(Fotografia encontrada na Internet, sem indicação do autor)
No primeiro dia de aulas deste ano lectivo, alguns dos meus alunos do 10º ano perguntaram-me se iríamos estudar a alegoria da caverna de Platão. Explicaram-me, então, que outros colegas (agora no 11º ano) lhes haviam falado das ideias defendidas nesse texto e isso lhes tinha parecido muito interessante.
Esta atitude, não muito vulgar em alunos do 10º ano, fez-me pensar que a motivação e a curiosidade suscitadas se deveram, talvez, à clareza das explicações e ao entusiasmo com que foram apresentadas pelos seus colegas do 11º.
Decidi, na altura, que antes de iniciar o estudo do texto de Platão (que será na próxima semana) solicitaria aos alunos - actualmente no 11º ano - a colaboração para explicarem aos colegas, de uma forma simples e motivadora, quais os problemas filosóficos abordados por Platão na alegoria da caverna e se podemos ganhar algo com a reflexão e discussão acerca deles.
Fica o desafio.
Para o aceitar não é necessário ser atrevido, basta pensar! E depois escrever um comentário aqui no Dúvida Metódica, neste post.
Nota: Podem escrever o comentário no Word e depois copiar e colar na caixa de comentários.
7 comentários:
A “Alegoria da Caverna” de Platão baseia-se na analogia entre o conhecimento (opinião, ilusão, etc) e a luz. Numa caverna estão dois homens (acorrentados, de costas para um muro e obrigados, então, a olhar para o fundo dessa caverna) que nasceram e cresceram ali. Na entrada da caverna existem outros dois homens que mantêm uma fogueira acesa. Os prisioneiros vão ver, portanto, as sombras dos outros homens projectadas na parede do fundo da gruta e, como nunca viram mais nada a não ser sombras, acham que essas sombras são a realidade. Obviamente que nós sabemos que as sombras são apenas uma zona escura, criada devido a um obstáculo na presença de luz. Por isso, podemos rapidamente associar essas sombras à ilusão ou ausência de conhecimento. Um dos prisioneiros, apesar do seu companheiro achar ridículo, decide abandonar a caverna. Durante todo o seu percurso esse homem depara-se com obstáculos que tem de superar. Quando finalmente sai da caverna depara-se com outra realidade, a verdadeira. Posto isto, podemos fazer uma analogia entre o prisioneiro que ficou na caverna e a maioria das pessoas, que acreditam sem questionar. O prisioneiro que se libertou quis ter a certeza do que era a realidade, abandonando a caverna. Se pensarmos, podemos relacionar este acto com o de adoptar uma atitude crítica, isto é, questionar-se, deixando a maioria que se segue pela mesma crença, acreditando na nossa própria crença. O conhecimento é a luz. Se vivermos na escuridão, então nunca teremos uma atitude crítica ou um argumento formulado por nós mesmos. O indivíduo X diz que sim. O indivíduo Y diz que sim porque o X o disse. Mas o indivíduo Z diz que não. X e Z têm uma atitude crítica, mas Y não tem, porquê? Porque não foi capaz de pensar por si mesmo, acabando por defender uma posição que poderá ou não corresponder às suas ideias. Mas hoje em dia, as pessoas aborrecem-se de tudo, até de pensar. E então é preferível, para elas, concordar com a maioria, porque se calhar é a maioria que está certa. Mas é por existirem maiorias que as pessoas já nem se preocupam em pensar. E é sempre preciso ideias contrárias, não só para contrariar, mas para questionar, o que faz com que uma sociedade evolua. Cada um decide se ganha ou não com esta reflexão, não esquecendo que nunca se perde quando se adopta uma atitude crítica.
De um modo muito sucinto, na “Alegoria da Caverna” é descrita a história de alguns homens que se encontram acorrentados dentro de uma caverna, desde sempre. Tudo o que conseguem ver é sombras, e por isso mesmo julgam que estas são a realidade. Um dos prisioneiros consegue libertar-se, indo em direcção à entrada da caverna. Magoado pela luz, tenta acostumar-se a ela, entendendo por fim o que é na verdade a realidade. Quando regressa à caverna, não é bem aceite pelos outros prisioneiros, que o tentam matar quando o prisioneiro que se havia soltado os tentar soltar também.
A alegoria é um recurso estilístico que consiste numa representação tal que transmite um outro siginificado em adição ao significado literal do texto. Analisando agora esta Alegoria escrita por Platão, podemos entender que os prisioneiros representam uma sociedade que tem por base uma atitude dogmática (atitude não crítica). As sombras, por outro lado, representam as crenças que julgamos inquestionáveis. Por esta razão os prisioneiros julgavam-nas a realidade. O prisioneiro parte então em busca do conhecimento e da realidade, representando portanto a atitude filosófica, que tem como objectivo maior a obtenção do conhecimento verdadeiro, através de uma justificação e argumentação de um modo racional. Tal como acontece na Alegoria, aqueles que possuem uma atitude dogmática não se sentem à vontade quando alguém os tenta chamar à razão.
Tentando não desvendar muito mais, na Alegoria da Caverna são colocadas questões filosóficas relativas ao conhecimento (Devemos seguir apenas a opinião da maioria sem nos questionarmos?), à metafísica (Tinha o prisioneiro obrigação moral de regressar à caverna e dizer aos prisioneiros que estão iludidos?), entre outros. Este texto faz-nos portanto pensar na atitude que queremos ter: se queremos ter uma atitude crítica, em que não nos deixamos levar pela opinião da maioria e pensamos pela nossa cabeça, argumentando e justificando de um modo racional, ou se queremos ter uma atitude dogmática, não utilizando o raciocínio e deixando-nos levar pelas ideias partilhadas pela maioria?
