«Segundo o subjetivismo moral, na ética só há opiniões pessoais e não verdades universais; cada um tem a sua “verdade”. Para os subjetivistas, os juízos morais descrevem apenas os nossos sentimentos de aprovação ou reprovação acerca do das pessoas e daquilo que elas fazem. O certo e o errado dependem, portanto, dos sentimentos de cada um. Assim, quando afirmamos que uma acção é errada estamos apenas a dizer que temos sentimentos negativos em relação a ela.»
Aires Almeida e outros, Arte de Pensar – 10º ano, vol. 1, Didática Editora, Lisboa, 2007, pág. 106.
Assim, um juízo moral é verdadeiro se estiver de acordo com os sentimentos de uma pessoa. Só é falso se não estiver de acordo com esses sentimentos.
Ou seja: dizer “X é correto” significa “gosto de X” ou “aprovo X”; dizer “Y é incorreto” significa “não gosto de Y” ou “desaprovo Y”.
Um exemplo.
Se a Maria Felismina sente repulsa pelo sofrimento dos animais, dirá: “fazer sofrer os animais é moralmente errado” e, para ela, esse juízo é verdadeiro. Se a Leopoldina não sente essa repulsa nem outro sentimento negativo e pelo contrário gosta de caçar e de usar casacos de peles, dirá “fazer sofrer os animais não é moralmente errado” e, para ela, esse juízo é verdadeiro.
Segundo o subjetivismo moral, têm ambas razão – cada uma delas tem a sua verdade. O juízo de uma não vale mais que o juízo da outra. Trata-se de duas perspetivas igualmente “válidas” sobre o assunto. Nos temas éticos não há lugar para uma verdade objetiva e universal, face à qual se pudesse dizer que o juízo contrário é falso.
Fazer sofrer os animais não é mau ou bom em si mesmo. Nada é bom ou mau em si mesmo, mas apenas em relação aos sentimentos de uma certa pessoa. E, como os sentimentos são subjetivos e variam imenso de pessoa para pessoa, uma mesma ação pode ser má para uma pessoa e boa para outra. E, como foi dito, ambas têm razão.
Essa maneira de pensar é defendida por algumas pessoas, porque parece favorecer a liberdade de cada pessoa, ao sustentar que ninguém deve impor aos outros as suas convicções morais; e porque parece promover a tolerância entre pessoas com convicções morais diferentes. Contudo, podem levantar-se contra ela várias objeções muito fortes. Quais?
Leituras:
Aires Almeida e outros, Arte de Pensar – 10º ano, vol. 1, Didática Editora, Lisboa, 2007.
Harry Gensler, “Ética e subjetivismo” – Crítica, Revista de Filosofia: http://criticanarede.com/fil_subjectivismo.html