A professora Helena Damião, da Universidade de Coimbra, deu uma entrevista ao Diário de Notícias, onde fala das alterações que irão ser introduzidas, no próximo ano, na avaliação dos alunos do primeiro ciclo. Refere-se também aos exames nacionais, nomeadamente às vantagens e desvantagens da sua aplicação. Há nas suas palavras uma sensatez e um realismo que não é frequente encontrar nos discursos sobre pedagogia em Portugal.
A entrevista pode ser lida na íntegra aqui. Para perceberem como algumas das afirmações de Helena Damião são certeiras e valem a pena ser lidas, transcrevo algumas passagens:
«De facto, para testar a aprendizagem conseguida, em certas circunstâncias é vantajoso que não sejam os professores das turmas, das escolas e dos sistemas educativos a fazerem e corrigirem as provas de avaliação, e isto porque estão demasiadamente próximos do contexto para não se deixarem influenciar por ele.
(…) esta preocupação de prestação de contas, tanto “dentro como fora de portas”, que podemos e devemos questionar, não me parece incompatível com a preocupação de melhorar a aprendizagem, desde que esta preocupação não se subjugue àquela. São preocupações distintas, ainda que em determinados momentos se cruzem.
(…) Enquanto a avaliação formativa faculta informação frequente sobre as aquisições académicas de cada aluno com o objetivo de verificar se coincidem com o que se planificou, tendo uma função de suporte à aprendizagem; a avaliação sumativa faculta informação pontual sobre as aquisições académicas de cada aluno com o objetivo de o situar numa escala de pontos, com o propósito de, como agora se diz, “prestação de contas”. Cada uma destas modalidades requer os seus instrumentos, estratégias e momentos, que não se podem misturar nem confundir.
(…) As reprovações, que no nosso sistema educativo têm uma expressão elevada, são algo que não desejamos que aconteça. Mas, sendo um problema, eventualmente maior do que supomos, temos de o enfrentar e em diversas frentes: uma delas é proporcionar orientações claras aos professores, derivadas de conhecimento válido que se tem sobre a aprendizagem; outra é convocar os professores para o ensino, libertando-os de tarefas paralelas que lhes ocupam tempo e lhes consomem a energia; outra é diferenciar o ensino em função da evolução dos alunos na aprendizagem e pugnar para que cheguem a patamares desejáveis.»
Ainda a propósito desta entrevista e dos exames, vale também a pena ler as considerações que Desidério Murcho escreveu aqui.
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