quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tipos de eutanásia

«Há dois tipos básicos de eutanásia: activa e passiva. A primeira consiste em tomar medidas activas que causem a morte. A segunda consiste em abster-se de usar os meios e oportunidades que impedem a morte. Esta distinção básica não é suficiente; como se verá a seguir, terá de ser enriquecida para dar conta de todos os casos possíveis de eutanásia. Assim, quando se mata activamente a pedido do paciente, estamos perante a prática de eutanásia activa voluntária; quando se mata activamente um paciente que caiu em coma irreversível ou se encontra em estado vegetativo persiste, e o paciente não teve a oportunidade de exprimir esse desejo, estamos perante a prática de eutanásia activa não-voluntária; quando se mata activamente um paciente que exprimiu o desejo contrário, ainda que para seu benefício, estamos perante a prática de eutanásia activa involuntária.

A estes três tipos de eutanásia activa correspondem igualmente três tipos de eutanásia passiva. Deixar morrer alguém a seu pedido é um caso de eutanásia passiva voluntária; deixar morrer alguém que não teve a oportunidade de exprimir esse desejo, dado encontrar-se em coma irreversível ou em estado vegetativo persistente, é um caso de eutanásia passiva não voluntária; deixar morrer alguém contra o seu desejo expresso, ainda que para seu benefício, é um caso de eutanásia passiva involuntária.

São então seis os tipos de eutanásia:

  1. Eutanásia activa voluntária
  2. Eutanásia activa não voluntária
  3. Eutanásia activa involuntária
  4. Eutanásia passiva voluntária
  5. Eutanásia passiva não voluntária
  6. Eutanásia passiva involuntária

Ter em mente os casos possíveis de eutanásia é essencial. Não é possível um debate claro e rigoroso do problema ético da eutanásia quando não se esclarece, à partida, que tipo de eutanásia se discute.»

Faustino Vaz, “O problema ético da eutanásia”, Crítica: Revista de Filosofia.

Deve também distinguir-se a eutanásia do suicídio assistido: neste, embora exista a ajuda de outra pessoa, o acto final é realizado pelo próprio paciente.

2 comentários:

Sara disse...

Muito esclarecedor.
Obrigada.

Sara Raposo disse...

Sara:
Não tem que agradecer. A leitura do artigo todo pode ser ainda mais esclarecedora e interessante.
Cumprimentos.