«- …Pode-se sempre correr as persianas da consciência. Nunca sabemos ao certo o que outra pessoa está realmente a pensar. Mesmo que decida contar-nos, nunca podemos saber se está a dizer-nos a verdade, ou a verdade toda. E, pelo mesmo raciocínio, ninguém pode conhecer os nossos pensamentos como nós os conhecemos.
- E provavelmente ainda bem. A vida social seria bem mais difícil de outra forma.
Exatamente. Imagine como teria sido a festa dos Richmonds se toda a gente tivesse aqueles balões por cima das cabeças, como na banda desenhada para crianças, com Pensamentos… dentro delas. - Ao dizer isto, ele crava os olhos em Helen, como se a especular sobre os pensamentos dela nesse momento.
Ela cora ligeiramente. – Suponho que é por isso que as pessoas leem romances – diz ela. Para descobrir o que se passa nas cabeças de outras pessoas.
- Mas tudo aquilo que descobrem realmente é o que se passou na cabeça do escritor.»
David Lodge, Pensamentos secretos, Edições Asa, Porto, 2002, pág. 52.
Pode ler outro interessante excerto do romance aqui, e uma boa crítica (de Desidério Murcho) aqui.
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