Bertold Brecht, dramaturgo alemão (1898-1956). Para saber mais, ver aqui.
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
Bertold Brecht
Ando a ler alguns dos poemas de Brecht. Embora a exortação inicial deste poema - a recusa do ponto de vista do senso comum e o apelo à crítica - seja uma ideia difícil de recusar, o pressuposto de que no domínio social e político "nada deve parecer impossível de mudar" é bastante mais problemático. A crença nos benefícios das mudanças políticas (baseadas em ideias que se aceitam acriticamente como verdadeiras, sem discutir) pode conduzir a que não se olhem aos meios para conseguir alcançar este fim desejável. Contudo, certas revoluções, realizadas em nome de grandes ideais libertadores, não constituirão na realidade novas formas de opressão, onde apenas mudaram os opressores? Vejam-se os factos ocorridos na antiga União Soviética durante o regime comunista.
Por outro lado, mesmo em democracia, há situações que se repetem em épocas históricas diferentes e que parecem ser quase impossíveis de mudar. Por exemplo, em Portugal, a desresponsabilização de alguns políticos que, ao "esquecerem" o bem comum em nome do qual deveriam governar, lesaram os interesses do país.
Portanto, creio que Brecht não tem razão.
1 comentário:
...nada deve parecer natural...., não concordo com este sentir,,,,
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