁG. 215 - OS VALORES
Exercício 1
1 – A; 2 – B; 3 – A; 4 – A; 5 – A; 6 – C; 7 – C; 8 – A; 9 – C; 10 – C
PÁG. 217 – A DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICA
Exercício 1
1 – C; 2 – A; 3 – D; 4 – A; 5 – D; 6 – C; 7 – A; 8 – B; 9 – D; 10 – D; 11 – C; 12 – A; 13 – B
Exercício 2
1 – F; 2 – F; 3 – V; 4 – F; 5 – V; 6 – F; 7 – V; 8 – V; 9 – F; 10 – F; 11 – V; 12 – F; 13 – V; 14 - F
PÁG. 220 – A DIMENSÃO ESTÉTICA
Exercício 1:
1 – B; 2 – C; 3 –A; 4 – D; 5 – A; 6 – B; 7 – A; 8 – D; 9 – D; 10 – A
Exercício 2:
1 – F; 2 – V; 3 – F; 4 – F; 5 – V; 6 – F; 7 – F; 8 – V; 9 – V; 10 – V
No Verão de 2007 li o romance "Gente independente". Comprei este livro por uma má razão: o título. O autor, com um nome para mim impronunciável, era-me totalmente desconhecido e não sabia nada sobre a história. Todavia, depois de começar a lê-lo acabei por ficar rendida às lendas da inóspita Islândia, aos personagens, à história e às reflexões do escritor, algumas delas bastante filosóficas. É um daqueles casos em que a leitura, depois do leitor ser apanhado pela trama da história, se torna compulsiva, apesar das 479 páginas deste romance.
Nos actuais tempos de crise - financeira, mas também de "valores" (como se costuma dizer, seja lá o que isso for) - acontece-me muitas vezes lembrar algumas passagens deste livro. Em particular, aquelas que se referem ao elevado preço que o personagem principal, Bjartur, pagou ao longo da sua vida para manter a sua independência e integridade.
Aconselho vivamente a sua leitura!
A música é da banda islandesa Sigor Ros. As imagens do vídeo são da Islândia e têm muito a ver com o ambiente em que se passa a história narrada no romance "Gente independente". Mas eu não vou explicar porquê. Se quiserem descobrir leiam o livro.
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Exame nacional de Filosofia - Informações do GAVE
Esperemos que desta vez, ao contrário do que aconteceu no teste intermédio, que o Gave tenha em conta na elaboração do exame as indicações fornecidas aos alunos e professores!
Bom estudo!!! :)
“O que os melhores alunos têm para ensinar aos outros? Quais são os segredos para se estudar para um exame?”
Para obter respostas a estas perguntas o jornal PÚBLICO foi falar com “os alunos com os melhores resultados nos exames nacionais, no ano passado, para saber quais são os segredos para o seu sucesso”. Uma das entrevistadas foi uma aluna da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa, a Ana Marta Nunes, que teve 20 no exame de Biologia e Geologia.
Eis o que o jornalista escreveu sobre a conversa (entre outras coisas, não disse o nome da escola).
(Nota: percebo pouco de Biologia e de Geologia, mas julgo que a circunstância de – segundo a aluna - esta disciplina atualmente apelar mais à memorização que ao raciocínio não se deve à natureza do conhecimento biológico e geológico nem às opções pedagógicas dos professores – pelo menos dos melhores –, mas sim a algumas caraterísticas do programa e dos exames que têm sido feitos.)
Por curiosidade, alguns textos de Ana Marta Nunes publicados no Dúvida Metódica:
O aborto em debate: a opinião dos alunos
Um livro para quem se interessa por medicina e seres humanos
Adolescência e sexualidade: a perspectiva dos alunos
Análise filosófica de um anúncio publicitário (1)
Schulz, Peanuts.
Muitas pessoas enganam-se a si próprias com uma enorme facilidade. No caso de algumas delas, o motivo principal é que não têm quaisquer interesses para além da sua vida pessoal e não acham importante nada que não tenha relação com o seu umbigo.
Mas claro que há pessoas que se interessam por coisas realmente valiosas e não privadas como a filosofia, a ciência, a literatura ou mesmo mudar o mundo e que, ainda assim, têm atitudes tão patéticas como a Lucy. Porque…
Fotografia vista aqui.
“Ou Deus quer impedir o mal e não pode, ou pode mas não quer. Se quer mas não pode, é impotente. Se pode, mas não quer, é malévolo. Mas se Deus pode e quer, de onde vem então o mal?”
Epicuro
A fotografia foi encontrada aqui. É da autoria de José Ferreira Jr.
Como é que alguém pode não gostar de poesia e de ouvir o modo como Amália
a canta? (É uma pergunta retórica, apesar das evidências que se seguem...)
Eis o trabalho que as alunas, Catarina Bárbara e Maria Bumbuk, do 11º F fizeram sobre um anúncio publicitário.
