quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um livro para quem se interessa por medicina e seres humanos

Confissões de uma cirurgiã de Gabriel Weston 

Sugeri à minha aluna Ana Marta Nunes (do 11º ano, turma C) a leitura deste livro. Ela escreveu um texto onde apresenta várias razões para, também nós, lermos esta obra. Ei-lo:

Durante estas férias de Natal, tive a oportunidade de ler Confissões de uma cirurgiã, escrito por Gabriel Weston. Agradeço à professora Sara Raposo por esta sugestão de leitura e relato aqui a experiência que foi ler este livro.

Apesar de apreciar o tema, esta obra não se enquadra no tipo de leitura que normalmente prefiro. Como tal, devido ao carácter pseudo-biográfico do livro, posso dizer que estava, no início, um pouco receosa de não vir a ter prazer em lê-lo. Felizmente, aconteceu o contrário.

O livro é, segundo a própria autora, um misto de ficção e realidade, as personagens são fictícias mas inspiram-se em situações reais vividas pela Dr.ª Weston. É um relato, feito na primeira pessoa, de experiências marcantes vividas pela autora. Está escrito de uma forma surpreendentemente envolvente. Cada um dos catorze capítulos, que pode conter mais do que uma história, contribui para a construção de uma reflexão sobre um determinado tema (por exemplo: Sexo; Morte; Beleza; Hierarquia; Ajuda e Aparências). Estas reflexões demonstram o impacto que as situações descritas tiveram na vida e na forma de pensar da autora, assim como nas suas opções profissionais.

Mas o aspecto que talvez considere o mais interessante no livro, é a forma como retrata o mundo da medicina, em particular da cirurgia. Ao longo da leitura, podemos saltar entre a perspectiva de Gabriel Weston como estudante de Medicina, como estagiária, interna de primeiro ano e também numa fase um pouco mais avançada da sua carreira. Apesar de visto pela mesma pessoa, esse mundo parece-nos diferente a cada capítulo desta narrativa não-linear, o que talvez se prenda com as experiências relatadas; estas foram, algumas vezes, pontos de viragem na forma de pensar da autora. No entanto, em qualquer uma destas diferentes perspectivas, transparece o realismo das situações retratadas.

O livro não tenta convencer ninguém a tornar-se cirurgião. Pelo contrário, acredito que muitos possam perceber, ao lê-lo, que esta não é a sua profissão ideal. As histórias clínicas dos doentes nem sempre terminam da melhor maneira. Aliás, nem sempre terminam sequer, visto que muitas vezes não é o mesmo médico que continua a acompanhar um doente. Na descrição do trabalho dos médicos existe um equilíbrio entre experiências gratificantes e desconcertantes com, creio eu, a balança a pender para esta última categoria. A autora foi capaz de transmitir, com clareza, os seus conflitos emocionais provocados, por exemplo, pelos primeiros contactos com a morte, pela por vezes necessária supressão de sentimentos, pelo dilema entre fazer o melhor para o doente ou o melhor para a carreira e, por último, pela indecisão entre privilegiar a sua vida profissional ou privada.

Além do tema principal incidir na cirurgia, podemos considerar como um tema secundário do livro, a luta de uma mulher para progredir na carreira no seio de uma profissão, já de si competitiva, que é ainda hoje dominada pelos homens.

Pessoalmente, fiquei surpreendida com os mais diversos aspectos da cirurgia, pois  tinha desta área da medicina uma imagem completamente diferente. Posso dizer que este livro me deu uma visão mais realista e que é, em muitos aspectos, completamente diferente da que nos entra todos os dias por via da caixinha mágica nas séries televisivas como o Doutor House ou a Anatomia de Grey. Mesmo os factos relatados de forma semelhante ao que eu imaginara foram capazes de me impressionar, nomeadamente a dureza emocional requerida em certas situações e o facto da formação de um médico exigir um longo período de tempo, que vai muito para além dos anos de estudo e do estágio. Para além disso, adquiri alguns conhecimentos (ainda que poucos) de índole científica.

No final, cheguei à conclusão que este livro foi indubitavelmente merecedor do meu tempo. Esta é uma leitura que recomendo a qualquer pessoa que esteja interessada neste tema. Apesar do ocasional recurso a uma gíria hospitalar, o livro é bastante acessível, utilizando um vocabulário e um discurso claro, objectivo e de fácil compreensão. Para quem queira saber mais acerca do mundo da medicina, esta é uma leitura envolvente e esclarecedora. Imagino que mesmo para outros, que não se interessem por medicina, esta possa ser uma leitura agradável, embora não possa apelar à minha experiência para o afirmar.

Ana Nunes, 11ºC

6 comentários:

Anónimo disse...

A empresa espanhola que vende as pulseiras do equilíbrio, que se tornaram uma praga no Verão passado, foi multada em 15 mil euros pela Junta da Andaluzia por «publicidade enganosa».
De acordo com o El Mundo online, uma associação de consumidores espanhola denunciou a empresa à justiça por enganar os compradores com promessas que depois o produto não cumpre. Consideram que as propriedades «quase milagrosas» que se atribuem à pulseira são fraudulentas.

Desde 2009 que já se venderam 350 mil pulseiras em Espanha - onde custam 35 euros -, mas vários estudos científicos provam que não resulta. A investigação mais recente, levada a cabo pela Universidade Politécnica de Madrid, provou que «não têm nenhum resultado sobre o equilíbrio do corpo».

A empresa Power Balance España, arrecadou cerca de 10 milhões de euros em vendas depois de desportistas como Cristiano Ronaldo e Shaquille O'neal e celebridades como Bibá Pitta terem lançado a moda a que aderiram milhares de pessoas.

SOL

Pedro Ricardo Tordo disse...

Gostei muito desse livro, apesar de não me interessar muito por medicina e cada vez menos me interessar por seres humanos.

Fiquei impressionado com a qualidade do comentário! É notável em si mesmo, mas se pensarmos que se trata de uma aluna do 11º ano mais notável se torna.

Sara Raposo disse...

Pedro:

Também li o livro e considero-o excelente. Quanto à sua apreciação do texto escrito pela Ana, também concordo consigo.
Cumprimentos.

Kynismós! disse...

Bravo!

Kynismós! disse...

Bravo!

goncalo disse...

Adorei! Vocabulário muito rico!