«Desde aquela noite em que fomos para a cama pela primeira vez, oito anos atrás, nunca mais tive um momento de paz porque, quer ela percebesse quer não, a partir daí eu fui só fraqueza e preocupação, porque nunca consegui perceber se a solução era vê-la mais ou vê-la menos, ou não a ver sequer, desistir dela – fazer o impensável e, aos sessenta e dois anos, desistir voluntariamente de uma esplendorosa rapariga de vinte e quatro anos que me dizia centenas de vezes “Adoro-te”, mas nunca, nem mesmo hipocritamente, “desejo-te, quero-te tanto (…)”.
Consuela não era assim. No entanto, era por isso que o medo de a perder para alguém nunca me abandonava, era por isso que a tinha sempre no pensamento, era por isso que, com ela ou afastado dela, nunca me sentia seguro a seu respeito.»
Philip Roth, O Animal Moribundo, Dom Quixote, Lisboa, 2006, pág. 28.
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