domingo, 18 de outubro de 2020

Matriz do 1º teste do 11º ano: turmas E e F

Pintura de Augustus Edwin Mulready



Ano letivo: 2020-2021

Duração: 90 minutos

Temas: Filosofia Política (Recuperação de aprendizagens), Epistemologia.

Objetivos:

1. Dar exemplos de problemas de filosofia política.

2. Explicar em que consiste o problema da justiça distributiva.

3. Esclarecer o que é o capitalismo e o que é o comunismo.

4. Explicar, de acordo com Rawls, os conceitos de posição original e véu de ignorância.

5. Explicar cada um dos princípios de justiça propostos por Rawls.

6. Mostrar porque é que, de acordo com Rawls, o princípio da liberdade tem primazia sobre os outros.

7. Mostrar em que medida Rawls defende algumas ideias kantianas.

8. Mostrar porque é que Rawls rejeita o utilitarismo.

9. Explicar a regra maximin.

10. Analisar e discutir o argumento segundo o qual a distribuição da riqueza não se deve basear em fatores moralmente arbitrários.

11. Explicar em que medida a teoria de Rawls tenta conciliar a igualdade e a liberdade individual.

12. Explicar a teoria de Nozick (direitos invioláveis, crítica aos impostos, estado mínimo…) e mostrar em que medida constitui uma tentativa de refutar a teoria de Rawls.

13. Mostrar em que medida Nozick defende algumas ideias kantianas.

14. Explicar a teoria de Michael Sandel (importância da comunidade, eu situado…) e mostrar em que medida constitui uma tentativa de refutar a teoria de John Rawls.

15. Explicar outras objeções à teoria de Rawls.

16. Comparar a teoria de Rawls com as teorias de Nozick e de Sandel e discutir qual é a teoria mais plausível.

17. Defender uma opinião acerca do problema da justiça distributiva.

------------------------------

18. Explicar o que é a Epistemologia.

19. Diferenciar os vários tipos de conhecimento (conhecimento prático, conhecimento por contacto e conhecimento proposicional).


Natureza das questões:

Escolha múltipla, correspondências, questões de resposta curta e uma questão de resposta extensa.

Para estudar:

No manual: partes assinaladas das páginas 166, 168, 169, 170, 174 (problema da justiça distributiva).

PDF´s e Fotocópias

No blogue Dúvida Metódica (opcional):


Matriz do 1º teste do 10º ano: turmas B e F




Ano letivo: 2020/2021

Duração do teste: 90 minutos

Estrutura do teste: contém itens de escolha múltipla, correspondências, itens de resposta curta, itens de resposta restrita e um item de resposta extensa.

1. Conhecer pelo menos oito exemplos de questões filosóficas.
2. Explicar porque é que as questões filosóficas são concetuais.
3. Explicar porque é que as questões filosóficas são básicas.
4. Explicar porque é que as questões filosóficas estão em aberto.
5. Distinguir questões filosóficas de questões não filosóficas em exemplos dados.
6. Mostrar porque é que a filosofia requer pensamento crítico.
7. Explicar o que é a lógica.
8. Explicar o que é uma proposição.
9. Distinguir frases que exprimem proposições de frases que não exprimem proposições.
10. Explicar o que são ambiguidades e distinguir ambiguidades semânticas e ambiguidades sintáticas.
11. Explicar porque é importante – na filosofia e noutras áreas do conhecimento - evitar ambiguidades.
12. Classificar proposições quanto à qualidade (afirmativas e negativas) e quanto à quantidade (universais, particulares e singulares).
13. Reescrever frases universais, particulares e singulares de modo a que as proposições sejam expressas de modo canónico.
14. Nomear e explicar as relações lógicas contidas no Quadrado da Oposição.
15. Determinar o valor de verdade de proposições dadas tendo em conta o Quadrado da Oposição.
16. Negar proposições universais, particulares e singulares.

Para estudar:

Partes assinaladas das páginas 9 e 10 do manual adotado. 

Fotocópias.

PDF’s.

No blogue Dúvida Metódica (opcional):



terça-feira, 13 de outubro de 2020

A filosofia e ciência ao longo da história

«Ao logo de quase toda a sua história, “filosofia” tinha como significado geral “investigação racional”, apesar de, a partir do início dos tempos modernos, no Renascimento, e até ao século XIX, ter passado mais em particular a significar aquilo a que agora chamamos “ciência”, apesar de um “filósofo” ser ainda que alguém que investigava tudo e mais alguma coisa. Daí que o Rei Lear diga a Edgar: “Deixa-me primeiro falar com este filósofo: qual é a causa da trovoada?” Na lápide de William Hazlitt, entalhada em 1820, o famoso ensaísta é descrito como “o primeiro (sem rival) Metafísico do seu tempo”, porque nessa altura o que agora chamamos “filosofia” chamava-se “metafísica”, para distingui-la do que agora chamamos “ciência”. Esta distinção era muitas vezes assinalada com a designação “filosofia moral”, para falar do que agora chamamos “filosofia”, e “filosofia natural” para falar do que agora chamamos “ciência”.

A palavra “cientista” foi introduzida muito recentemente, em 1833, dando à palavra relacionada “ciência” o sentido de referência que agora tem. Depois dessa data, as palavras “filosofia” e “ciência” assumiram os seus significados atuais, à medida que as ciências se afastavam mais e mais da investigação geral, ao se especializarem e se tornarem cada vez mais técnicas.»

