sábado, 8 de maio de 2010

Strange fruit: o racismo não é estranho, é imoral

Fotografia de Thomas Shipp and Abram SmithA fotografia retrata o linchamento de Thomas Shipp e Abram Smith, dois cidadãos americanos negros, em 1930. Este tipo de acções ocorriam especialmente no sul do Estados Unidos, mas também noutras regiões do país.

Abel Meeropol (cujo pseudónimo é Lewis Allen) foi um professor de Inglês judeu e ensinou numa escola de Nova Iorque. Depois de ver a fotografia, que se encontra neste post, escreveu um poema chamado “Strange Fruit”, onde exprime a injustiça e a brutalidade a que os americanos de origem africana estavam sujeitos.

Em 1939, Billie Holiday cantou pela primeira vez, num clube nocturno, o poema. Esta canção transformou-se num símbolo da rejeição do racismo.

A fotografia, o poema e a canção permitem-nos perceber melhor as razões que levaram Luther King (1929-1968) a defender, ainda que o seu país fosse uma democracia, a necessidade de utilizar a desobediência civil (que por definição é um mecanismo ilegal) para combater a discriminação contra os cidadãos negros, legalmente instituída nos Estados Unidos. A ideia subjacente à desobediência civil é que, quando determinadas  leis são imorais, é legítimo desobedecer-lhes de forma pacífica.

E de facto há muitas razões para considerar que o racismo é moralmente errado.

 

Strange Fruit

(escrito por Lewis Allen e Sonny White )


Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black bodies swinging in the southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the gallant south,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolias, sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh.

Here is fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop.

4 comentários:

Sergio disse...

Olá Sara!

Concordo plenamente!

É imoral sim, porque raça existe apenas uma... a Humana.
Pode mudar a cor da pele, mas o sangue que corre em nossas veias é todo da mesma cor...

Saludos

Sergio.

Anónimo disse...

Bem pensado, cara Sara.
Conheço várias versões da canção, mas esta é particularmente boa!

João Silva

Sara Raposo disse...

Serpai:
Penso que em teoria a maioria das pessoas tende a concordar com a ideia que defende: todos os seres humanos são iguais, independentemente da etnia a que pertencem.
Como podemos facilmente constatar, em termos sociais e políticos, as leis podem dizer isso, mas tal não impede que continuem a existir diferentes formas de discriminação. Por exemplo: em Portugal existe um grande número de pessoas das colónias africanas e contam-se pelos dedos aqueles que exercem cargos políticos ou cargos de topo. Porque será?
Julgo que haverá muitos factores que explicam este facto, mas creio que alguns deles se relacionam com mecanismos de discriminação, que não são socialmente assumidos, tal como acontece também em relação às mulheres. Assim, em termos profissionais o facto de se ser negro ou mulher, por exemplo, independentemente dos méritos académicos pode fazer com que se esteja em desvantagem. Não estou a dizer que acontece sempre, mas muitas vezes: alguns estudos realizados na área da Sociologia e mesmo da Psicologia apresentam dados que o confirmam.
Cumprimentos.

Sara Raposo disse...

João:
Também gosto particularmente desta versão.
Obrigado pelo seu comentário.
Cumprimentos.