Vale a pena ver e ler!
O racismo corresponde a um preconceito e conduz a atitudes discriminatórias. Este anúncio pretende levar as pessoas a repensar algumas das suas ideias e a compreender os efeitos negativos que estas podem ter nos outros e em si próprias. No anúncio vemos uma rapariga a aplicar, ao espelho, um creme (Racism) aparentemente para lhe fazer bem à “pele” e ficar mais bela.
No entanto, os efeitos produzidos são o contrário dos desejados, pois com o passar dos dias a rapariga apresenta olheiras, alergia, vermelhidão e borbulhas e começa a ter feridas, chegando a ficar com a cara completamente desfigurada. Assim, apesar deste “creme” a ir desfigurando, ela continua a aplicá-lo, sem se aperceber do mal que este lhe faz. O mesmo se passa com as pessoas com ideias racistas, também elas não se apercebem que ao discriminarem os outros de forma repetida, esses atos acabam por lhes moldar o carácter transformando-as em pessoas “feias” (moralmente desprezíveis). Trata-se, portanto, de um argumento por analogia. Neste caso é um argumento fraco porque a fealdade física e moral não são comparáveis, as diferenças são maiores que as semelhanças.
Os argumentos implícitos no vídeo podem expressar-se do seguinte modo:
Modus ponens
Se és racista, então vais ficar feio.
És racista.
Logo, ficaste feio.
Modus tollens
Se és racista, então vais ficar feio.
Não ficaste feio.
Logo, não és racista.
A principal mensagem transmitida ao espectador é que não devemos ser racistas. O termo “feio” é utilizado em sentido moral: é algo condenável por ser contrário ao bem e ao dever. Na prática, o racismo deixa marcas, bastante más até, especialmente na vítima, mas também no indivíduo que tem este tipo de atitudes, pois ele em vez de se tornar uma pessoa melhor, regride, tornando-se irreconhecível para si próprio, tal acontece à rapariga do anúncio.
Neste vídeo utilizam-se, de forma implícita, falácias informais (argumentos em que as premissas não sustentam a conclusão - em virtude do seu conteúdo e/ou da sua forma - embora isso não pareça acontecer). Exemplos:
- Apelo às consequências: o autor para mostrar que uma crença (o racismo) é falsa aponta as consequências desagradáveis que advirão em sua defesa (o facto das pessoas ficarem feias (ou seja moralmente desfiguradas, com dificuldade em se reconhecerem a si próprias).
- Ataque pessoal: em vez de se apresentarem razões para justificar porque motivo esta é uma crença falsa, ataca-se as pessoas racistas dizendo que elas são feias. Quando o que importava era demonstrar que o racismo não tem qualquer fundamento racional.
A nosso ver, este anúncio é apelativo e faz as pessoas (algumas pelo menos) repensarem as suas atitudes. Este anúncio não foi feito para promover um tipo de alimento, uma marca, ou outros objectos, mas sim para despertar as pessoas: aquelas que ainda permanecem na ignorância, pensando que certos indivíduos são superiores a outros devido às suas características físicas. Recentes investigações provam que a “raça” é um conceito inventado. A noção de “raça” não possui qualquer fundamento biológico. Não existe nenhuma prova científica da existência de raças diferentes. A biologia só identificou uma raça: A RAÇA HUMANA.
Catarina Bárbara e Maria Bumbuk
Aprender (e, consequentemente, ter boas notas) é bom por muitos motivos, nomeadamente quando se vai fazer um teste difícil. Por exemplo… ( )
Sem título de Jorge Pinheiro (n. em 1931, para mais informações sobre o pintor, ver aqui) de 1977.
No terceiro nível, a obra analisada foi uma pintura abstrata da autoria de Jorge Pinheiro. Como observou a guia da exposição, para interpretar este quadro era necessário ter alguns conhecimentos de Matemática, sem os quais não era possível entender as ideias que o pintor pretendeu transmitir.
O pintor desenhou um quadro que representava algumas das ideias do matemático italiano (do século XIII), Leonardo de Pisa, conhecido por Fibonacci. Este matemático colocou um problema prático que consistia em calcular quantos coelhos seriam gerados num ano a partir de um único casal. Supondo que cada casal leva um mês, após nascer, para ficar fértil e gera sempre outro casal a cada mês, e que nenhum coelho morre durante o ano, Fibonacci chegou a uma sequência que correspondia ao número de coelhos gerados em cada mês:
1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377...
Nesta sequência de números naturais, podemos obter um termo qualquer da sequência, a partir do 3º, somando os dois termos imediatamente anteriores a ele. Por exemplo, 3 = 2 + 1; 34 = 21 + 13, etc. Supondo, hipoteticamente, que os coelhos tinham vida eterna, esta sequência seria infinita.