A. C. Grayling, Uma História da Filosofia, Edições 70, Lisboa, 2020, pág. 17. 

(Tradução de Desidério Murcho.)


A. C. Grayling, Uma História da Filosofia


domingo, 11 de outubro de 2020

Falácia das más companhias

falácia das más companhias

A falácia das más companhias (“Guilt by association fallacy”.ou “Bad company fallacy”) é uma falácia informal que consiste em “atacar a posição de outra pessoa apenas porque foi defendida por alguém obviamente malévolo ou estúpido. (…) A sugestão é que se alguém obviamente malévolo ou estúpido defendeu aquela perspetiva, então só quem é também malévolo ou estúpido a defenderá. 
Esta forma de argumentar não é fidedigna, o que rapidamente se torna claro quando consideramos exemplos. 
Por exemplo, (…) se o leitor defendesse a legalização de algumas formas de eutanásia e alguém procurasse refutar o seu argumento chamando a atenção para o facto de Hitler ser a favor da eutanásia e ter criado um programa de eutanásia do qual resultou a morte de 70000 pacientes em hospitais, essa pessoa incorreria no uso da falácia das más companhias. (…) Neste caso, essa falácia sugere que o que Hitler aprovava era, por essa mesma razão, moralmente errado ou algo que se baseava numa crença falsa. Isto não equivale a dizer que não pode haver razões independentes em virtude das quais legalizar a eutanásia poderia ser um erro; sugere apenas que o facto de Hitler pôr em prática a política da eutanásia não é, em si, uma boa razão para evitar fazê-lo. O que precisamos é de um género de análise das semelhanças relevantes entre as duas situações. (…)
Pode ser extremamente desconfortável dar connosco a concordar com pessoas que desprezamos completamente. Todavia, isso não é suficiente para provar que o facto de Hitler acreditar em algo mostra que a crença é falsa. Afinal, Hitler acreditava que 2 + 3 = 5 e que Berlim fica na Alemanha. O que esta forma de argumento ignora é que as pessoas más e estúpidas não só têm inúmeras crenças falsas, mas também muitas crenças verdadeiras. (…)
Embora Hitler tenha defendido muitas práticas perversas e tenha sido responsável por alguns dos piores crimes conhecidos contra a Humanidade, não se segue que tudo aquilo que defendeu ou em que acreditava era moralmente errado ou falso.”

Nigel Warburton, Pensar de A a Z, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2012, pp. 128-130. 

Esta falácia é muitas vezes designada por “argumentum ad Hitlerum” (ou “Reductio ad Hitlerum”), mas “falácia das más companhias” é um nome preferível, na medida em que é mais abrangente. Com efeito, além de Hitler há muitas outras más companhias a que se pode apelar para desacreditar um argumento ou ideia. 
Em Portugal, por exemplo, esse apelo ocorre por vezes com Salazar. 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

O argumento cético da regressão infinita da justificação: sabemos realmente que “Portugal situa-se na Europa”?


«O ceticismo, na sua versão mais extrema, é a ideia de que o conhecimento não é possível (…), pois as crenças das pessoas podem não estar justificadas. 
Como prova o cético esta ideia? É possível defendê-la apelando, por exemplo, aos erros e ilusões dos sentidos ou às limitações da memória e da razão. Mas também é possível defendê-la com um argumento mais geral que vise mostrar que nunca podemos justificar as nossas crenças e, portanto, que é sempre possível que estejamos enganados acerca delas.
Para vermos como, pensemos numa qualquer afirmação de cuja verdade julguemos estar absolutamente certos, como, por exemplo, que “A Lua é o único satélite natural da Terra”, ou que “Portugal situa-se na Europa”. A questão crucial é esta: que justificação temos para estarmos certos da sua verdade? Temos de ter uma justificação, claro. Caso contrário essas crenças não constituem conhecimento. Podemos justificar as nossas crenças dizendo, por exemplo, que as aprendemos na escola com os nossos professores de Geografia ou de Ciências da Natureza, que, dada a sua formação, são especialistas no assunto. O que fizemos, deste modo, foi justificar uma crença com outra crença. Mas isto, como é óbvio, levanta uma outra questão: que justificação temos para esta nova crença? Esta crença está, afinal de contas, numa posição similar à primeira. Se essa precisa de uma justificação, porque sem ela não constitui conhecimento, o mesmo se passa com esta. E, evidentemente, se esta não constitui conhecimento, também não pode justificar a primeira. Uma forma de justificar esta segunda crença é, claro, recorrer a uma outra da qual ela possa derivar. É fácil ver, no entanto, que o mesmo problema se colocará em relação a essa nova crença. Também ela precisará de uma justificação. Cada afirmação precisa de uma justificação e a justificação de uma nova justificação, numa regressão sem fim. Desse modo, parece, nem a primeira nem qualquer das outras crenças está justificada.»

Álvaro Nunes, “O problema do ceticismo”, Revista Crítica - https://criticanarede.com/anunesoproblemadoceticismo.html (adaptado). 

Imagem: desenho do filósofo cético Pirro (c. 360 a.C - 270 a.C.).