Medine Memi, uma rapariga turca de 16 anos, foi enterrada viva pelo pai e pelo avô. Tratou-se de um castigo para o facto de ser amiga de alguns rapazes. Segundo esses familiares, tal amizade constituía uma desonra para ela e para a família, pelo que merecia a morte.
Segundo o jornal i, «os chamados ‘crimes de honra’ continuam a causar cerca de 300 mortes por ano na Turquia, apesar dos esforços do governo turco e de inúmeras associações de defesa dos direitos humanos. Em 2004, pressionado pela União Europeia, o governo acabou por alterar o código penal do país retirando o artigo que reconhecia atenuantes nos crimes de honra».
Apesar da oposição do governo turco e das campanhas promovidas pelas associações de defesa dos direitos humanos, essa prática é aceite por largos sectores da população. Trata-se de uma tradição. Presumivelmente, a sua aceitação não é ainda maior devido à acção do governo e dessas associações.
Segundo o relativismo moral cultural, o bem moral é aquilo que a maioria das pessoas de uma sociedade considera correcto. O que é considerado correcto numa sociedade pode ser considerado errado noutra sociedade. Não existe nenhum critério objectivo e universal para determinar quem tem razão. Por isso, as pessoas de cada uma dessas sociedades devem viver de acordo com os costumes da sua sociedade e agir do modo que lá se considera correcto e abster-se de criticar os costumes da outra sociedade. Se o fizerem estarão a ser arrogantes e intolerantes. Estarão a ser etnocêntricas. (Ler mais acerca dessa teoria aqui.)
Assim, se essa teoria for verdadeira não devemos criticar o pai e o avô de Medine Memi. Mais: os políticos turcos e os membros de associações de defesa dos direitos humanos que têm desenvolvido diversas acções para convencer as pessoas de que os “crimes de honra” são errados terão dado mostras de intolerância.
Mas essa teoria será realmente verdadeira? O bem moral será realmente identificável às tradições maioritárias de uma certa sociedade? Criticar os costumes tradicionais de uma sociedade será necessariamente um acto intolerante?
Há várias razões para pensar que a resposta a essas perguntas é “não”.
Na imagem, o buraco onde Medine Memi foi enterrada viva.
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