A escolha somos nós que a fazemos e esta Alegoria ajuda bastante nessa questão, dado que nos dá a conhecer as vantagens e as desvantagens dos dois pontos de vista distintos.
Joana Teixeira
Nº17
11ºC
A Alegoria da Caverna conta uma história hipotética de pessoas que passam a vida como prisioneiras, presas por correntes, numa caverna. Não se vêem umas às outras nem o mundo exterior, estão viradas de costas para a entrada, vendo apenas as sombras do mundo exterior projectadas nas paredes da caverna. Até que uma dessas pessoas se questionou do que haveria fora daquele sítio, e com este pensamento libertou-se da sua corrente e caminhou em direcção à luz (conhecimento). Voltou, maravilhado, para contar aos restantes prisioneiros tudo o que vira, prisioneiros estes que o gozaram e não acreditaram na sua palavra.
Foi esta a forma de Platão nos representar, humanos. De nos mostrar que temos poder de escolha entre a ignorância e a sabedoria. Utilizando a caverna como o mundo de aparências em que vivemos, as correntes como os nossos preconceitos, conhecimentos que não questionam, e a “chave” para a libertação destas como a Filosofia.
Provou-nos assim que os conhecimentos que obtemos através dos sentidos são menos importantes dos que obtemos pelo conhecimento e razão. Demonstrou-nos também que para não cairmos na ignorância basta ter uma atitude crítica.
Concluimos então que ter conhecimento é ser livre!
A ''Alegoria da Caverna'' de Platão é de certo modo uma comparação a nós, humanos. Não vou revelar as relações das metáforas, porque assim faço o trabalho todo ^^ .
Imaginemos uma caverna subterrânea onde dois homens estão aprisionados. As suas pernas e os seus pescoços estão acorrentados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo sítio e a olhar apenas para a frente. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo a que se possa, na semi-obscuridade, ver o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguido um muro, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetas. Ao longo desse muro/palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros vêem na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como nunca viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que vêem porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que existe na caverna.
Que aconteceria, pergunta Platão, se alguém libertasse um dos prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, o muro, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando-se com o caminho ascendente, por ele seguiria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira no mundo verdadeiro é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, veria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projectadas no fundo da caverna) e que somente agora está a contemplar a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os outros prisioneiros tentariam ridicularizá-lo, não acreditariam nas suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com as suas descobertas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, não se sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.
É deveras interessante, convém apontar todos os significados para depois ser mais fácil decifra-lo XDD
Sara de Carvalho
11ºB
Nº23
A alegoria da caverna de platão é uma crítica á sociadade,por as pessoas não expressarem a sua opinião e por não terem livre arbitrio.
Todos os colegas já apresentaram a "Alegoria da Caverna" nao indo eu referir novamente a história.
Na alegoria existem os prisioneiros a qual podemos comparar com pessoas que vivem nas "sombras", que nao aceitam nem pretendem ou querem ver a realidade, ou seja, vivem na mentira.
As correntes tambem apresentadas na historia significa que eles estao presos nos seus pensamentes e tambem a falta de educação.
Eles apenas conseguem olhar em frente o que significa que estas pessoas estao presas nas suas crenças e apenas creem no que querem, não querendo ver a realidade para terem novos objectivos ou adquirirem novos conhecimentos.
Eles estando presos desde a sua infância numa falsa realidade não tendo a capacidade para distinguir a realidade do erro, acreditando cada vez mais nessa falsa realidade.
Em certa parte da alegoria, um dos prisioneiros quis ver alem das sombras, quis ver o que estava alem daquilo pois as sombras eram algo abstracto, algo que nao era precisamente real.
Ele libertando.se e caminhando para a luz (vendo o caminho da realidade e da verdade) volta para a caverna onde conta tudo o que viu aos outros prisioneiros, onde eles ridicularizam o prisioneiro agora livre e reajem severamente mal, pois passado tanto tempo fixos na mesma ideia, aquela ja era a sua realidade (as sombras eram a realidade dos prisioneiros).
ps. Os motivos que levam ao prisioneiro a voltar á caverna, é a tristeza e as lembranças de que os outros prisioneiros ainda estavam presos a algo que não era a realidade.
Platão diz que para vermos a realidade, temos que ter vontade para querer, e dizendo tambem que nós ainda não temos a educação suficiente para chegarmos á "realidade" mas que se acreditarmos e quizermos, chegamos lá.
"A Alegoria da Caverna" tambem fala muito do livre-arbitrio, pois temos duas vertentes ao qual podemos escolher: a verdade (luz) ou a mentira (sombras). podemos escolher entre aprender e evoluir ou vivermos exilados da realidade vendo apenas a nossa "realidade".
Caros alunos:
À parte de alguns pormenores menos rigorosos (por exemplo: os prisioneiros não eram dois), julgo que cada um de vós acabou por referir algumas das ideias fundamentais presentes na alegoria da caverna.
O que eu mais gostei no que todos vocês escreveram foi o facto de transparecer no vosso discurso uma valorização (parece-me que genuína) do pensamento próprio. E, sobretudo, o facto de procurarem relacionar algumas das ideias da alegoria com a vossa experiência.
É verdade que alguns foram mais persuasivos que outros, mas penso que, pelo empenho, estão todos de parabéns.
Espero que mantenham a saudável inquietação filosófica que manifestam nas aulas e possam também exercitá-la mais vezes aqui no blogue a propósito de outras questões.
Não se esqueçam, citando uma frase do comentário efectuado pela vossa colega Cristina Soares, “Ter conhecimento é ser livre”.
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