Além disso, a razão de semelhança entre um número e o seu precedente (a partir do 5º termo da sequência) está sempre próxima de 1,6 (valor aproximado do "número de ouro": 5/3=1,666....; 8/5 = 1,6; 13/8 = 1,625 e assim por diante), este número é um limite, tende para 1.68.
Para exemplificar uma das aplicações da sequência de Fibonacci, as guias da exposição recortaram numa folha A3 uma série de figuras geométricas, de acordo com as proporções a seguir descritas nas imagens.
Fotografia de Samuel Camacho do 11º F.
Como se pode observar na imagem anterior, a folha recortada tinha desenhado o seguinte: de dois quadrados de lado 1, obteve-se um rectângulo de lados 2 e 1. Adicionando a esse rectângulo um quadrado de lado 2, obteve-se um novo rectângulo 3×2. Adicionando um quadrado de lado 3, obteve-se um rectângulo 5×3. Observando a figura, vemos que os lados dos quadrados adicionados para determinar os rectângulos formam a sequência de Fibonacci.
Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos uma espiral formada pela concordância de arcos cujos raios são os elementos da sequência de Fibonacci.
Ao rectângulo anterior chama-se rectângulo áureo ou rectângulo de ouro. Este tem uma particularidade: a razão entre o maior e o menor lado é igual ao número Φ, fi, (também conhecido como “proporção áurea” ou "número de ouro") que corresponde a 1,6180339887....(para saber mais, ver os slides disponibilizados no final).
O número fi pode ser encontrado em padrões matemáticos, físicos e biológicos. Além disso, foi também usado como referência estética nas artes plásticas. No mundo vegetal e animal, o número fi e a sequência de Fibonacci surgem em muitas situações, como por exemplo, nas espirais das conchas (nautilos) e da casca do abacaxi (para conhecer outros exemplos, ver aqui).
Georgeta, Jéssica e Tatiana, 11º C
Para quem quiser saber MAIS sobre a sequência de Fibonacci, consultar a informação disponibilizada nos slides seguintes.
Fotografia de Samuel Camacho do 11º F.
A visita ao CAM (Centro de Arte Moderna da Gulbenkian) foi bastante enriquecedora, pois tivemos oportunidade de perceber como é que a análise de certas obras arte se pode relacionar com ideias matemáticas.
As obras de arte, que vimos durante a visita guiada, estavam organizadas em níveis.
No primeiro nível, as obras observadas eram caracterizadas por serem em 2D (duas dimensões). Por isso, havia simetria em certos detalhes e o desenho estava orientado conforme dois eixos: o eixo X e eixo Y. Existiam translações, círculos e circunferências. O quadro que observamos para ilustrar estas características foi o da pintora Beatriz Milhazes.
“Primavera” de Beatriz Milhazes (uma pintora nascida em 1960). Para mais informações sobre esta exposição, ver aqui.
No segundo nível, as obras de arte observadas produziam ilusões óticas no espectador. Transmitiam, por exemplo, a sensação de profundidade e de movimento. Foi o caso de uma bola que parecia flutuar em cima de fitas. Ao longe, aparentemente, a bola parecia leve e suspensa no ar. Contudo, este efeito de leveza não era real, ao aproximar-nos verificámos que as fitas eram pesadas - eram de ferro tal como a bola - e eram elas que suportavam o elevado peso da bola.
Outra obra analisada - constituída por uma sequência de fotografias - era da autoria da pintora Helena Almeida. Inicialmente, via-se a uma fotografia da pintora com um pincel na mão com tinta azul. A sensação que nos dava é que a mão ia pintando um bocado de tela cada vez maior. O que nós víamos é que depois de pintar a tela azul, havia uma mão que empurrava a cortina de tinta azul e a afastava. Ao olharmos a sequência de imagens tínhamos a ilusão de movimento, como se o pincel ou a mão pudessem, de facto, produzir o efeito da tinta a aparecer ou a desaparecer. Mas, na realidade, eram apenas os nossos sentidos a enganarem-nos. O que, de facto, aconteceu foi as fotografias terem sido pintadas como se fossem uma tela. A sensação de profundidade e de movimento eram, portanto, aparentes e não correspondiam à realidade.
As fotografias de Helena Almeida que observamos no CAM.
A guia da visita mostrou-nos - para ilustrar algumas das ideias que estavam presentes na sequência de fotografias que observáramos anteriormente – uma outra sequência de fotografias, da mesma artista, que produziam uma imagem distorcida da realidade: como se a linha, desenhada na mão com a caneta, pudesse ser um bocado de fio que os nossos dedos pudessem sentir e manusear.
«Sente-me» de Helena Almeida, 1979.
Georgeta, Jéssica e Tatiana, 11º C
Este post é para quem tem a possibilidade de passear em ruas onde florescem - nesta altura do ano - jacarandás, mas nunca parou um momento para olhar e perceber a sorte que tem por poder contemplar árvores tão belas.
(As fotografias são de Faro e Lisboa e foram tiradas da Internet).