sábado, 19 de junho de 2010

Lazer

eduardo-gageiro-cais-das-colunas

«(…) lazer é licença, liberdade - especificamente, é estar livre de trabalhos e de deveres, permitindo que se fique à vontade, que se contemple o prazer, que se deixe de lado obrigações e regras (…).

Esta concepção do lazer é agora dominante. Atribui-se-lhe um contraste directo com o trabalho - e a implicação indirecta é que se trata de algo muito mais desejável do que o trabalho (…).

E, contudo, o lazer só poderia ser melhor do que o trabalho (à parte do trabalho especialmente doloroso e excessivo) se também constituísse uma vida de actividade, pois a mera ociosidade, após algum tempo, torna-se opressiva. “A ausência de ocupação não é descanso: um espírito completamente desocupado é um espírito angustiado”, escreveu William Cowper, agitando o dedo mas dizendo a verdade. A excelente máxima de Aristóteles acerca do bom uso do lazer interpreta-o como uma oportunidade para desfrutar daquilo que nos faz prosperar: cultivar as artes, a reflexão, a promoção do conhecimento, o aprofundamento das amizades, a procura da excelência (…).

(…) Visto desta forma, o lazer não é o oposto do trabalho; é - como Mark Twain e Aristóteles sugeriram - algo melhor: a oportunidade de trabalhar para fins mais elevados.» 

  A. C. Grayling, O significado das coisas, Lisboa, 2002, Edições Gradiva, pp. 205-207.

Aqui fica a sugestão para ocupar o tempo de lazer, que já existe para alguns e para outros se aproxima.

1 comentário:

jrd disse...

Com este clima e praias desde Caminha a Vila Real de Santo António, o trabalho em Portugal é mesmo 'trabalho forçado' de Abril até Outubro.
Salvo se o tempo for aplicado no doce trabalho do lazer.